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Dia Mundial de Combate ao Câncer: alimentação saudável e exercício devem ser encarados como remédios

Segundo a OMS, em 2050, 35,5 milhões de novos casos serão registrados no mundo. Especialista afirma que diagnóstico precoce aumenta chances de cura

Camila Azevedo / Eduardo Rocha
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Em um cenário em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima um aumento de mais de 35,3 milhões de novos casos de câncer no ano de 2050, estar atento aos fatores que provocam o surgimento da doença é fundamental. Por isso, o Dia Mundial de Combate ao Câncer, nesta segunda-feira (08), tem o objetivo de conscientizar a população sobre esses cuidados e divulgar informações de prevenção que ajudem a diminuir riscos e conter o avanço da condição. Dentre os destaques para essa conscientização, especialistas afirmam que alimentação saudável e exercício devem ser encarados como remédios.

A comparação do número de casos da OMS é em relação a 2022, quando a estimativa somava 20 milhões de diagnósticos. Segundo a entidade, o rápido crescimento da doença reflete um envelhecimento da população e alterações na exposição das pessoas a fatores que provocam o câncer, geralmente associados aos desenvolvimento socioeconômico. Os países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elevado devem registrar maior aumento na incidência.

image Luís Eduardo Werneck, oncologista PhD e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, considera que os dados são alarmantes e um dos principais motivos pelos quais a data alusiva ao combate merece visibilidade (Foto: Cláudio Pinheiro / O Liberal / Arquivo)

Luís Eduardo Werneck, oncologista PhD e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, considera que os dados são alarmantes e um dos principais motivos pelos quais a data alusiva ao combate merece visibilidade. “A prevenção é importante, mas é cada vez mais difícil. Por exemplo, o vape [cigarro eletrônico] é cinco vezes mais tóxico que o próprio cigarro. O ser humano é muito criativo na hora de descobrir o que causa mal pra gente”, afirma o especialista.

O câncer é uma replicação desregular que acontece durante a reprodução de células. A partir disso, surge o tumor, que pode crescer e comprimir estruturas que estejam ao redor, ou se espalhar por outras partes do corpo - a chamada metástase. “O mais ruim é a disseminação à distância, a metástase. Isso é quando falam que a doença já se espalhou. Mais ou menos 30% dos tipos de câncer vão dar metástase”, enfatiza o médico.

Fatores de risco

Somado aos motivos listados pela OMS, Werneck também elenca condições que tornam propício o desenvolvimento da doença para alguns grupos, já que existem diversos quando o assunto é câncer. “Primeiro, obesidade. Pessoas fora do peso ideal têm mais chances de ter a doença. Fumo, tabagismo… O tabagismo está incluído em todos os tipos de câncer, até no da vulva [vagina]. Privação de sono, estresse e depressão [são riscos]. Além disso, existe o modo como o ser humano se comporta com o mundo”, destaca.

Quanto às mudanças no estilo de vida, para o caso de mulheres, por exemplo, há um risco maior de câncer de mama naquelas que não tem ou não querem ter filhos - cenário cada vez mais comum na sociedade atual. O especialista pontua ainda, que, recentemente, foi publicado um estudo na China que relaciona a poluição do ar à incidência do câncer de pulmão. “Quem vive em grandes cidades tem o ar menos limpo e aumenta o risco de ter câncer em vias áreas, pescoço, pulmão, cabeça, laringe, cavidade oral, e orofaringe”, diz.

Tratamentos

O médico alerta que quanto mais cedo a doença é diagnosticada, mais chances de cura o paciente tem durante o tratamento. “Dentro desse cenário [estimado pela OMS], o número de mortes vai cair em 30%. Por que? Os tratamentos estão ficando mais eficientes e nós temos mais ferramentas, mais exames que podem detectar o câncer mais cedo. O câncer de mama, se for detectado nos primeiros seis meses, tem chance de cura de 100%”, acrescenta Luís.

Tratar um paciente em Belém, segundo o especialista, custa de R$ 180 mil a R$ 200 mil por mês. Por isso, quanto mais cedo o diagnóstico, melhor. “Nos países ricos, como Inglaterra, Países Baixos, Noruega e Suíça, eles desenvolveram programas de rastreamento. Entenderam que é rastrear para depois tratar. Na Suíça, todos que fumam e tem mais de 50 anos são obrigados a fazer uma radiografia de baixa emissão de radiação por ano. É muito mais inteligente descobrir o câncer no início e gastar com esse exame, que é barato”.

Futuro

Atualmente, a quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapia alvo e a imunoterapia são os tratamentos utilizados. No entanto, o combate ao câncer vem ganhando novas dimensões que proporcionam maior qualidade ao paciente. “Já existe em laboratórios de pesquisa do Brasil as terapias celulares [car-t cells]. Consiste em retirar um pedaço do tumor, desenvolver um medicamento para essa pessoa e infundir nela. É completamente individualizada. Custa meio bilhão por sessão e, em três anos, vai custar R$ 50 mil. O futuro da oncologia avança muito mais rápido que o próprio câncer”, finaliza Luís Eduardo.

Alimentação e exercícios

A médica oncologista Paula Sampaio destaca que a alimentação de cada pessoa tem relação direta com a imunidade do seu organismo. O sistema imunológico tem uma série de reações bioquímicas que dependem de minerais específicos, vitaminas e aminoácidos. Com boa imunidade a pessoa diminui as chances de ficar doente e, quando adoece, se recupera mais rapidamente. Já uma dieta pobre e incompleta não oferece os nutrientes necessários e as células de defesa do corpo humano acabam ficando menos eficientes. Além disso, alimentos processados e ultraprocessados possuem componentes carcinogênicos, ou seja, substâncias que podem causar câncer, como ressalta a especialista.

Por isso, não dá para se dissociar a obesidade, fator de risco para diversas doenças, inclusive, o câncer, da má alimentação. "E o excesso de gordura corporal provoca um estado de inflamação crônica no nosso corpo e aumento dos níveis de determinados hormônios, que promovem o crescimento de células cancerígenas, aumentando as chances de desenvolvimento da doença", pontua Paula Sampaio.

Daí que o exercício físico regular é muito importante para o controle do peso corporal e também traz benefícios incontáveis para o organismo. " Inúmeras pesquisas já comprovaram que apenas ele, o exercício físico praticado com regularidade, é capaz de reduzir risco para pelo menos 13 tipos de câncer. Em resumo, alimentação saudável e exercício são remédios, são excelentes medidas de prevenção", orienta a oncologista.    
Nesse sentido, a alimentação saudável já deve ser um objetivo de futuros pais, como frisa a médica. "A boa alimentação da mulher grávida já terá consequências para o bebê. Se o paladar do bebê e da criança, desde pequena, é formado com alimentos saudáveis, as chances de essa criança ser obesa diminuem drasticamente. É bom lembrar que uma criança obesa tem chances muito maiores de ser um adulto obeso. O exercício físico regular também deve começar na infância. É muito importante para o desenvolvimento e para a saúde da criança. Depois, para o adolescente, para o jovem. É fundamental para a saúde de todos, de qualquer idade.    

A prevenção ao câncer, como diz Paula Sampaio, abrange atitudes como a de não fumar, não consumir bebida alcóolica, controlar o peso, combater a obesidade, praticar atividade física regularmente, se alimentar e dormir bem e se proteger dos raios solares. 

"São basicamente essas as recomendações para que tenhamos um estilo de vida saudável. Quem consegue ter uma vida assim diminui em cerca de 30% as chances de ter câncer. Isso é o que chamamos de prevenção primária. Também é fundamental a prevenção secundária, que é seguir os protocolos de rastreamento estabelecidos pela medicina. Consultas e exames periódicos, a partir de determinadas idades. Essa prevenção secundária assegura o diagnóstico do câncer logo no início, o que é primordial para que o paciente tenha grandes chances de cura", acrescenta a médica. Ela observa que governantes precisam criar políticas públicas para favorecer a saúde da população, e os indivíduos precisam se informar e colocar em prática os hábitos saudáveis. "Viver com saúde é viver mais, melhor, mais feliz", conclui Paula Sampaio. 

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