Dia Mundial de Combate ao Estresse: veja dicas essenciais para evitar essa reação no dia a dia

Ainda que o estresse seja uma resposta natural do organismo às adversidades do cotidiano, segundo profissionais, hábitos novos e a alimentação são importantes aliados diante da pressão

Gabriel Pires
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Celebrado nesta terça-feira (23), o Dia Mundial de Combate ao Estresse busca conscientizar a população sobre os riscos dessa condição, além de apresentar formas de prevenção e enfrentamento. Especialistas de Belém ressaltam que a mudança de hábitos contribui para suavizar esse desgaste e manter uma vida saudável. Ainda que o estresse seja uma resposta natural do organismo às adversidades do cotidiano, segundo profissionais, hábitos novos e a alimentação são importantes aliados diante da pressão.

Situações como brigas, preocupações cotidianas e dificuldades financeiras podem potencializar o estresse. Em meio a isso, a psicóloga Rafaela Guedes explica que todo esse desconforto tende a se dissipar assim que a situação estressora é resolvida. No entanto, se, mesmo assim, a pessoa permanece em um estado constante de alerta e irritabilidade, apresentando sintomas físicos como queda de cabelo, manchas na pele ou sinais de doenças psicossomáticas, isso indica que ela entrou em um estado de estresse crônico.

“Toda falta de previsibilidade ou situação inesperada que altera nosso planejamento gera desconforto [podendo causar ansiedade]. No entanto, quando a pessoa se encontra em um cenário em que as circunstâncias mudam constantemente, isso se torna um fator estressor e altamente angiogênico. Situações em que se perde continuamente a previsibilidade e o controle, bem como aquelas com alto grau de tensão constante, sem perspectiva de término e de sofrimento contínuo, também se enquadram nesse contexto”, observa a psicóloga.

Casos extremos

Em casos mais extremos, o estresse pode evoluir para transtornos como ansiedade, depressão ou burnout, como explica a psicóloga. Isso porque, segundo ela, o estresse, assim como o sintoma ansioso, é caracterizado por um estado de tensão e alerta constantes. “A diferença é que a condição de estar estressado tem uma relação maior com a produtividade, com a produção laboral. E, eventualmente, com fatores patogênicos da própria vida. A ansiedade tem mais relação com questões emocionais. Porém, o estado de estresse crônico evolui tanto para o transtorno de ansiedade generalizada quanto para a depressão e especialmente para o burnout”, explica.

Ela lembra ainda que, hoje, grande parte dos motivos de estresse está ligada à rotina de trabalho. “O ambiente de trabalho é um dos maiores causadores de estresse e gatilho para o estresse crônico. Na nossa sociedade atual, existe uma cultura corporativa de superdesempenho e hiperprodução. E, como não somos máquinas, isso acaba nos levando a um funcionamento de esgotamento, em que se espera que você produza o melhor, o tempo todo, com alta qualidade sempre. Isso é desumano, impossível e inevitavelmente gera transtornos”, comenta.

“Existem várias consequências para a saúde mental, sendo a burnout uma das principais, atualmente uma das maiores causas de afastamento do trabalho. É fundamental buscar terapia, porque apenas a medicação ameniza os sintomas, mas não muda a situação do ambiente. Se você não fizer mudanças em relação a esse ambiente, nada vai melhorar e você apenas se prejudicará ainda mais, podendo entrar em um estado de sofrimento mais intenso”, completa Rafaela.

Na avaliação da psicóloga, todo esse cenário é reforçado, já que atualmente a sociedade tem um perfil que preza pelo desempenho. “Quanto maior, quanto mais você desempenhar fora da curva, além dos limites, maiores serão os seus reconhecimentos. ‘Trabalhe enquanto eles dormem. Trabalhe enquanto eles estão no lazer’: esse é o discurso difundido, que aliena a saúde mental e o bem-estar. E amplia, gravemente, o estado de estresse”, pontua Guedes.

Mudanças de hábitos

Para Rafaela, a forma mais eficiente de lidar com o estresse diário é desconectar-se dos fatores estressores e voltar-se para atividades que proporcionem relaxamento e prazer. “É fundamental desconectar-se verdadeiramente e confiar que, ao retornar, a capacidade de resolver os problemas estressores estará renovada. E, neste caso, há quem opte pela meditação, bater um papo com os amigos, passar e ter um tempo de qualidade com a própria família, ir ao restaurante favorito, assistir a um seriado no conforto de casa”, acrescenta a psicóloga.

“Essas mudanças de hábito são fundamentais para que se consiga aumentar a qualidade de vida e reduzir as chances de desenvolver qualquer transtorno, ainda que seja um estresse crônico. É importante equilibrar as atividades de lazer, de prazer e de satisfação que trazem bem-estar com a quantidade de trabalho que se tem. E ainda equilibrar as atividades de lazer com a vida laboral. Qualquer excesso em uma das duas vai trazer prejuízo”, reforça Rafaela.

Psicoterapia

A especialista também recomenda o auxílio de psicoterapia ao não conseguir lidar com todas as demandas emocionais: “A tendência é que o estresse se transforme em transtornos mais graves, como depressão, ansiedade generalizada, que pode evoluir para fobia social e, principalmente, burnout. Este último tem se tornado uma das maiores causas de afastamento não apenas do trabalho, mas da própria vida. Todo transtorno é prejudicial. Se você identificar sinais de que não está bem e precisa de ajuda, procure-a o mais rápido possível”, alerta Guedes.

Alimentação

Muito além das situações de trabalho e outras preocupações, a alimentação também desempenha um papel importante na regulação do estresse, como lembra a nutricionista Samara Queiroz. Isso porque o que se come no dia a dia pode influenciar diretamente a produção de hormônios e neurotransmissores ligados ao bem-estar, como a serotonina e a dopamina. É importante também evitar comer execessivamente em situações de estresse e identificar gatilhos.

De acordo com a nutricionista, esses hormônios são responsáveis pela regulação do sono e também pelo controle do apetite, podendo causar tanto a falta quanto o excesso de fome. “Uma alimentação equilibrada e saudável pode ajudar a reduzir o estresse, trazendo mais calma e uma energia mais estável. Agora, se a dieta é pobre em nutrientes, cheia de ultraprocessados, alimentos enlatados, embutidos, isso pode ter um efeito contrário. E, assim, aumentar esse estresse, a ansiedade, irritabilidade e a sensação de fadiga durante o dia”, frisa Queiroz.

“Tudo isso ocorre devido à forte conexão entre o intestino e o cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro. É importante lembrar que a maior parte da serotonina, o neurotransmissor do bem-estar, é produzida no intestino. Portanto, um intestino que não está saudável afetará diretamente o humor da pessoa, podendo aumentar ou diminuir o estresse. Por exemplo, pessoas com disbiose intestinal, uma desregulação da flora intestinal, podem ficar mais irritadas, o que aumenta a sensação de estresse”, complementa a nutricionista.

Hábitos no dia a dia para evitar o estresse:

  • Praticar atividades de lazer e prazer: meditação, conversar com amigos, passar tempo com a família, assistir a séries ou ir a restaurantes favoritos
  • Equilibrar trabalho e vida pessoal evitar excesso de dedicação ao trabalho ou ao lazer, buscando um equilíbrio
  • Criar mecanismos próprios de bem-estar: identificar o que traz relaxamento e satisfação pessoal e incorporá-lo à rotina diária.
  • Manter hábitos de autocuidado: dormir bem, alimentar-se adequadamente, praticar exercícios físicos e cuidar da saúde mental.
  • Buscar apoio profissional quando necessário: iniciar psicoterapia ou acompanhamento psicológico ao perceber sinais de estresse crônico

Fonte: Rafaela Guedes (psicóloga)

Nutrientes que ajudam na regulação do humor:

  • Triptofano: presente em aveia, banana e castanhas (como castanha-do-pará); auxilia na produção de serotonina
  • Magnésio: encontrado em vegetais verdes crus, sementes e cacau; ajuda a relaxar e controlar a ansiedade (Cacau: ideal em chocolate 70%)
  • Vitaminas do complexo B: presentes em carnes magras, ovos e leguminosas (como feijão); fundamentais para o funcionamento do cérebro
  • Ômega 3: presente em peixes como sardinha e salmão; tem efeito anti-inflamatório e ajuda no equilíbrio do humor

Fonte: Samara Queiroz (nutricionista)

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