Lixo se acumula na Bernardo Sayão e no Cordeiro de Farias

Dois locais acumulam lixo e incômodos a moradores de Belém: a avenida Bernardo Sayão e o conjunto Cordeiro de Farias, no bairro do Tapanã. São apenas dois lugares, no mapa de cerca de 300 pontos de descarte ilegal de lixo. Desde antes do Natal, já havia resíduos acumulados há muito tempo. Mas depois das festividades natalinas, as coisas pioraram e a sujeira está ainda mais acumulada. Fedor, insetos e roedores são apenas alguns dos transtornos. Se as chuvas estivessem mais fortes, o risco de alagamentos seria potencializado.

Ao longo de quase toda a avenida Bernardo Sayão, há pontos que acumulam lixo. Não há qualquer fiscalização, pontos de entrega voluntária, contêineres ou qualquer outra medida que amenize alguns locais críticos históricos. Um é bem antigo: o terreno abandonado próximo ao porto da Palha, da antiga estância A.M. Fidalgo. Moradores da área apontam que a estância encerrou as atividades há mais de 15 anos atrás. Nos últimos dois anos, o acesso indevido ao terreno — a proteção das ruínas da empresa nunca foi muito eficiente — começou. Primeiro foram pessoas em situação de rua. Depois foram pessoas jogando lixo lá.

Pouco a pouco, o terreno abandonado se tornou um lixão. Lá são jogados, diariamente, vários quilos de caroços de açaí, sacos de lixo e restos de carnes cruas e alimentos. Há pequenos lagos de chorume e o fedor pode ser sentido de longe. Urubus, ratos e insetos diversos não saíram mais de lá. E nessas condições insalubres, pessoas em situação de rua ocupam algumas das instalações arruinadas da antiga estância.

"Sou nascido e criado no bairro da Condor. Sempre teve lixão a céu aberto. Não adianta dizer que a culpa é só dos governantes porque a população também contribuiu para isso. O povo não tem um pingo de educação e joga sofá, geladeira, cama e tudo isso fica misturado com resto de comida e ainda tem os moradores em situação de rua, que vão lá revirar o lixo pra ver o que tem pra aproveitar. O prefeito até tenta manter o local limpo, mas o povo não respeita então como vamos ter uma cidade limpa? Temos uma das cidades mais sujas do país, além de ser considerada uma das mais violentas do mundo", criticou Marcos Antônio Pantoja.

No conjunto Cordeiro de Farias, o senhor Marcelo Gomes diz já não aguentar mais. Um ponto que o deixa irritado sempre é um terreno abandonado, que fica perto de uma estação de água da Cosanpa. "É uma lixarada aqui onde eu moro. Já faz uns três meses, depois que pedimos providências e nada. A cidade está só lixo e entulho. Vamos torcer pro novo prefeito amenizar isso. Mandei uma mensagem para jornalistas e no outro dia limparam. Mas já faz três meses e nada mudou definitivamente", criticou o morador da área, que tem intensa circulação de pessoas.

No Cordeiro de Farias, um terreno abandonado virou lixão a céu aberto (Marcelo Gomes / Acervo Pessoal cedido a O Liberal)

Sesan diz que lixo aumenta nas festas de final de ano e critica carrinheiros

Em nota, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou que "Os pontos são limpos regularmente. Há lixo urbano e entulho nesses locais e ainda a insistência de muitos moradores quanto ao descarte indiscriminado em via pública. Além disso, a Sesan, ainda que reforça a necessidade do respeito aos horários e dias de coleta juntos aos moradores com ações de educação ambiental".

Outro problema, diz a Sesan, é a "...atuação ilegal dos chamados "carrinheiros", pagos, em alguns casos, por moradores para transportar lixo, podas e entulho. Por conta das festas de final de ano, a Secretaria deve registrar um aumento na produção de resíduos na capital e distritos: em agosto foram coletadas 24,1 toneladas, enquanto que a projeção para o mês de dezembro é de 32,1 toneladas".