‘Faixa azul’: entenda como funciona o novo corredor para motos na av. Pedro Álvares Cabral, em Belém
A medida pretende organizar e disciplinar o tráfego de motos, oferecendo um espaço delimitado para os condutores de motocicletas circularem com mais segurança
A avenida Pedro Álvares Cabral, no trecho a partir da avenida Júlio César, em Belém, conta agora com uma nova sinalização viária, preferencial para motociclistas. A iniciativa, que começou a ser implementada de forma experimental na última sexta-feira (25), introduziu faixas com tons de azul e branco, chamando a atenção de quem transita pela via. A sinalização segue, inicialmente, até um trecho no bairro do Umarizal e totaliza 5 km de extensão, até a avenida Visconde de Souza Franco, a Doca.
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De acordo com a prefeitura, a medida pretende organizar e disciplinar o tráfego de motos, oferecendo um espaço delimitado para os condutores circularem com mais segurança, principalmente em situações de trânsito lento ou congestionado, reduzindo os riscos de acidentes. A iniciativa começou a ser avaliada ainda em fevereiro deste ano. “Com a integração da faixa azul, nós vamos ter uma diminuição significativa tanto de acidente de trânsito, como também, vamos dar uma fluidez melhor no trânsito”, frisa Normando.
Igor também explica que a escolha pela avenida Pedro Álvares Cabral se deu por conta da largura da via, que permitiu a implantação da faixa sem comprometer o fluxo geral. “Tivemos a possibilidade de construir esse caminho sem estrangular o trânsito. Pelo contrário, fazendo com que ele pudesse ter mais fluidez. A realidade em outras capitais nos deram a segurança de que era algo viável e a gente resolveu ser pioneiro na região Norte”, afirma.
O secretário de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade de Belém, Luciano de Oliveira, complementa a justificativa para a escolha da via. “A Pedro Álvares Cabral é uma via que tem uma dimensão significativa tanto no seu comprimento, principalmente na largura. Tínhamos ali quatro faixas de carro e as motos transitando no meio destas. Optou-se por criar um corredor preferencial para motos, transformando depois o restante em três faixas para veículos mais largas do que as quatro que tinham antes”, completa o secretário.
Expansão da faixa azul
A expectativa da prefeitura é que, com os resultados observados ao longo da fase experimental, a sinalização possa ser expandida para outras áreas da cidade. “E, a partir dessa experiência, vamos expandir para outras áreas da cidade. Essa fase experimental é para que o próprio motociclista, condutores de outros veículos possam não só se acostumar, como também se reeducarem no trânsito. E isso inclui a população de modo geral. Belém vai deixar de ser uma ‘Índia do trânsito’ e para ser uma cidade com ordem e organização”, acrescenta Normando.
Luciano de Oliveira destaca ainda que dois fatores motivaram a iniciativa: o aumento dos acidentes com motociclistas - que costumam resultar em lesões mais graves, conforme dados do Hospital Metropolitano - e o crescimento acelerado da frota de motos em Belém. “Tem sido muito maior do que a de veículos quatro rodas”. Ele acrescenta que, enquanto os carros registraram um aumento médio de 4% a 5% nos últimos anos, “o da moto já chegou no último ano a passar de 40% ao ano”, o que, segundo o secretário, evidencia a necessidade de criar espaços específicos para esse tipo de veículo.
Aplicação de multa
O prefeito detalhou que, por enquanto, não será possível aplicar multas aos condutores que invadirem a sinalização ou aos motociclistas que não trafegarem na área delimitada. A expectativa, segundo a prefeitura, é que a medida seja regulamentada pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) até março de 2025. “É uma proposta muito importante e que nós estamos esperando a regulamentação. Esperamos que isso aconteça até o primeiro semestre do ano que vem. E a partir daí expandir por mais vias”, destaca Normando.
Ele reforça que o momento atual é voltado para a orientação e conscientização dos condutores. “Após a regulamentação, vamos poder multar. Neste primeiro momento, estamos educando a população. A gente espera que os próprios condutores comprem a ideia e que não precisa de multa para cumprir a sinalização. A gente vai ter uma ideia da aceitação da população e também da importância do projeto pelos próximos 6 meses”, acrescenta o prefeito.
O secretário Luciano também reforça que ainda não há respaldo legal para penalizações. “Em contato com o Senatran, nos informam que a expectativa deles é que a partir de março do ano que vem essa legislação venha a ser implementada. E aí sim, teremos normas mais específicas a partir das experiências de todos esses lugares de implantação e a normatização da implementação da faixa e a regulamentação para que possibilite aplicação de penalidades administrativas", detalha o secretário.
Sobre o uso da faixa por outros veículos, o titular da Segbel esclarece os cuidados necessários. “Com relação a carros e outros veículos, a faixa pode ser cortada, desde que se tome os cuidados necessários de observar se não vai causar um acidente, que o condutor use a seta indicando a direção que ele vai tomar, se não vem ninguém transitando, porque como o nome diz, a faixa é preferencial para moto. Para se fazer essa manobra, a faixa tem que estar livre”, alerta.
Motociclistas detalham a iniciativa
Na manhã desta segunda-feira (28), Maurício Oliveira, de 50 anos, que usa moto para entregar água mineral, comentou o assunto. “Essa faixa aqui só para motociclista ajuda, sim. Porque agora temos uma faixa que pode passar moto”, disse. “Antes a gente tinha que passar no chamado corredor, mas agora temos uma faixa que está indicando que a gente pode passar por ela. É apropriada para nós”, explicou.
Maurício afirmou que antes da implantação dessa faixa, o risco de colisões era maior. “Antes havia a possibilidade de acidente com carro, moto, ciclista, porque nós não tínhamos a nossa própria faixa. Hoje temos. Isso facilita muito”, disse. Segundo ele, a faixa começou a funcionar há poucos dias.
Outro condutor de moto que aprova a novidade é Gilberto Ribeiro, mototaxista de 55 anos. Ele destacou que a faixa ajuda, mas depende também da colaboração dos demais condutores. “Em parte ajuda, mas é preciso saber se o motorista vai nos ajudar nessa questão. Se ele não vai invadir a faixa, nos bater. Mas é importante pra gente”, afirmou.
Gilberto acredita que, se a faixa for mantida até o final da via e for respeitada, os ganhos serão grandes. “Com certeza facilita. Melhora o fluxo e evita acidentes. De repente vem um carro e bate na gente. Com a Faixa Azul, isso não deve acontecer. Ela evita colisões”, completou. A expectativa dos motociclistas é que a nova sinalização seja respeitada por todos os condutores e se estenda para outras áreas da cidade, proporcionando mais segurança no trânsito e fluidez na circulação de motos.
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