Lixo é eterno vilão da cidade
Especialistas têm sugestões de sobra pra resolver um dos problemas mais antigos de Belém

Segundo a associação Amigos de Belém, a capital produz 1.800 toneladas de resíduos por dia. Cerca de 500 mil quilos de lixo são despejados mensalmente nas ruas e canais da cidade. Tudo isso gera um gasto de dinheiro público milionário, além de prejudicar a qualidade de vida da população, já que agrava alagamentos, atrai insetos e roedores, o que é ainda, prejudicial à saúde.
Neyson Martins Mendonça, professor associado do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), ressalta que a questão do lixo tem que ser tratada com seriedade. “A gente tem que ser muito claro. As pessoas têm que ter regras”, explica. Ele comenta a necessidade de dispositivos, estabelecidos na lei municipal, que possam orientar e punir. E não precisa ser com multas em dinheiro, mas em prestação de serviços.
Outra medida apontada por ele seria a distribuição de agentes municipais para mapear e controlar a disposição dos resíduos nos bairros. Ele elenca ainda a possibilidade de fazer redes de centros comunitários e, a partir delas, um conselho responsável pela saúde de cada bairro, com diversos agentes sociais envolvidos.
"A gente poderia fazer ainda a gincana do aproveitamento do lixo", sugere. "As pessoas separavam toda a parte de plástico, toda a parte seca, e nós teríamos caminhões que fossem coletando esses materiais. Iam ser toneladas", diz ele. Mutirões recorrentes, ao menos duas vezes ao mês, para recolher materiais recicláveis, como plástico, também é alternativa apontada por ele.
Plataformas educacionais implantadas desde as séries iniciais; mecanismos que possibilitem o armazenamento e despejo dos resíduos de forma correta; programas que fomentem o recolhimento de material reciclável; uso de tecnologias. Essas são algumas outras alternativas sugeridas por Mendonça.
Reciclagem
O Pará é o estado do Brasil que menos aproveita o lixo para a reciclagem. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o estado recicla apenas 0,48% do lixo.
Ainda segundo o levantamento, Belém também está entre as capitais brasileiras que menos reciclam o lixo. Somente 0,45% dos resíduos produzidos na capital são destinados à reciclagem. Esse índice é abaixo da média nacional, que é de 3%.
"Se você falar de reciclagem em uma roda todas as pessoas concordam que é importante. Mas poucas fazem. Então, a conscientização, que é importante, já se tem. Mas a ação ainda não", explica José Almir Rodrigues Pereira, professor titular da UFPA da área de saneamento e coordenador do grupo de pesquisa Hidráulica e Saneamento (GPHS). "Então temos que trabalhar em campanhas educacionais para que a população venha de fato reciclar os resíduos".
Saúde
Já as atividades que envolvem o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde são regularizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela determina as regras nacionais que regulam o acondicionamento do lixo hospitalar dá origem ao destino final - aterramento, radiação e incineração.
As regras de descarte devem ser seguidas por hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios, instituições que exercem ações de ensino e pesquisa e outros estabelecimentos de saúde. Dentre os resíduos estão materiais biológicos contaminados com sangue ou patógenos, peças anatômicas, seringas, luvas, e outros materiais plásticos usados em procedimentos médicos. Além de substâncias tóxicas, inflamáveis e radioativas.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA