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Cachaça paraense valoriza bioativos amazônicos e aposta em inovação para conquistar mercado

A mais recente aposta da 'Indiazinha' é a linha de bebidas Ice, lançada há dois meses e considerada pioneira no mercado

Bruna Lima
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Criada por dois engenheiros químicos paraenses, a cachaça Indiazinha vem ganhando espaço no mercado nacional ao unir tradição artesanal, identidade amazônica e práticas sustentáveis. Produzida em Abaetetuba, a bebida é resultado do trabalho de Omilton Quaresma, 36 anos, e Robert Campos, 42, que decidiram, ainda na época de faculdade, transformar o potencial dos recursos da região em um negócio de impacto econômico e social.

O projeto nasceu dentro da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde ambos cursaram Engenharia Química entre 2007 e 2011. “A gente discutia muito sobre verticalizar a produção na Amazônia, gerar emprego, valorizar bioativos e criar uma marca com forte identidade”, relembra Omilton. A inspiração para o nome veio de uma experiência em Minas Gerais, durante um curso de mestre cachacier. “Quando disse que era do Pará, brincaram dizendo que lá só tinha índio. A palavra ficou na cabeça e decidimos ressignificá-la com orgulho, unindo ao padrão feminino comum nas cachaças”, explica.

A destilaria, fundada há nove anos, opera em uma fazenda de 42 hectares em Abaetetuba, onde a cana-de-açúcar é cultivada e processada de forma artesanal. Todo o corte é manual e o caldo segue para fermentação e destilação em alambique, garantindo qualidade e preservando o sabor característico da cachaça branca, que serve de base para outras criações.

A marca Indiazinha se destaca pela combinação de ingredientes regionais como jambu, açaí, guaraná e banana, resultando em produtos que carregam o DNA amazônico. A linha também inclui versões envelhecidas em barris de amburana e carvalho, que agregam notas sofisticadas e ampliam o portfólio.

A mais recente aposta é a linha de bebidas Ice, lançada há dois meses e considerada pioneira no mercado. “Temos o primeiro Ice de jambu do Brasil, além das versões de banana, limão e guaraná. É uma forma de dialogar com um público jovem sem perder nossa essência”, comenta Omilton.

A trajetória dos empreendedores, no entanto, não foi fácil. Além da burocracia e da carga tributária elevada, a logística na região Norte representa um desafio constante. O período mais crítico veio com a pandemia de COVID-19. “Nosso produto não era considerado essencial e ficamos sem faturamento, precisando manter a estrutura e os funcionários. Foi um momento de perseverar e confiar em Deus”, lembra Omilton.

A parceria com o Sebrae tem sido fundamental para superar barreiras e conquistar visibilidade. A destilaria participa de eventos e feiras nacionais, e planeja ampliar o alcance durante a COP30, prevista para 2025 em Belém. “Queremos usar esse momento para mostrar nossa história e criar conexões com quem valoriza autenticidade e inovação com propósito”, diz Robert.

Sustentabilidade e impacto social

Desde a fundação, a destilaria adota práticas sustentáveis. O bagaço da cana é reutilizado na própria caldeira para gerar vapor durante a destilação e o excedente é doado a comunidades locais para uso como adubo. A empresa também fomenta agricultores familiares que cultivam jambu, beneficiando cerca de 60 famílias e contribuindo para a preservação da floresta em pé. “Temos orgulho de empregar mulheres da zona rural e de manter toda a produção alinhada à legislação ambiental”, reforça Omilton.

Atualmente, a marca Indiazinha é reconhecida não apenas pelo sabor diferenciado, mas também pela mensagem que carrega. “Mais do que vender bebidas, queremos contar uma história de resiliência e pertencimento. É gratificante ver o carinho das pessoas com a nossa cachaça, entendendo que é um produto genuinamente amazônico”, conclui Robert.

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