Campanha arrecada cestas básicas e celulares para a região das ilhas

Diante do agravamento da pandemia, o coletivo Casa Preta retomou no fim de março a campanha cidadã “Águas do Cuidar”. O foco é na alimentação e na inclusão digital de crianças e jovens de escolas públicas das ilhas de Belém - muitas delas vivem a exclusão tecnológica, apesar da proximidade com a cidade.

"Queremos apoiar os estudantes dessas regiões na educação remota, pois eles precisam de uma atenção especial para não desanimarem dos estudos. As ilhas, nos últimos anos, passam por um processo de abandono muito grande e a pandemia só piorou tudo", afirma Anderson Ferreira, educador social conhecido como Don Preto.

Doações são para ajudar famílias em Outeiro, Cotijuba e outras ilhas de Belém (Ivan Duarte/O Liberal)

Ele lembra que, por estarem fora do circuito de negócias, transportes e urbanidade do centro de Belém, os moradores das ilhas do entorno da metrópole sobrevivem essencialmente do comércio. Don avalia que o local mais impactado foi Caratateua, com 40 mil habitantes e segundo ele "mergulhada em fome e abandono".

"A gente acredita que coletividade é importante nesse momento da pandemia. Quem tem sofrido cada vez mais é a população preta. Não é só o covid-19. É o abandono, a falta de estrutura, a falta da higiene e saneamento e também a falta de auxílio psicossocial, sem contar a fome. Tudo é resultado desse terrorismo que ocorre no brasil nos últimos 520 anos chamado racismo", diz.

"Queremos apoiar estudantes dessas regiões na educação remota, pois eles precisam de uma atenção especial para não desanimarem dos estudos. As ilhas, nos últimos anos, passam por um processo de abandono muito grande e a pandemia só piorou tudo", afirma Anderson Ferreira, educador social

A Casa Preta completou 12 anos de atuação e já entrou na terceira semana de campanha. As doações até o momento somam 140 cestas que começaram a serem distribuídas nesta quarta-feira (13) com auxílio da Escola Bosque, de Outeiro. 

Apoio na hora certa

Laihana Sousa é autônoma e relatou estar muito agradecida pela iniciativa, que mais do que alimento, traz dignidade para quem sobrevive de trabalhos esporádicos e da ajuda de amigos ou familiares.

"A cesta veio em uma boa hora pois eu não fui aprovada no auxílio emergencial e estou completamente dependente dessa ajuda e de bicos que faço. Mas está muito difícil. Tanto que quando me falaram dessa ação eu vim correndo pegar. É a única forma de conseguir um alimento. Nem que seja pouco, todo pouco já é o suficiente para sobreviver", disse ela.

Laihana não foi aprovada no auxílio emergencial e está vivendo de bicos (Ivan Duarte/O Liberal)

"A cesta veio em uma boa hora pois eu não fui aprovada no auxílio emergencial e estou completamente dependente dessa ajuda e de bicos que faço", diz a autônoma Laihana Sousa

O projeto também engloba o parceiro Quintais Ecopoéticos, que trabalha com agroecologia e soberania alimentar na ilha de Caratateua. A associação recolhe junto com a Casa Preta mudas e sementes para a plantação de hortas.

"Esse projeto serve para não ficarmos somente no contexto do assistencialismo, de só receber doação. Queremos autonomia alimentar e autogestão para um possível comércio no futuro. É importante que a ilha plante também, pois vivemos em um contexto semiurbano que carece de soberania alimentar", ressalta Dom. 

Veja como doar

Entrega de cestas básicas, eletrônicos, sementes e mudas:
Rua dos Bacuris, 125, São João do Outeiro, Ilha de Caratateua, Distrito de Outeiro, passando o posto de gasolina, quinta rua a esquerda

Para doações em dinheiro:
Associação de Afro Envolvimento Casa Preta
Caixa Econômica Federal
Agencia: 1882
Conta corrente: 2960-6
OP: 003
CNPJ: 19.244.750/0001-37
PIX: 19.244.750/0001-37

Informações:
Ana Oliveira - (91) 98867-6141