Janeiro Roxo: Pará tem 2,4 mil casos de hanseníase por ano

Estimativa é do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN-PA). Sespa aponta redução de diagnósticos.

Emanuele Correa
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Janeiro é considerado o mês de conscientização sobre a hanseníase e há uma campanha intitulada de "janeiro roxo", alusiva à temática. A Hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria "Mycobacterium leprae" ou "bacilo de Hansen". A transmissão acontece por gotículas de saliva ou secreção nasal, no entanto, tocar no paciente não transmite a doença. Ainda há muitos estigmas, mesmo a doença possuindo tratamento gratuito e cura. No estado, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), a taxa de detecção de hanseníase em 2020 foi de 18,78, a cada 100.000 habitantes. Em 2021 essa taxa foi de 14,87.

Daniela Rodrigues, médica especialista em dermatologia explica que por mais que a doença seja transmitida por bactéria, ela tem cura e o tratamento pode ser feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que os homens, no Brasil, são os mais atingidos. "Ela é transmitida por gotículas de saliva ou secreção nasal expelidas por pessoas infectadas que não estejam em tratamento. Tocar a pele do paciente não transmite a doença. O seu tratamento é gratuito e fornecido pelo SUS, varia de seis meses a um ano, ele é eficaz e o paciente fica curado... No Brasil, homens são mais atingidos. No Pará, foram confirmados 2.164 novos casos em 2019", explica.

A dermatologista lembra que por mais que a doença tenha tratamento e cura, a desinformação é o mecanismo de reforço dos estigmas, devido ao caráter crônico da doença e em caso de não tratamento da doença, deixar sequelas visíveis. "O estigma da doença se deve ao fato do caráter crônico da doença, deformidade física causada por ela e o fato de até pouco tempo ela ser considerada uma doença incurável. A melhor maneira de combater é através da informação sobre a doença", orienta.

Presença de manchas brancas, vermelhas ou marrons com perda ou alteração de sensibilidade ao toque, ao calor e a dor na pele, Daniela orienta à população a buscar ajuda médica especializada e reforça o tratamento gratuito. "Acho importante as pessoas saberem que o tratamento é distribuído gratuitamente nas unidades de saúde, que ele é efetivo, cura a doença, interrompe sua transmissão e previne incapacidades físicas. Portanto, quanto mais cedo for iniciado, melhor. Manchas brancas, vermelhas ou marrons com perda ou alteração de sensibilidade ao toque, ao calor e a dor na pele, são sinais que você deve procurar um especialista", finaliza.

Ademilson Picanço, é coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase - Núcleo Marituba (MORHAN-PA) e alerta para o mês de conscientização, destacando a necessidade de se falar em prevenção e reforçar as campanhas. "É importante o janeiro roxo, que é o mês de conscientização para falar mais sobre prevenção, sinais e sintomas da doença e reabilitação física. Por conta da gente manter viva a questão da hanseníase, que ainda é muito preocupante. No estado do Pará 2.400 pessoas são notificadas por ano, mas tem as subnotificações, que não chegam ao sistema", revela.

"Este ano o Morhan vem com a logomarca sobre a campanha 'Não esqueça da Hanseníase', justamente para que as autoridades públicas entendam que ainda é uma questão de saúde pública, a questão da hanseníase. Por isso que o Morhan usa esse mês e todo os meses do ano, no papel de movimento social que cobra desses gestores uma atitude mais enérgica no combate à hanseníase", completou.

Picanço acredita que o preconceito e o estigma da doença ainda existem, mas que tendem a diminuir, devido à atividade dos movimentos sociais e campanhas, para abordar o assunto e reforçar que só se combate o preconceito com informação. "Fazer com que mais pessoas sejam conscientizadas sobre o que é, como prevenir, para diminuir mais o preconceito e discriminação da sociedade. E a gente faz isso com educação e saúde. Palestras educativas em escolas, associações, igrejas. Sinais, sintomas, se o tratamento é gratuito e pelo SUS, que a pessoa só fica com sequelas se não fizer o tratamento correto e se o diagnóstico não foi precoce. Eu acho que a gente precisa esperar mudanças, não só em 2022. Só com campanhas e matérias na imprensa que as pessoas vão poder entender que hanseníase é uma questão de saúde pública, é uma doença negligenciada, mas tem cura e o tratamento é gratuito. A gente espera que as pessoas e os governos federal, estadual e municipal se conscientizem", finalizou.

Em nota, a Sespa informa que: "o diagnóstico, tratamento e prevenção da doença são realizados na atenção primária de saúde (UBS's e Estratégia da saúde da família) e que os casos mais graves são encaminhados para a URE Estadual Marcello Candia, em Marituba. A investigação da Hanseníase deve iniciar quando o indivíduo apresentar sintomas como manchas na pele que não coçam e não doem, além de manchas avermelhadas esbranquiçadas com perda de sensibilidade na pele e caroços. Por fim, a Sespa destaca a importância de examinar as pessoas que residem na mesma casa, para um melhor controle da doença e descoberta de novos casos precocemente. O exame dos contatos é uma forma de prevenir a doença", finaliza a nota. 

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