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Hábito compulsivo de roer unhas expõe pessoas ansiosas ao risco de contrair covid-19

Muitas pessoas chegam a se machucar devido a esse ato, que está relacionado a distúrbios psicológicos

Dilson Pimentel
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Conhecida como onicofagia e relacionada a distúrbios psicológicos, o hábito de roer unhas pode se tornar mais arriscado por causa da pandemia. Sobretudo, a covid-19 cria um ciclo de riscos: potencializa a ansiedade, que é gatilho para atacar as unhas e peles dos dedos e, se as mãos não estiverem bem higienizadas, podem levar à contaminação pelo coronavírus SARS-CoV-2.

“Com a covid-19, a gente procura sempre estar higienizando as mãos. Fiquei mais cauteloso”, disse o gestor de Tecnologia da Informação Taynã Magalhães, 30 anos. Mas, para ele, hoje em dia o hábito de roer unhas virou mais um costume. “Nunca tive muito tato para ir em manicure. Desde moleque, tenho mania de roer unha. Só que, quando eu roía antigamente, era por ansiedade, por ficar nervoso”, contou.

Quando era mais novo, Taynã foi diagnosticado com ansiedade. Muitas vezes, tinha crise e roía as unhas. Tudo motivado, na adolescência e juventude, por preocupação, estresse e tristeza. “E acabava que, no meio das pessoas, eu começava a roer as minhas unhas. Quando eu vejo que estão muito grandes, acabo roendo também. E, como sou músico e toco violão, não posso ficar com as unhas muito grandes. Hoje virou um hábito que, eu sei, não é muito saudável”, afirmou.

O dermatologista Fernando Carneiro explicou que a Onicofagia é uma compulsão mais comum em crianças e adultos jovens. Mas ocorre também na população mais velha em menor escala. Algumas causas sugeridas incluem estresse, hereditariedade, unhas mal cuidadas, transferência do hábito de chupar os dedos na infância. Algumas pessoas inclusive podem fazer parte do espectro obsessivo - compulsivo, distúrbios de ansiedade e depressão.

"Nos roedores crônicos de unhas, podem ocorrer algumas complicações, tais como defeitos nas unhas, infecções do tecido periungueal chamadas de paroniquia, alterações nos dentes e a contaminação por doenças infecciosas, pela ingestão de vírus, bactérias, fungos e outros agentes infecciosos. Devendo se tomar muito cuidado, pois aí se inclui o vírus causador da covid-19, principalmente se não ocorre a higienização das mãos e unhas”, alertou Carneiro.

O tratamento inclui a orientação desse paciente, incluindo a psicoterapia, em alguns casos, e a realização de tratamento psiquiátrico com antidepressivos, ansiolíticos, e outros. “Mas, sobretudo, conscientizar o indivíduo a não roer as unhas sob pena de surgirem complicações que já foram mencionadas”, afirmou o dermatologista.

 

A pessoa pode chegar ao descontrole de até arrancar as unhas

A também dermatologista Rossana Veiga diz que esse comportamento está relacionado a distúrbios psicológicos. E pode chegar ao descontrole de até arrancar as unhas e ou cutículas. A manifestação dermatológica de roer e até mutilar cantos de unhas e ou cutículas servem de alerta de que o indivíduo não está bem emocionalmente. “Deve ser detectado pelo dermatologista este comportamento e orientado ao paciente que procure um apoio psicológico e ou psiquiátrico para avaliar o distúrbio emocional”, disse.

Ainda segundo a dermatologista, esses estados compulsivos de roer, mutilar tecidos e de lavar mãos repetidamente sem o fundamento equilibrado de lavar ou usar álcool gel quando apenas tocar em locais suspeito, ou de tocar nas mãos de outros, devem todos ser observados pelos familiares e reportados ao médico. “E, caso seja realmente repetitivo e descontrolado, encaminhar o paciente para apoio psicológico e ou psiquiátrico sempre”, alertou.

O psicólogo clínico Valber Luiz Farias Sampaio disse que muitos desses quadros estão ligados à ansiedade. Em algum momento, todas as pessoas ficam ansiosas por causa de uma entrevista de emprego ou um primeiro encontro. E tudo isso, muitas vezes, gera um turbilhão de sentimentos, afetos, emoções. “Às vezes, a gente não consegue lidar com isso num campo cognitivo. ‘Não, tô super tranquilo, mas o corpo está te dizendo outra coisa”, explicou.

O ato de roer unha também é uma manifestação corporal. É que, com esse comportamento, a pessoa consegue, muitas vezes, dar conta de algo que emocionalmente não está conseguindo lidar. “Isso muitas vezes está ligado a um aspecto infantil. Se a gente for parar para pensar, no desenvolvimento infantil, esse período inicial da vida se dá pelo ato da criança levar à boca objetos, dedos. É uma forma de experimentação do mundo e é uma forma dela lidar com esse mundo que, até então, é desconhecido”, disse.

No caso dos adultos, isso se manifesta como uma forma de lidar justamente com essas emoções - com esse conhecimento sobre si mesmo que a pessoa não consegue lidar. “Ao invés de manifestar o medo de uma outra forma você encontra essa via que talvez seja a menos assustadora psiquicamente”, disse o psicólogo clínico Valber Luiz. “É importante que haja acompanhamento psicológico para quem tem esse quadro compulsivo. Mas, quando o caso tá muito agravado, talvez a Psiquiatria, a Odontologia possam ser bastante valiosas para lidar de uma forma muito mais integral desse sujeito. A manifestação tanto nas crianças quando nos adultos é muito significativa para que a gente possa ficar atento”, afirmou.

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