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Moradores reclamam de obras na avenida Augusto Montenegro

Pedestres e ciclistas reclamam de qualidade da obra enquanto dividem o mesmo espaço com carros e motos, com risco de acidentes

Dilson Pimentel

Uma obra de urbanização tem causado transtornos diários aos moradores e para quem transita pela avenida Augusto Montenegro, um dos principais corredores de tráfego de Belém. Uma parte da avenida está interditada e, por causa do fluxo intenso de veículos, e pela falta de medidas para proteger principalmente pedestres e ciclistas, é grande o risco de acidentes. Moradores também observaram que está ocorrendo apenas uma "substituição" do asfalto, manifestando, assim, uma preocupação com a qualidade do pavimento da pista.

As obras são executadas pela empresa Terraplena, que já firmou seis contratos com a Prefeitura de Belém, quatro deles por dispensa de licitação. Somados, os seis contratos chegam a quase meio bilhão de reais, no valor exato de R$ 457.078.417,17. Cinco contratos foram feitos via Secretaria de Saneamento e um com a Secretaria de Urbanismo. A obra na avenida Augusto Montenegro prevê ações de asfaltamento e urbanização entre o terminal Mangueirão e o terminal Maracacuera. O contrato com a Seurb iniciou em 28 de junho deste ano e vai até 28 de dezembro de 2024, totalizando R$179,9 milhões.

Uma parte desta obra é realizada em frente a um condomínio residencial, próximo à rua Oscarina D'arc, no km 12, no bairro Águas Negras, em Icoaraci. Há placas informando que o trecho está em obras. Naquele ponto da avenida, há um desvio. Os veículos que trafegam de Belém em direção a Icoaraci não podem continuar circulando por aquela pista. Eles fazem um desvio e continuam pela pista central, seguindo para Icoaraci. No entanto, há, também naquele mesmo ponto, um outro desvio, desta vez para os moradores da área. O resultado é que, nesse trecho da Augusto Montenegro, o trânsito fica muito complicado.

Carros particulares, vans, ônibus, ciclistas, pedestres e motociclistas dividem o mesmo espaço. Os moradores que saem da travessa Oscarina Darc precisam passar exatamente pelo trecho em obras. E, para chegar do outro lado da avenida, para seguir em direção a Belém, precisam fazer um verdadeiro malabarismo. Eles desviam dos veículos e precisam ter muito cuidado para, em segurança, chegar do outro lado da pista. Os ônibus param neste local. Os usuários descem e por causa das obras, pisam na lama, que existe por causa das obras, para que possam alcançar o outro lado da avenida. O problema é que, apesar do fluxo intenso e constante de veículos, não há faixas para pedestres e nem espaço para os ciclistas.

image Pedestres e ciclistas são alguns dos mais afetados por todo o contexto da obra (Thiago Gomes / O Liberal)

“Essa obra está nos afetando”, diz servente

O servente Raimundo Monteiro tem 62 anos e, de bicicleta, passa sempre por aquele trecho em obras. “Essa obra tá afetando a gente que anda de bicicleta. Fica difícil passar de bicicleta. É perigoso”, afirmou. Ele acrescentou que a obra está “demorando muito”. Para não sofrer acidente, Raimundo afirmou que, com cuidado, vai desviando dos carros, que passam muito perto dos ciclistas.

Em meio a essa balbúrdia no trânsito, o faxineiro Thiago Santa Brígida, 30, ajudava a avó dele, Maria Santa Brígida, 77, a atravessar a avenida. Ela levava a avó na garupa da bicicleta. “Deveria ter um sinal aqui”, disse ele. “Ou, então, uma faixa de pedestres”, completou. Thiago comentou sobre os riscos diários de acidentes. “Várias pessoas atravessam com crianças também. Como é que um idoso vai atravessar aqui? Não tem como”, disse.

Thiago afirmou que essa obra já “tem um tempinho” e que “todo dia é esse transtorno”. Ele afirmou que o jeito é esperar os carros passarem “tudinho” para que os ciclistas possam, então, fazer essa travessia para o outro lado da pista. “Porque, se não, não tem como. Fica difícil”, afirmou Thiago. As obras também são executadas do outro lado da avenida, no sentido Icoaraci-Belém. E, por causa desses serviços, a via foi encurtada, o que faz com que veículos, ônibus, vans, ciclistas, pedestres e motociclistas disputem o mesmo espaço, que é apertado. Fazer essa travessia, nessas circunstâncias, é de fato muito arriscado.

image O andamento das obras preocupa moradores da área, que reclamam de como os trabalhos estão sendo conduzidos e aparente qualidade do que está sendo feito (Thiago Gomes / O Liberal)

É preciso redobrar a atenção para chegar na outra margem da Augusto Montenegro. Mais adiante, em frente a White Martins e perto do residencial Rio D’Ouro, há outro trecho também em obras. Fica relativamente perto do Hospital Abelardo Santos. Nesse perímetro, está sendo colocado asfalto na avenida. E a pista direita, no sentido Icoaraci, está interditada. Esse trecho fica perto da rua Águas Negras, no bairro de mesmo nome.

O ciclista Adriano Santos, marceneiro de 34 anos, passa por esse trecho todo dia. “É muito difícil a travessia aqui. E não tem sinalização nenhuma pra gente”, afirmou. Ele passou pela pista central e teve que esperar até diminuir um pouco o fluxo de veículos para, em seguida, completar a passagem para a outra margem da avenida. “Tem que esperar. A maioria dos motoristas não respeita, mas isso daqui é do trânsito”, contou.

Ele lamentou, porém, não ter orientação para os ciclistas. “Não tem nenhum guarda (agente de trânsito) para sinalizar. Isso, aí, é o pior”, afirmou Adriano. “Todo cuidado é esse sufoco. E, o pior, é à noite, porque é escuro e o perigo de acontecer um acidente fatal é muito grande”, completou.

image Ciclistas como Adriano reclamam da falta de sinalização, segurança e presença de agentes de trânsito (Thiago Gomes / O Liberal)

OBRAS - A obra é realizada em etapas. Iniciou com a drenagem do trecho do terminal Maracacuera e seguirá até o terminal do Mangueirão. De acordo com o fiscal da Seurb na obra, Pedro Paulo Machado, do perímetro do bairro Tapanã ao Mangueirão 80% do serviço está finalizado, faltando apenas fazer alguns ajustes neste perímetro. A obra começou em junho de 2022 e já tem 1 km finalizado. A previsão de conclusão é para junho de 2024. A obra de reurbanização está orçada em R$ 179.907.906,21. Deste total, R$ 39.925.031,18 são do Tesouro Municipal e R$ 139.982.875,03 financiados, via FGTS, pelo programa Avançar Cidade do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Ao longo da avenida Augusto Montenegro, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), informou que realizará a arborização da via com o plantio de árvores adequadas para o local.

Em meados de outubro, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, acompanhado do secretário municipal de Urbanismo, Deivison Alves, e da equipe de secretários municipais, técnicos e engenheiros da obra, acompanhou o andamento dos serviços.

“Essa é uma grande obra da Prefeitura de Belém que vai trazer drenagem e evitar alagamentos, com pavimento de altíssima resistência, iluminação moderna, arborização para recompor o estrago de uma obra feita irresponsavelmente em governos passados, que acabaram com uma floresta de quase mil árvores plantadas no meu primeiro mandato. Aqui, nós teremos arborização de ponta a ponta, restituindo a dignidade e conforto ambiental para os moradores da Augusto Montenegro, Icoaraci e Outeiro”, destacou Deivison.

"As obras da Augusto Montenegro correspondem do terminal Maracacuera até o terminal Mangueirão, nos dois sentidos. São aproximadamente 20 Km de obra, que vai receber profunda drenagem, asfalto novo, vai ser contemplada com calçadas acessíveis, além de sinalização vertical, horizontal e turística, abrigos de ônibus e iluminação pública em LED em toda essa extensão", explicou o secretário municipal de Urbanismo. 

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