Bebês reborn: no Pará, desejo de filha vira negócio de sucesso da mãe
"Fenômeno reborn" ganha força em 2025 com viralização nas redes sociais e impulsiona mercado de artistas de bebês realistas no Brasil
O mercado de bebês reborn e todas as suas ramificações vêm chamando atenção nas redes sociais - e fora delas. Desde os encontros promovidos pelas "mães de bebê reborn" até projetos de lei no Rio de Janeiro para inclusão do "Dia da Cegonha Reborn" no calendário oficial da cidade.
Para além de esteriótipos e preconceitos, é importante ressaltar a importância do impulsionamento que o mercado reborn trouxe para diversas artesãs e artesãos, que viram nesse segmento uma boa oportunidade de negócios e até mesmo realização de sonhos.
O O Liberal conversou com uma artesã paraense de bebês reborn, que a partir do interesse da filha pelo produto, iniciou um negócio no seu ateliê e hoje observa o crescimento e sucesso do empreendimento.
Como começou a "febre" dos bebês reborn?
Os bebês reborn surgiram nos Estados Unidos nos anos 1990 como uma forma de artistas realistas transformarem bonecas comuns em réplicas extremamente detalhadas de recém-nascidos. No Brasil, os bebês reborn começaram a ganhar destaque nos anos 2010, principalmente, com a ajuda da internet e de feiras de artesanato.
Em 2025, essa tendência de bebês se intensificou de forma grandiosa e alguns fatores dessa alta são:
- Influência das redes sociais: vídeos com unboxings de bebês reborn, rotinas “maternas” com as bonecas, e desafios de cuidado com reborns viralizaram.
- Busca por conforto emocional: em um cenário pós-pandêmico e de instabilidade emocional, muitas pessoas buscaram formas alternativas de lidar com a solidão, ansiedade ou traumas.
- Comercialização facilitada: pequenos ateliês se profissionalizaram, e marketplaces como Shopee, Elo7 e Instagram permitiram maior alcance dos artistas brasileiros.
- Cultura do afeto e maternidade simbólica: influenciadas por discussões sobre maternidade, cuidados e afeto, muitas mulheres (e alguns homens) passaram a ver os reborns como instrumentos para vivenciar aspectos da maternidade sem os encargos da vida real, seja por escolha ou por impossibilidade de ter filhos.
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Aline ressalta também que o mercado reborn a fez buscar ainda mais cursos e especializações na área do artesanato: "Eu sempre trabalhei com artesanato, sempre gostei de trabalhar nessa área da criatividade, e aí fui atrás de quem dava cursos, eu me especializei com várias artistas renomadas, surgem novas técnicas, surgem produtos novos no mercado e a gente está sempre procurando entender mais, saber mais e se especializar cada dia mais."
Atualmente, a artesã tem como o maior público e clientes crianças da faixa etária de 3 a 12 anos, mas que também têm vários clientes adultos e até idosos. A principal busca são por bebês de pronta entrega no contato inicial, mas que os personalizados também são bastante procurados para encomenda. Os preços também mudam conforme o desejo do cliente:
"E aí depende do tamanho, do peso, do tipo do olho, do tipo do cabelo. Então vai ser mediante as características o valor do bebê. Mas, em geral, os nossos preços são a partir de R$ 1.400,00.", informou.
A fabricação dos bebês reborn também é algo que desperta a curiosidade de muitas pessoas e Aline explicou como é realizado o processo, que consiste na manipulação de um kit de vinil siliconado com a cabeça e os membros dos bonecos, conforme explica Aline.
"Nós adquirimos esse kit desta forma totalmente branco, sem pintura nenhuma, totalmente cru e a partir desse material a gente vai aplicar técnicas de pintura da arte reborn: técnicas de pintura, inserindo tintas, vernizes no vinil. Cada etapa vamos selando esse bebê no forno e a quentura vai fazer com que o vinil possa absorver essa pintura e ela não saia Depois da fase da pintura, nós conseguimos efetuar todo o processo de pintura, dando um realismo. Depois vem, fio a fio, o cabelinho na cabeça do bebê, vamos colocar enchimento para simular um peso real de um bebê, dependendo do tamanho, 50 centímetros, 48 centímetros", contou.
(Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de OLiberal.com)