Dia da Família: laços presenciais fortalecem o afeto e o amor no dia dia
Na família da empresária Priscilla Cordeiro, 40 anos, de Belém, abrir mão da convivência familiar não é uma opção

Em tempos de rotinas cada vez mais aceleradas e conexões cada vez mais virtuais, o Dia Internacional da Família, celebrado nesta quinta-feira (15), reforça a importância dos laços presenciais, do convívio frequente e do afeto. Dividir e celebrar momentos especiais, como viagens, festas e datas comemorativas, é essencial para fortalecer os vínculos familiares e cultivar um afeto verdadeiro, como apontam os psicólogos. E essa relação saudável é fundamental até mesmo para o bem-estar emocional.
Na família da empresária Priscilla Cordeiro, 40 anos, de Belém, abrir mão da convivência familiar não é uma opção. Em casa, junto do marido e dos filhos, ela faz o possível para criar memórias especiais. Mãe de Ava (3 meses), Otávio (14 anos), Maria Luiza (9 anos) e Lari (23 anos), Priscilla valoriza cada momento em família. “Não conseguimos estar juntos o tempo todo juntos, mas, sempre que podemos, organizamos diversas programações em família. Temos uma dinâmica familiar bem ampla”, conta.
“Quando chegam as datas comemorativas, procuro dar um significado mais representativo do que apenas comemorativo. Por exemplo, no Dia das Mães, digo para os meus filhos: ‘Hoje vamos fazer um almoço especial, não só porque é Dia das Mães. Podemos fazer um almoço especial qualquer dia, mas hoje faremos uma oração diferente. Porque acredito que, sem espiritualidade, não há inteligência verdadeira. E ensino muito isso a eles. Aqui em casa, comemoramos de um jeito diferente.’”
“Celebramos de forma consciente. Rezamos, criamos programações especiais, para que eles entendam que o mais importante não é o dia em si, mas o que ele representa. E que esse momento especial sirva para que tenhamos outros semelhantes ao longo do ano. As datas comemorativas, aqui, são celebradas com muita lucidez. Sempre explico a eles o verdadeiro significado de cada ocasião”, diz Priscilla.
O empresário Renato Silva, 38 anos, pai da pequena Ava, compartilha com a esposa a mesma visão sobre o papel da família: “Enxergo a união familiar como a base de tudo. É nela que a gente encontra apoio, segurança e força para crescer em todas as áreas da vida. Saber que a gente pode se apoiar um no outro nos faz crescer juntos. E temos Deus no centro da nossa relação familiar”, afirma.
Renato reforça que os momentos de convivência também são sinônimo de alegria e descontração. “Quando estamos juntos é muito prazeroso, porque nos divertimos bastante. Esses momentos simples são os que constroem as memórias mais especiais e eternizam o valor de estar em família”, observa.
Pai de primeira viagem, para ele, a chegada de Ava, tem sido motivo de muita alegria - nos momentos compartilhados no dia a dia. “A Ava é um divisor de águas para a gente. Ela trouxe um amor que é impossível escrever em formas de palavras. Cada conquista dela, cada evolução, a gente vibra, a gente comemora todos juntos em família”, comenta, ao garantir que a chegada da filha trouxe ainda mais união à família.
Afeto
Para Priscilla, a importância dessa união vai muito além das comemorações. Ela acredita que o afeto se constrói no cotidiano. Em meio à era digital, ela busca manter a presença física como prioridade na rotina familiar. “Acredito que precisamos estar muito próximos dos nossos filhos, porque as redes sociais, a comunicação e a globalização vêm numa velocidade muito rápida, trazendo muitas informações ao mesmo tempo”, afirma a empresária.
“E a forma que encontramos aqui em casa para equilibrar isso é justamente a convivência com eles. Fazemos com que percebam o valor dos momentos compartilhados. Seja desenhando, pintando ou lendo, lemos muitos devocionais, buscamos fortalecer essa conexão”, completa Priscilla, ao lembrar que sair da rotina junto dos filhos também é uma forma de se manter mais próximo e criar memórias afetivas.
Outro valor que ela faz questão de transmitir aos filhos é que o afeto deve ser cultivado de forma natural, e não como uma obrigação. “Não coloco meus filhos na condição de terem que gostar da família. Mostro que aqui é um lugar bom, tranquilo, acolhedor. Mas eles permanecem se estiverem felizes, se estiverem bem. Deixo que se sintam à vontade em relação a isso. Família é, antes de tudo, uma coincidência. E os laços devem acontecer de forma espontânea”, conclui.
Bem-estar
O convívio e os momentos de reunião familiar são fundamentais para reforçar e fortalecer o sentimento de pertencimento. A psicóloga Rafaela Guedes explica que é na interação presencial com o outro que o sentimento de pertencer e de ser amado se torna mais forte. “É a família que garante o sentimento de pertença, na maior parte das vezes, de segurança, um porto seguro, um lugar mais ou menos imutável, que traz o sentimento de segurança diante de um mundo em constante transformação”, comenta.
“E, se não há a possibilidade de um encontro presencial, é fundamental que o vínculo permaneça, se prolongue através dos meios digitais. Mas, se existe a possibilidade do encontro presencial, é fundamental que se estimule, que se entenda o que pode estar sendo bloqueio e impedimento para esse encontro [físico], cuide disso para que as relações possam acontecer no meio físico também”, ressalta Guedes.
A psicóloga explica ainda que a união se sustenta em momentos reais e de interação com o outro: “Nada substitui o toque, o cheiro. O contato visual até se consegue pelo digital, mas há outros aspectos fundamentais para a proximidade humana que fazem o laço, ainda que a gente não perceba conscientemente, como o jeito de brincar, de falar, que é possível no encontro livre, presencial. Tudo isso é fundamental para a manutenção de um vínculo forte”.
Por outro lado, a família é a base até mesmo para o bem-estar mental, como evidencia Rafaela. O ambiente familiar também atua como um sistema protetor. “Quanto mais amado e seguro se sente o sujeito, maiores são suas capacidades e habilidades de lidar com as adversidades da vida, inerentes à existência, e menores as chances de adoecer psiquicamente”, aponta a psicóloga.
“O segredo da união familiar, que faz ela se manter unida ao longo do tempo, na maioria das vezes, é a capacidade de perdoar: a falibilidade humana, a fragilidade do outro, a capacidade que o outro tem de reconhecer seus erros ou não. Mas o perdão é o que possibilita que o laço social, em geral, aconteça — e especialmente no ambiente familiar”, acrescenta a psicóloga.
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