Mesmo quem já teve Covid-19 representa riscos ao sair em público sem máscara

Justificativa ‘já peguei Covid, por isso estou sem máscara’ tem se tornado comum, mas não tem fundamento

Tainá Cavalcante

Pessoas caminhando sem máscara tem se tornado uma cena cada vez mais recorrente em Belém. Apesar de não haver nenhuma determinação oficial quanto  à flexibilização - o decreto que torna obrigatório o uso da proteção ainda está em vigor - há, de forma geral, um relaxamento da população quanto ao uso de um dos principais acessórios de prevenção e combate à propagação da Covid-19. Basta um passeio rápido pela cidade para flagrar algumas dessas pessoas desrespeitando o decreto. Uma das respostas mais ouvidas para justificar a desobediência tem sido a de que o não uso se deve ao fato de que essa pessoa já foi infectada pelo vírus e agora, teoricamente, estaria imune. Especialistas como o pesquisador Dirceu Santos, entretanto, questionam o argumento.

"Em um momento de relaxamento dos cuidados e dos sistemas de controle previamente estipulados, de fato tem sido muito comum essa expressão 'fique tranquilo, não estou usando máscara, mas já tive e, portanto, não posso mais passar a doença para ninguém'. Isso, no momento em que estamos, é pelo menos um equívoco muito grande já que, de fato, nós não temos ainda todas as respostas de segurança em relação ao comportamento viral, tanto no seu sentido de resposta imunológica, quanto na sua capacidade de replicação e eventualmente de causar a doença em uma mesma pessoa pela segunda vez", aponta o professor universitário, ao reforçar que, em decorrência de tais fatores, o uso das máscaras "deve ser mantido em todas as pessoas até que nós cheguemos ao nível de imunização artificial satisfatório, o que só vai acontecer de fato com uma vacina eficaz".

image (Igor Mota / O Liberal)

Desde o Lockdown, as fiscalizações quanto ao uso de máscara também se tornaram menos rígidas na capital. Em rondas por Belém foi possível verificar alguns agentes em locais de constante aglomeração, como o centro comercial e feiras livres. Em outros pontos, entretanto, como pontos turísticos (Estação das Docas, Portal da Amazônia) e espaços comuns para a prática de exercício físico (praças, Avenida João Paulo II e Almirante Barroso nas proximidades do Bosque), apesar do alto número de pessoas sem máscara, nenhuma fiscalização foi vista. A Prefeitura de Belém e o Governo do Estado foram questionados quanto à flexibilização da fiscalização. Até a publicação dessa matéria, os órgãos não haviam retornado.

Para o pesquisador Dirceu, mesmo que haja falha nessa fiscalização, é importante entender que o uso de máscara "vai muito além de uma condição social ou simplesmente imposta pelas estruturas governamentais no sentido de proteger a população". "Ainda que a pessoa tenha tido Covid, existe uma necessidade imensa de respeitar os limites de conhecimento que nós temos em relação ao vírus e sua forma de propagação. E mesmo a nossa resposta imunológica em relação a ele. Nesse sentido, independentemente de a pessoa ter sorologia positiva ou negativa, ou seja, ainda que ela tenha uma resposta de autoproteção imunológica, há sim uma necessidade de ela continuar a usar a máscara em ambientes sociais".

image (Igor Mota / O Liberal)

Sobre os riscos do não uso, o professor elenca a contaminação por parte de quem não está usando, "ainda que essa pessoa já tenha tido Covid ou sintomaticamente manifestado a doença", já que os estudos e pesquisas quanto ao tema não estão concluídos. Ou seja, na prática, ainda não se pode afirmar, com exatidão, que uma mesma pessoa não pode ser acometida pela doença. O professor também elenca o fato de que essa pessoa, ao escolher não usar a máscara, passa a "representar um risco para todas as pessoas que estão ao entorno, o que envolve o âmbito familiar, o âmbito do trabalho".

Em sua avaliação, o comportamento ideal é que as pessoas, mesmo aquelas que já tiveram a doença, obedeçam aos protocolos de saúde. "As pessoas que já tiveram a doença devem obedecer exatamente aos mesmos protocolos que qualquer outra pessoa. Essa é a premissa que nos garante conforto no sentido de diminuir o número de casos, a replicação de doentes e, obviamente, o não comprometimento do sistema de saúde, que envolve um aparato não muito simples de ser mantido para um grande volume de pessoas como são os casos da UTI e dos respiradores", conclui.

 

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