Basílica de Nazaré celebra centenário do título basilical como casa da ‘padroeira dos paraenses’

A igreja é um dos maiores símbolos da fé católica no Pará; segundo o padre Giovinni Incampo, o título é um privilégio concedida pela própria padroeira

Fernando Assunção

A Basílica Santuário de Nazaré celebra, nesta quarta-feira (19), os 100 anos do título basilical. Considerada pelos devotos como a casa da “padroeira dos paraenses”, a igreja é um dos maiores símbolos da fé católica no Pará, sendo o destino final do Círio de Nazaré, responsável também por abrigar a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré, encontrada por um caboclo no ano de 1700, segundo a tradição. O título de “Basílica” foi concedido pelo então papa Pio XI, no dia 19 de julho de 1923, conforme eternizado no teto do altar da igreja. 

image O padre Giovanni Incampo, Vigário de Nazaré, conta que o templo mariano recebeu o título quando ainda estava em obras. (Cristino Martins / O Liberal)

O padre Giovanni Incampo, Vigário de Nazaré, conta que o templo mariano recebeu o título quando ainda estava em obras, um privilégio, segundo ele, concedido pela própria padroeira. “Já passou um século da proclamação à Basílica da nossa igreja maravilhosa do Pará, que não estava terminada ainda quando recebeu o título, não tinha a beleza que temos agora na Basílica de Nazaré, com todos os seus mosaicos, vitrais e tudo que nós conhecemos. Àquela altura, ainda estava começando a decoração, só se tinha a estrutura externa da igreja. Antes que se terminasse, portanto, a Basílica, o Vaticano deu esse título à igreja, acho que por privilegiado provocado pela própria Nossa Senhora”, reflete.

Basílica Santuário

O padre explicou, ainda, que o título de “Basílica” nada mais é do que um reconhecimento à importância do templo católico. “É o Papa quem julga se a igreja é importante e merece o título de ‘Basílica’. O termo tem origem no grego e significa: ‘igreja mais importante da família real’. No nosso caso, creio que sendo este templo a ‘casa’ de uma denominação de Nossa Senhora tão procurada, tão venerada e amada, onde se estabelece um vínculo tão forte com a comunidade, de filhos para a mãe e de mãe para os filhos, onde os fieis se sentem tão à vontade para procurar, tudo isso foi determinante para que a Basílica de Nazaré ganhasse esse reconhecimento do Vaticano”, avalia.

Basílica de Nazaré é símbolo máximo da proximidade da padroeira com os fieis

image Luiz Carlos Leão tem uma paixão imensurável pela Basílica e a Virgem de Nazaré. (Cristino Martins / O Liberal)

“Cheguei no Pará no dia 2 de setembro de 1972 e foi na Basílica de Nazaré onde eu assisti a minha primeira missa. Ali eu conheci a importância de Nossa Senhora de Nazaré para todos os católicos”. A fala é do aposentado Luiz Carlos Leão, natural do estado do Piauí, que chegou em Belém (PA) com 17 anos de idade. Hoje, aos 70, ele mora no Maranhão, mas precisou voltar à capital paraense para resolver questões pessoais e não deixou de comparecer ao lugar que primeiramente o acolheu. Ele conta que ainda arrumando as malas para voltar à cidade, foi na Basílica de Nazaré que pensou.

“Nossa Senhora de Nazaré é tudo na nossa vida. Não tem explicação para não venerá-la. A gente só adora a Deus, mas ela a gente venera, é a mãe de Jesus, foi quem gerou Nosso Senhora. Quando eu comecei a arrumar minhas coisas lá no Maranhão para vim para o Pará, eu rezei o meu terço a ela e disse: ‘mãezinha, amanhã eu vou estar na tua casa para te agradecer pela belíssima viagem que farei. Que teu Filho conduza o carro’. Quando cheguei, não entrei pelas laterais, entrei pela frente e fiquei uns dez, quinze minutos, só olhando para ela, conversando com ela e agradecendo a todos os santos”, relata o fiel.

image A psicóloga Bruna de Freitas acredita que a Basílica de Nazaré seja o verdadeiro “berço do catolicismo” para os fieis paraenses. (Cristino Martins / O Liberal)

A psicóloga Bruna de Freitas, de 32 anos, acredita que a Basílica de Nazaré seja o verdadeiro “berço do catolicismo” para os fieis paraenses. Ela, que natural de Pernambuco e já vive há 15 anos no Pará, conta que a devoção foi ensinada pelos familiares assim que chegou no estado e, desde então, são mais de 15 anos acompanhando o Círio na corda. “Essa igreja para mim lembra muito o Círio, que começa na trasladação, durmo na Sé, espera a missa e acompanho o Círio até aqui, na Basílica. Para nós, católicos, a importância dessa igreja é indescritível e poder ter a oportunidade e o privilégio de frequentar a ‘casa’ de Nossa Senhora é muito emocionante”, conta.

image Lúcia Queiroz não conteve a emoção ao falar da padroeira dos paraenses. (Cristino Martins / O Liberal)

Quem também não segurou a emoção foi a aposentada Lúcia Queiroz. A paraense já rodou o Brasil acompanhando seu marido militar, mas em cada canto levou a devoção à Nossa Senhora de Nazaré. Atualmente morando na Paraíba, depois de nove anos, ela voltou à Basílica de Nazaré. “É a melhor mãe do mundo, de todos nós, ela nos ama, como Deus também nos ama de coração e nos perdoa. Tem misericórdia de nós, sempre tão errantes, mas ela nos dá força em meio às provações que a gente passa. Esse é o motivo da emoção. Que a gente procure Deus, porque sem ele a gente sofre muito mais”, emociona-se a aposentada.

Programação

Em alusão à comemoração do centenário do título, a Basílica de Nazaré realiza um dia inteiro de programações evangelizadoras e expositoras, que têm como objetivo apresentar as comunidades, ministérios, serviços, pastorais, movimentos e projetos sociais do templo. A missa de abertura será às 9h. Após, a programação continua na Praça Santuário com apresentações musicais e orações. O evento encerra às 18h, com uma missa seguida da procissão. Nesta missão, serão apresentadas, ainda, as insígnias papais denominadas Tintinábulo e o Umbela, com a bênção de Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém, sobre os objetos. Os objetos ficarão permanentemente dispostas no presbitério da Basílica de Nazaré.

Padre Paulo de Tarso Maria Rodrigues, Barnabita, conta um pouco mais sobre a importância de ter essas representações no templo. “É concedido essas insígnias devido à relevância do nosso templo para a evangelização da região e do Brasil e também por suas ricas características culturais, artísticas e históricas”. Quando questionado se, na concessão do título havia na basílica as insígnias, o sacerdote responde: “não sabemos ao certo se no inicio da basílica tinha, mas estamos colocando agora para a partir desse momento, do ato de comemorar o centenário, para que a 100 anos estejam ainda as insígnias pontifícias”.

Confira a programação completa:
7h: Missa solene com entrada das fotografias dos brasões da umbela
09h: Missa Solene com entrada da Imagem de Nossa Senhora e quadro dos Padres pioneiros
10h: Procissão da Imagem Peregrina da Basílica para o altar Central
10h30 às 11h30: Animação musical
12h: Santa Missa e apresentação do brasão oficial
12h: Oração do Angelus e Oração do Centenário (na Praça Santuário)
12h15: Oficio da Imaculada Conceição cantado. (na Praça Santuário)
13h às 14h: Animação Musical
14h: Novena de Santo Antônio Maria Zaccaria (na Praça Santuário)
15h: Terço da Misericórdia. (na Praça Santuário)
16h: Animação musical
17h: Apresentação teatral
18h: Missa Solene e apresentação das insígnias papais
19h: Abraço Luminoso
20h: Procissão da Imagem Peregrina de volta do Altar central para a Basílica Santuário de Nazaré

 

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