Dia "dois" Pais: casal homoafetivo, com a adoção, completou a família
Victor e Severo criam e amam o pequeno Pietro, que tem dois aniversários por ano. Motivos não faltam para celebrar

Dentre os diversos formatos de novos arranjos familiares que desconstroem estigmas e preconceitos por meio do afeto e do respeito, casais homoafetivos que sonham com a paternidade são exemplos inspiradores de que o lar é todo lugar onde há amor. Nas famílias tradicionais, filhos criados, educados e cuidados por tios, avôs, padrastos ou que às vezes têm até mais de uma figura paterna para se espelhar também reforçam a mensagem de que, para ser pai, basta saber amar.
O servidor público Victor Oliveira, 35 anos, e seu companheiro, o músico Severo Almeida, 43, tiveram suas rotinas reviradas há cerca de três anos e meio, após a chegada de Pietro, hoje com quase quatro anos. “Eu digo que é a criança que nos adota. A nossa vida mudou totalmente com a chegada dele. E foi muito por amor, por interesse de constituir uma família. Nós tivemos uma sorte muito grande. O próprio Pietro ensina muito para a gente. Ele nos ensinou que amor não tem gênero. A gente ficava pensando como ia falar para ele, como ele ia perceber a situação, o fato de ter dois pais. Ele me chama de ‘Papai Ursinho’, e o outro pai é ‘Papai Macaquinho’. Em nenhum momento a gente sente que essa questão do gênero influenciou na educação dele, na personalidade dele, no que ele é. A gente desconstruiu preconceitos que a gente tinha. A gente se colocou como pais nessa relação por causa dele. Com esse amor, a gente vai tentando ajustar as coisas”, relata o pai Victor, com orgulho.
A adoção de Pietro, no entanto, não foi simples e levou um ano para ser oficializada. “Quando a gente se conheceu, a gente ficou um ano namorando, mas a gente já se conheceu com esse propósito de constituir família. A gente só não sabia quais mecanismos legais podiam ser acessados para entrar em um processo de adoção. Começamos a falar para as pessoas que queríamos ter uma família, que era o nosso sonho. Foi quando uma amiga apresentou o nosso filho. A gente foi até ele, conversou com a família e de lá já fomos no Ministério Público para fazer o registro, indicando o interesse da mãe dele de colocá-lo para adoção. Nesse tempo (antes da oficialização), ele ficou com a gente, para se acostumar com nossos hábitos. Hoje, é impressionante o quanto o Pietro já está inserido nas nossas duas famílias”, relembra, emocionado. “Ele é uma criança muito iluminada. O que ele trouxe para a gente foi algo muito maior do que a situação dele, de ser filho adotivo. Ele é uma criança cheia de vida própria. E isso foi de cara. Quando a gente viu foto dele, a gente ficou encantado, maravilhado”, complementa, com encantamento.
Rememorando o receio que teve ao decidir pela adoção da criança, sobretudo pelo fato de serem um casal homoafetivo, Victor conta: “No começo, quando a gente tentou contato com a mãe dele, a gente ficou meio receoso, por sermos um casal homoafetivo. Ficamos pensando se ela ia entender. Quando eu liguei para ela, eu tremi, tentando explicar que a gente queria adotar ele, queria conhecer a história dela. E ela foi super receptiva. Nós fomos muito abençoados com esse encontro. A nossa família teve uma postura muito acolhedora”, avalia.
O pequeno chegou ao lar do casal aos 10 meses de idade e celebra duas festas de aniversário: uma para comemorar sua chegada ao mundo, e outra para celebrar o dia da adoção. “A gente comemora dois aniversários do Pietro, que é o dele mesmo, em janeiro, e o nosso com ele, em outubro, que foi o dia que ele chegou para a gente. Não sei descrever a sensação. Foi uma emoção muito grande, a gente encontrou ele”, completa, com a voz embargada.
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