Cosanpa realiza retirada das plantas aquáticas para a garantia da qualidade das águas que abastecem Belém

A vegetação aquática no local, são as macrófitas, importantes para a depuração da água e equilíbrio da fauna.

Emanuele Corrêa
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O lago da Água Preta é um dos reservatórios naturais da estação de tratamento de água do Bolonha, que atende cerca de 60% de Belém e uma parte de Ananindeua, 1 milhão de pessoas são beneficiadas. A vegetação aquática no local, são as macrófitas, importantes para a depuração da água e equilíbrio da fauna. No entanto, quando entram em contato com o esgoto se proliferam rapidamente e, em excesso, trazem risco a qualidade da água. Por isso, a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), realiza a limpeza com a retirada destas plantas do lago Água Preta, no Parque Estadual do Utinga.

O presidente da Cosanpa, José Antônio de Angelis, afirma que o lago do água preta é um dos principais que fazem a captação que vem do Guamá, serve como sedimentador que irá ao lago Bolonha, por isso, fez-se um estudo com licenciamento ambiental, para a retirada dessas plantas, sem impactar as espécies que habitam a área. "Temos licenciamento ambiental para isso, porque existe todo um corpo de seres vivos que transitam pelas macrófitas e são importantes para biodiversidade da região. A importância deste trabalho é a melhoria da qualidade da água que estamos distribuindo para a população. Desde a captação, armazenamento e distribuição. Aqui é o começo", declarou o presidente.

Marcela Gonçalves é engenheira ambiental e explica como funciona este trabalho, que requer o uso de maquinário pesado e envolve uma equipe de 20 profissionais de diversas áreas que auxiliam na retirada da vegetação, até a catalogação dos animais que são encontrados entre as macrófitas. "Este trabalho é uma questão de saúde publica ao município de Belém. Estamos fazendo a retirada dessa vegetação de água, por meio de dados, levantamentos e estudos. Nos conseguimos identificar que a maioria é vegetação de grande porte. Assim, chegamos a um denominador com a Cosanpa e Ideflor-bio, para que esta retirada seja feita por equipamentos mais pesados", explica a engenheira ambiental.

Marcela apresenta a equipe da redação integrada de O Liberal o espaço de trabalho, que em terra conta com um guindaste que possui um 'braço' de 65 metros que é inçado sob o lago, retirando a vegetação. Após isso, as plantas são depositadas sob mantas onde o biólogo e outras pessoas da equipe farão a retiada dos animais, geralmente: peixes, sapos, cobras e outros anfíbios. "A vegetação é retirada e posicionada em uma manta, fazemos o espalhamento deste material a partir dai é coletada toda espécie faunística, que é catalogada pelos biologos e devolvido a natureza. Esse material fica 24h na manta, se ainda tiver algum animal desta fauna, ele consegue sair. Apos reduzir colocamos na caixa para se destinado ao local adequado... Temos também uma balsa que é a draga anfíbia. Faz a captação desta vegetação mais pesada e temos os barcos nos auxiliando", explica Marcela.

image Limpeza precisa ser feita periodicamente, para remoção das plantas que crescem devido a fatores humanos e ambientais (Ivan Duarte / O Liberal)

Com este processo, a cada meia hora é possível fazer a retirada de 17 conchas, ao longo do dia corresponde a 750 metros cúbicos de plantas. Já os animais, são muitos a serem devolvidos a natureza. Augusto Pereira, pesquisador do Ideflor-Bio e gestor ambiental que atua nesta ação da cosanpa diz que em um dia já encontraram 27 cobras e que os peixes são soltos o quanto antes, para evitar a mortandade, mas as demais espécies são medidas, fotografadas, registradas e devolvidas ao ambiente natural. "A minha equipe é multidisciplinar, temos veterinários, biólogos e gestores ambientais. Fazemos todos os procedimentos de catalogação e depois fazemos a soltura desses animais... O Parque do Utinga é uma unidade de proteção integral, então, tem responsabilidade sobre os mananciais que abastecem Belém. A Cosanpa é co-gestora. Essas macrófitas são essenciais para a boa saúde dos mananciais, assim como toda biota, toda vida presente, ela esta diuturnamente trabalhando pela saúde dos lagos", observa o pesquisador.

"Cuidando dos animais, por exemplo, os anfibios, que se alimentam dos insetos, eles controlam essa população. Se não tivesse os sapos aqui, seria infestado de insetos. Cada organismo colabora com a depuração deste ambiente aqui e favorece a população que usa água para os diversas utilidades do dia a dia", completa o biólogo.

Após coletar, medir, identificar os animais, é hora de soltá-los, em uma área o parque 200 metros distante de onde foi feita a limpeza da área, para que não sejam novamente capturados na operação. "Temos que tira-los da área critica, que é a área onde as maquinas estão trabalhando. Essa intervenção é uma oportunidade de identificar outros animais que nunca foram encontrados, ajuda na limpeza, manutenção da agua e ajuda a fauna, porque é uma estratégia de conservação e alimenta o banco de dados da pesquisa cientifica do parque, e melhorar as estratégia de conservação do parque", reitera Augusto.

Além desta ação reparadora, o presidente da Cosanpa reforça que a entidade está comprometida em realizar ações preventivas, por isso, aguarda o posicionamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para um empréstimo para realizar a construção de um anel que circulará o lago. "Reunindo para conseguirmos um financiamento de 125 milhões de dólares, para construir adutoras, um anel de proteção envolta do do lago, onde vamos captar esse esgoto de todas as comunidades em volta e tratá-lo no que será construído aqui para nós. Porque senão, toda vez terá que fazer este trabalho: esgoto chega aqui, alimenta as algas e nós temos que retirar as algas. Até o final do ano teremos ou não a aprovação do banco e com essa aprovação acredito que em Abril de 2022 já podemos começar essas obras, caso aprovado", ressaltou José.

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