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Jornalismo e ciência: pesquisadora fala sobre as mudanças causadas pela pandemia de covid-19 sobre a comunicação

Em entrevista exclusiva ao jornal e portal O Liberal, a professora doutora Kátia Lerner, da Fiocruz, apontou que a pandemia trouxe nossos desafios para o jornalismo e seus profissionais

Laís Santana
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O resgate dos novos olhares comunicacionais sobre as marcas da pandemia de covid-19 foi o tema central do V Encontro de Pesquisa em Comunicação da Amazônia (EPCA), promovido nos dias 3 e 4 de novembro, pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia, da Universidade Federal do Pará (PPGCom/UFPA). Entre os convidados para compôr a programação do encontro, esteve a professora doutora Kátia Lerner, que também é pesquisadora do Laboratório de Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Laces/Icict), no qual coordena o Observatório de Saúde na Mídia, da Fiocruz, que falou com exclusividade para o jornal e portal O Liberal sobre os impactos da pandemia para o jornalismo brasileiro e internacional, além da importância da profissão para difusão de informações cientificas. 

Quais seriam os novos olhares comunicacionais sobre as marcas da pandemia?

"Acredito que a pandemia acontece num cenário comunicacional muito complexo, quer dizer, que não é inventado pela pandemia, mas na pandemia ele tomou uma força muito grande. Primeiro que é pensar essa abundância informacional em que a gente pega uma cobertura midiática marcada por uma profusão de informações. Se você pega dois mil e vinte a cobertura noticiosa como ela vai se voltar quase que exclusivamente para pandemia, então você tem uma reconfiguração do próprio jornalismo, nesse primeiro momento, mas é interessante também que no jornalismo, se você acompanha a cobertura, ele é marcado pelo medo, não só as mídias digitais que estão trazendo a dimensão do medo. Então, você tem uma cobertura muito intensa, com uma certa recomposição de uma autoridade do jornalismo que estava em crise por uma série de motivos. A pandemia traz de volta esse lugar do perfil de notícia, assim como traz um grande desafio, quer dizer, como comunicar, como se contrapor a um conjunto de narrativas dissonantes nessa desordem informacional."

Qual o papel do jornalismo de dados e da comunicação científica nesse cenário?

"Eles têm um papel fundamental, ou seja, num momento que a gente tem tanta desinformação, reafirmar a importância do jornalismo na produção de uma informação confiável é muito importante. Agora também temos que pensar que a despeito dessa importância, ela não é suficiente porque temos de disputar sentido em outros espaços que, inclusive, que o grande jornalismo não chega. A grande pergunta é: 'Como a gente consegue chegar a essas populações, que até sabem que esse jornalismo existe, mas pra elas esse jornalismo não faz sentido?'."

Esse questionamento foi uma das mudanças que a pandemia trouxe para o jornalismo brasileiro e internacional?

"Algumas questões a pandemia traz, primeiro como comunicar diante de tanta concorrência no cenário jornalístico, se você pega os veículos tradicionais eles também te diferenças entre o seu alinhamento as concessões cientificas em que alguns veículos trazem isso de forma explicita e outros trazem de forma ambígua e isso toca numa questão extremamente importante que é pensar em como você produz equivalências. Então os desafios são como lidar com isso, como recuperar e fortalecer a credibilidade das instituições de saúde e ciência. 

Como avalia o papel da imprensa na valorização da ciência?

"O jornalismo foi fundamental na pandemia, isso não tenha dúvidas, e acredito que fortalecer o jornalismo é fortalecer a democracia. Então, a gente tem que está muito atento a isso, do ponto de vista 'a gente pode concordar', 'pode discordar', 'pode preferir uma linha editorial', não importa, mas o jornalismo como o profissional tem que ser preservado como qualquer profissional, isso é óbvio. E aqui eu me refiro aos ataques que os jornalistas têm sofrido. Agora a gente também tem que, a despeito de um reconhecimento desse papel importantíssimo que o jornalismo teve de estar defendendo os conceitos científicos, não podemos esquecer de estarmos sempre vigilantes."

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Belém
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