Aulas em Belém retornam a distância e com pouco acesso à internet

Entrega de kits escolares já começou. Os de alimentação devem chegar ao longo da semana.

Victor Furtado
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As aulas da rede municipal de ensino de Belém recomeçaram nesta segunda-feira (12), para cerca de 72 mil alunos. Só que já com algumas desigualdades que já foram evidenciadas no ano passado: pessoas sem acesso à internet e tendo de lidar com o ensino a distância. Um desafio que cerca comunidades escolares da capital com incertezas. E uma das urgências de muitas famílias, a alimentação, iniciou sem data definida para entrega, mas sim uma estimativa de que seja ainda nesta semana.

No segundo ano de educação na pandemia de covid-19, com tudo a distância, houve uma sensível melhora na organização para a rede municipal de Belém. Os livros e material didático foram entregues antecipadamente, com instruções para as atividades com e sem internet. Quem tem acesso, já começou a receber vídeos de acolhimento das escolas — de algumas, entre as 205 da rede — e algumas primeiras atividades. Quem está fora desse mundo digital, ainda não sabe como será.

Nesta segunda-feira (12), começou a entrega dos kits de material escolar: uniforme, mochila - quem fez a matrícula ou rematrícula no tempo certo, em 2020, já recebeu a mochila antes -, caderno, canetas, lápis, material para pintar, livros didáticos e apostilas. Seria entregue também o kit de alimentação escolar, equivalente à merenda, e foi esse que algumas famílias reclamaram por não ter recebido. Cada escola organizou um calendário e horários agendados para entregar tudo isso, para evitar aglomerações.

Família da Águas Lindas não tem acesso à internet


Dona Alda Maria é uma dessas pessoas que não tem computador, nem acesso à internet. Ela está desempregada, dependendo do auxílio emergencial, e o marido é que tem segurado o orçamento com serviços informais. Enquanto isso, Emanuele, de 10 anos, filha do casal, saiu do terceiro para o quarto ano do ensino fundamental ainda com dificuldades de leitura e escrita. Em casa, a disciplina para estudar é um desafio para a mãe. Todos reclamam que a educação remota é muito difícil. A menina é aluna da escola Parque Bolonha, no bairro Águas Lindas, onde pelo menos cinco famílias também relataram não ter acesso à internet.

"Eu nem sabia que ia começar hoje. Foi uma conhecida que me avisou e fui lá e soube até que ia ter cesta de alimentação. Só que não entregaram a cesta. Esse negócio de aula a distância é ruim. A gente improvisou um local pra ela estudar na área de casa, onde é mais ventilado, mas é difícil. Passaram ela de ano e ela ainda está com dificuldades. Por enquanto, parece que está mais organizado que ano passado, que só peguei uma apostila pra ela. Agora teve até livro. Vamos ver como isso vai ser. A esperança é de melhorar", disse Alda. Emanuele não está nada entusiasmada.

image Nas escolas, familiares recebem os kits e orientações sobre o que fazer (Thiago Gomes)

Escola fará diagnóstico das necessidades da comunidade


Márcia Bittencourt, titular da Secretaria Municipal de Educação de Belém (Semec), garante que os professores estão se esforçando e vão fazer o melhor para entregar conteúdo de qualidade a todos os alunos. Seja para os que têm acesso à internet, seja para os que estão totalmente desconectados, como Dona Alda Maria e Emanuele. "Os kits de alimentação foram balanceados e planejados para como se fossem a merenda escolar mesmo. Qualquer dúvida, quem puder entrar em contato pela internet, pode procurar. Ou ir à escola. Nossos servidores estão orientados a trabalhar com distanciamento, álcool e máscaras", comentou.

O diretor da escola Parque Bolonha, Glaydson Canelas, disse que a procura no primeiro dia foi alta. Na porta, foram afixados cartazes para orientar as famílias dos alunos sobre as turmas, horários, agendamento para buscar os kits — em diferentes horários — e ainda assim várias pessoas iam em horários errados. Eram orientadas e algumas ainda ficavam chateadas. A comunidade conta com 1.380 estudantes.

image Kits têm livros, material escolar e uniforme. Alimentação ainda chega a escolas (Thiago Gomes)

"Estamos vivendo uma pandemia, numa crise econômica e a comunidade precisa voltar a ter contato com a escola. Por isso estamos retornando às aulas. Faremos um diagnóstico de quantas pessoas não têm acesso à internet na nossa comunidade e vermos como lidar com as reais necessidades dos nossos alunos e as famílias deles", disse o diretor da escola Parque Bolonha.

A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com a Semec para saber as estimativas de estudantes sem acesso à internet e prazo para chegada dos kits de alimentação escolar. Por fim, como será o atendimento e instruções aos alunos sem internet para lidar com os conteúdos.

Em nota, a a Semec informou que ainda nesta semana os kits de alimentação serão entregues. Quanto ao total de alunos que não tem acesso à internet, o órgão disse que as escolas é que farão esse levantamento.

"O ensino não presencial se diferencia do ensino remoto justamente por permitir outras alternativas pedagógicas que possibilitem o acesso ao processo de ensino-aprendizagem, como a utilização de atividades impressas e livros didáticos. Pelo diagnostico feito com professores, a maioria dos acessos são feitos via celular e de aplicativos como o WhatsApp, por isso grande parte de nossas escolas estão explorando ao máximo esse recurso tecnológico", diz a nota da Semec.

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