Dia do Feirante: data homenageia trabalhadores de feiras e mercados; vídeo

Em Belém, segundo a Secretaria Municipal de Economia (Secon), estão cadastrados 4.978 permissionários que atuam nas 32 feiras e 17 mercados municipais da cidade.

Laís Santana
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Celebrado nesta quinta-feira (25), o Dia do Feirante tem origem na criação da primeira feira livre do Brasil, em 1914, no Largo General Osório, na região Santa Ifigênia, em São Paulo. A atividade surgiu pela necessidade de os agricultores venderem o excedente da produção, depois de já terem feito a distribuição de alimentos nos pontos de comércio. A venda direta caiu no gosto da freguesia e virou sinônimo de qualidade, preço justo e tradição.

Em Belém, segundo a Secretaria Municipal de Economia (Secon), estão cadastrados 4.978 permissionários que atuam nas 32 feiras e 17 mercados municipais da cidade. Uma dessas feiras, e a mais antiga de todas, é a feira do Ver-o-Peso, considerada a maior feira a céu aberto da América Latina, que atraia milhares de frequentadores diariamente. 

É lá que a feirante Antônia Gomes trabalha, com a venda dos mais variados tipos de frutas. Para ela, exercer a profissão é "ser feliz". "Pra mim, ser feirante é tudo de melhor. Aqui eu me encontrei, quando eu cheguei aqui eu não sabia fazer nada, mas hoje eu sou uma profissional da feira", declara a feirante 

image Entre o colorido das frutas, Antônia Gomes afirma que "ser feirante é ser feliz" (Thiago Gomes / O Liberal)

De geração em geração

O feirante Cândido Roberto Costa, 51 anos, trabalha com a venda dos tradicionais banhos de cheiro e ervas, na feira do Ver-o-Peso, há 42 anos. O trabalho na feira passou de geração em geração na família de Cândido, começando pelo avô, passando para o pai e herdado por ele. O ofício é responsável pelo sustento de sua família. "Aqui é tudo, quando a gente não vem pra cá fica até doente. E é daqui que eu construí a minha casa, o colégio das crianças, material, alimentação, tudo é daqui da feira. Eu só sei fazer isso, se eu sair daqui eu estou ferrado, mas aqui eu sei tudo", afirma o feirante com orgulho.

Apesar de sentir orgulho por ser feirante, Cândido revela que é desafiador manter o trabalho com a falta de manutenção da feira do Ver-o-Peso. "Aqui a gente tem várias dificuldades, principalmente de manutenção, tem que limpar essa feira, fica cheia de lixo, os turistas vêm e não querem mais voltar, ainda falam mal. Tem que renovar essa feira, olha o buraco que tem aqui, chove e molha tudo. Se ajeitar a feira melhora, os clientes vêm e os turistas chegam mais", pontua. 

image O vendedor de ervas Cândido Roberto torce para que o ambiente de trabalho receba melhorias (Thiago Gomes / O Liberal)

No setor das farinhas, o feirante Denis Buriti, de 53 anos, conhece o universo da feira desde novo quando o pai, Davi Buriti, que também é feirante, passou a levá-lo até o local. Somando entre "idas e vindas", Denis já acumula 27 anos de feira e considera ser o lugar um bom lugar para trabalhar. No começo, ele relembra que ajudava o pai, mas agora ele já atende a freguesia em sua própria barraca. 

"É bom trabalhar na feira, mas tem que saber trabalhar porque é aquela coisa tu pega em dinheiro todo dia, mas não é todo teu, tem que pagar o fornecedor e outras coisas mais, então tem que saber como funciona senão o cara se atrapalha todo. Quem tem cabeça consegue ir", revela. 

Apesar dos desafios, Denis sente alegria em ser feirante, principalmente pelo clima amistoso entre os colegas de profissão. "Tu podes até vir mal-humorado da tua casa, mas tu chega aqui tu espairece, todo tipo de brincadeira se encontra aqui, é uma terapia pra falar a verdade. Aqui a gente é tudo amigo, apesar de sermos concorrentes, cada um com a sua banca, mas somos parceiros." 

Foi graças ao trabalho como feirante que Denis conquistou muitas coisas ao longo da vida, mas a principal delas foi a formar as duas filhas, uma em Engenharia Civil e outra em Fisioterapia. "Tudo que eu consegui foi através da feira, mas a conquista maior foi a formação das minhas filhas, isso aí não tem preço. Eu acho que sou o último da minha família a vir pra feira, minhas filhas não vão precisar vir pra cá", declara. 

image Na família Buriti, a profissão de feirante passou de pai para filho (Thiago Gomes / O Liberal)
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