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Falta senso de pertencimento e representatividade na república

"Democracia é uma falácia. Estamos reféns das togas e não temos nossos direitos, dignidade e integridade garantidos", desabafou o professor Kleydyson Mota.

Victor Furtado
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Na praça da República, no dia da Proclamação da República — com um movimento lento e sem qualquer programação alusiva —, cidadãos dizem não se sentirem parte da ideia de uma nação. Dizem não se sentirem representados. Há orgulho em se chamar de "brasileiro", mas não em estar na República Federativa do Brasil nas condições atuais. Política, economia, desemprego, racismo, violência... são muitas as razões relatadas para achar que o país poderia ser melhor e mais justo.

As irmãs Ana Paula e Ana Alice Santos Pimentel acham difícil se sentir pertencente a uma república em que a população pobre e preta não se vê representada. Nos espaços culturais, nas universidades, em grandes empresas ou no serviço público, por exemplo. Para elas, o governo atual apenas tem aumentado esse distanciamento.

image Ana Alice e Ana Paula dizem que ser negro e pobre, no Brasil, são motivos suficientes para não se sentir representado e pertencente ao ideal de uma república (Ivan Duarte / O Liberal)

"Educação é a chave de tudo, para mudar vidas e oportunidades. Se não começar na escola, não há como garantir um futuro melhor. E precisamos de políticas públicas, como saúde de qualidade", diz Ana Paula. Ana Alice é estudante do Núcleo Pedagógico Integrado da UFPA e comenta que, mesmo a escola estando na periferia, a periferia não está na escola. "É uma escola muito branca e elitizada, mesmo sendo pública. O mesmo ocorre com a UFPA e a Ufra", completa Ana Alice.

A secretária Wilma Santos diz ter orgulho de ser brasileira. Porém, se diz decepcionada em como a república tem governantes, em todos os níveis do poder, que provocam a sensação permanente de que a população é desrespeitada. "Belém, por exemplo. Está abandonada. Nossos políticos só pensam no dinheiro deles. Enquanto isso, só tiram nossos direitos. Perderam o respeito por nós. No dia da Proclamação da República, na praça da República, não tem um único evento. Mas tem o medo da violência, de assaltos...", opinou.

image Kleydyson Mota e Márcia Castelo Branco, professores, sentem uma crise de representatividade. (Ivan Duarte / O Liberal)

Kleydyson Mota e Márcia Castelo Branco, professores, sentem uma crise de representatividade. Ambos acham que o Brasil não é tão democrático que se considera. Têm a sensação de insegurança e incerteza com frequência, na República Federativa do Brasil. E acreditam que a raiz dos problemas esteja no judiciário.

"Teve essa decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF, que cumpriu a constituição e reforçou que prisão em segunda instância não é válida), que faz a gente sentir que a impunidade prevalece. Democracia é uma falácia. Estamos reféns das togas e não temos nossos direitos, dignidade e integridade garantidos. E nem temos a quem recorrer? Isso é democracia? É uma república?", questionou o casal de professores.

Todos os entrevistados tiveram dificuldade em explicar o que o feriado de Proclamação da República representava na prática. Mas todos tiveram muita facilidade em demonstrar decepção, desilusão e preocupação com o futuro do que é ser brasileiro. E estar numa república.

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