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Cantor e compositor Rafael Lima morre em Belém nesta sexta (7)

Ele se destacou na carreira artística e na defesa das causas sociais

O Liberal
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Uma nota triste no meio da agitação dos paraenses com o transcurso do Círio de Nossa Senhora de Nazaré: o cantor e compositor Rafael Lima morreu em Belém nesta sexta-feira (7), aos 65 anos de idade. Rafael faleceu às 16h15, ao sofrer uma parada cardíaca. O cantor encontrava-se internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Belém. 

O velório será realizado a partir da zero hora deste sábado (8), na Capela Max Domini, na avenida José Bonifácio, entre Caripunas e Paes e Souza, no bairro do Guamá, até as 14h30, quando o corpo do cantor será levado para a Câmara da empresa, em Marituba, onde será guardado para, em breve, ser cremado.

O artista havia sido submetido a uma cirurgia de retirada de um tumor cerebral, em 16 de setembro. Segundo a família de Rafael, a equipe médica tentou reanimá-lo, sem sucesso. 

Ativo

Com um bom-humor e simpatia para com o público e amigos, Rafael Lima contava com mais de 40 anos de carreira. Ele é considerado por críticos, cantores e compositores como um dos nomes mais importantes da música paraense.

Ele chegou a levar a música paraense para fora do Estado e do Brasil, ao morar na Suíça. Era um pesquisador de sonoridades. Um outro lado de Rafael Lima foi ter sido uma voz voz ativa e engajada em defesa de causas sociais, como assinalam amigos consternados com o falecimento do artista.

Perda

"É uma perda muito violenta, o Rafael Lima foi um artista acima de tudo inspirador, profundamente original e conectado com o sofrimento de sua gente. Eu me lembro que, em 1979, assisti a um show do "Sol do Meio-Dia", pelo projeto Jaime Ovalle, no Theatro da Paz, no qual o Rafael era o vocalista principal de uma banda que tinha entre seus integrantes o Walter Freytas, outro grande músico da mesma geração. E eu tenho a exata sensação de que foi ali, naquele show, que eu tive uma imensa vontade de tocar um instrumento e compor", declarou o cantor e compositor Edir Gaya.

Edir relembra que "depois, ainda no período da Ditadura, por várias vezes, participei de vigílias organizadas pelo Movimento em Defesa do Direito de Morar, na Praça Dom Pedro II, nas quais o Rafael era presença certa, animando com suas canções originais a tensão do confronto político com as forças de segurança". "Fará muita falta, o Rafael", acrescentou.

Despedidas

A cantora Ju Abe, filha de Rafael Lima, destacou que "o que define o meu pai é a luta pela música dele, a música em que ele acreditava e também na justiça social". Rafael Lima chegou a morar na Suíça, onde tocou no célebre festival de jazz de Montreux. Ele deixa companheira e três filhos, inclundo Jaco (nome em homenagem ao baixista de jazz Jaco Pastorius, de quem Rafael era fã) e Lucas, que mora no Canadá.

Ju Abe contou que Rafael Lima chegou a gravar cinco álbuns e cinco coletâneas. "Nesses cinco estão três gravados na Europa, um em Belém ("Nômade", no qual Ju canta com o pai) e deixa um outro gravado em Belém que a gente vai lançar até o final do ano", declarou.

O escritor e produtor cultural Jorge André Silva disse que primeiramente conheceu Rafael Lima como artista, inclusive, admirado por músicos amigos seus. "Depois, como ativista, e, então, ele virou meu amigo, sempre atuando nas causas sociais. Passamos a atuar juntos no trabalho. Em 2021, eu produzi um show dele na Estação Gasômetro e tambem fizemos a música "Grito da Esperança" para O Grito dos Excluídos (evento realizado em 7 de setembro cobrando por por justiça social)", relatou Jorge.

Ele contou que ultimente a dupla vinha organizando o lançamento de clipes do cantor e planejando shows. "Fica o exemplo  de uma pessoa que utilizava o seu talento em prol da sociedade, fazendo canções de cunho social" ,arrematou Jorge André. 

Pesar

Ainda nesta noite de sexta-feira (7), a Prefeitura de Belém externo que "lamenta com imenso pesar o falecimento do consagrado cantor e compositor paraense Rafael Lima, na tarde desta sexta-feira (7), no Dia do Compositor Brasileiro". "A morte ocorreu após uma parada cardíaca por conta de complicações pós-cirurgia de retirada de tumor cerebral. Ele estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital de Belém". 

A PMB comunicou que, "além de artista, Rafael Lima era lutador e engajado nas causas artísticas, culturais e sociais, atuando inclusive como educador popular". "Em Belém, ele trabalhava com oficinas de violão com crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Era também querido por muitas pessoas. Nas redes sociais dele artistas, fãs, amigos, familiares e parentes também lamentam pela morte", acrescentou.

“Tua história musical e tuas lutas serão sempre lembradas. Descansa, Rafa!”, disse Renato Gusmão. “RIP Rafael Lima, que sua nova jornada de vida seja de muita paz e aprendizado. Voa pássaro cantador! A cultura paraense está menos rica”, escreveu Paulo Pires. “Que Nossa Senhora de Nazaré o receba em seu manto, que o Círio torne maior o brilho de sua estrela”, lamenta Paulo Faria, que fez teatro com o artista. 

Campanha pela saúde e vida - Antes de cair doente, em setembro deste ano, o artista trabalhava no "Pau Torando", mais um lançamento do álbum "Sinal Aberto", novo trabalho de Rafael Lima ainda para lançar. Ao ficar debilitado, para ajudar no tratamento, familiares e amigos uniram-se em uma campanha de vakinha virtual, para arrecadar fundos e ajudar no tratamento, custeando gastos como transporte, exames, consultas médicas e remédios. 

45 anos de carreira

Rafael Lima era um dos músicos mais relevantes da cena musical paraense, tendo pelo menos 45 anos de carreira. Nesse tempo, lançou os álbuns “Arribadas (1994/ Suíça)”, “Apuí (1996/ Suíça)”, “Brasil, 500 years, so what? (2000/ Suíça)” e "Nômade (2015/ Belém, Brasil)”, dois registros ao vivo: “Rafael Lima live at bierhubeli (2000/ Suíça)”, “Rafael Lima live at Montreux (2004/ Suíça)”, além de um single lançado com vídeo-clipe: “O Bruto (2021/ Belém, Brasil)”.

O artista paraense também tocou no consagrado Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça, em 1994, além dos Festate World Music Festival (Chiasso/ Suíça), Festival Latino-Americano (Milão-Itália), Festival Mozart 200 anos (Varese/ Itália), Festival Contra o Racismo e a Xenofobia (Locarno/ Suíça). Ele foi idealizador do Festival de Jazz Jacofest (Belém 2012/ 2014) e participou do Terruá Pará, entre os finalistas (2013), como repassou a Prefeitura de Belém. 

 
 

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