Após 5 anos de luta contra câncer no olho, menina de 14 anos toca o Sino da Vitória no Oncólogico

Ana Luisa Lobato foi diagnosticada com rabdomiossarcoma em 2017 e, desde então, travou uma verdadeira luta de combate a doença

Camila Azevedo

Até novembro de 2022, 30 crianças receberam as chamadas altas curadas de algum tipo de câncer no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), referência no segmento, em Belém. Isso significa que não apresentaram indícios da doença no período superior a cinco anos. No mesmo intervalo, 377 pacientes estavam em tratamento contra tumores malignos na instituição. Os dados foram repassados pela unidade de saúde. Porém, as histórias de superação de quem conseguiu vencer as batalhas seguem inspirando.

Ana Luisa Lobato da Silva, de 14 anos, fazia parte desta estatística, que deixou de ser uma realidade na vida da adolescente no dia 13 de dezembro do ano passado, momento em que tocou o Sino da Vitória do Hoiol, comemorando o fim de uma jornada. Ela foi diagnosticada com rabdomiossarcoma, um tipo de câncer nos olhos que corresponde de 4% a 5% dos tumores malignos na faixa etária pediátrica, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCa) em 2017 e, desde então, sonhava com a cura, que nunca deixou de ser acreditada.

O primeiro sinal da doença foi um inchaço incomum no olho. Ana conta que, na época, os primeiros profissionais não conseguiram um diagnóstico preciso sobre a situação. “Ninguém sabia de onde vinha esse inchaço, até que eu fui em um posto [de saúde] e na consulta com a pediatra, nem ela soube explicar direito. Aí, ela me encaminhou pro genro dela que é oftalmologista e ele também não soube explicar, disse que era pra gente voltar a tarde que o chefe dele ia estar lá e fazer uma ultrassom, porque dava pra ver melhor”, contou.

O resultado do exame não foi o esperado por Ana e pela família: havia uma massa atrás do olho da criança. “E foi aí que me diagnosticaram com câncer, mas precisava fazer uma biópsia para confirmar se era benigno ou maligno. Passei três meses internada. Fizemos a biópsia e a primeira não valeu porque o médico tirou pouca coisa. A segunda tirou bastante massa. Foi difícil. Você nunca imagina que vai acontecer com você, mas com o tempo eu me acostumei”, explicou.

O tratamento, como testemunha Ana Luisa, foi cheio de altos e baixos, mas os pensamentos positivos estavam sempre presentes. “Em alguns dias eu achei que não ia conseguir, mas tentei nunca pensar negativo e focar no positivo nas coisas. Foi complicado porque eu era pequena, então você não entende, foi complicado pra mim entender, saber porque tava acontecendo. Eu sempre tive o apoio da minha mãe e do meu pai. Foram 5 anos longos, difíceis, mas que eu consegui, que Deus me ajudou a vencer essa luta”, relatou.

A alegria de receber a notícia de que estava curada e poderia, finalmente, tocar o Sino da Vitória do Hoiol é descrito pela adolescente como um momento de muita gratificação. “A gente estava mal com tudo isso acontecendo, então, foi uma alegria muito grande, eu não consegui não me emocionar, foi um momento de ser feliz, não consigo descrever em palavras como eu fiquei, é muito gratificante. Foi uma luta de 5 anos, poder bater o sino e falar que venci o câncer”, finaliza.

Fé foi sustento da família ao longo dos anos de tratamento

Irlana Moreira, de 37 anos, é mãe da Ana Luisa e diz que ficou sem chão quando o diagnóstico confirmou o câncer na filha. “Eu jamais imaginei passar por isso, acho que ninguém imaginou. Não foi fácil, foi duro, eu me sentia fraca porque nesse começo eu chorava muito e isso poderia desestabilizar ela. Mas a gente foi vendo que o câncer não é uma sentença de morte e com fé a gente consegue. Ela sempre foi muito forte, ela é meu orgulho, minha força, ela é tudo”, afirma.

Para o pai da Ana Luisa, Carlos Augusto da Silva, de 52 anos, acreditar em Deus foi o sustento necessário durante os anos, que testaram a família ao máximo. "Foi uma batalha muito grande que nós vencemos com a ajuda de Deus. Eu cheguei em uma situação que a me olhavam e diziam que eu tinha que reagir, eu estava numa situação bem triste. Quando o tumor foi reduzindo e a doutora disse que ele ficou pequeno, ela teria que operar, e se não conseguisse tirar o que restou, teria que tirar o globo ocular todo. A minha filha de 8 para 9 anos, você saber que vai ter que tirar um órgão dela é muito triste”, relembra.

A luta também envolveu idas e vindas para São Paulo para a realização de uma cirurgia. A rotina toda de combate à doença tirou Ana da escola por dois anos. Porém, em 2019, ela retornou, sendo uma das alunas mais aplicadas da turma. “Fomos para São Paulo, eu, ela e Deus. Minha filha sofreu muito e nós sofremos junto dela, mas nós podemos dizer que a Ana foi, é e vai continuar sendo uma guerreira. Ela venceu. Queria falar o nome de todos por tudo que fizeram por nós. Hoje só é vitória, alegrias, começamos um novo ciclo dela agora, ela terminou o tratamento mas tem outros acompanhamos”, comemora Carlos.

Outro tipo de câncer nos olhos durante a infância é o mais comum na faixa etária

Apesar de não ser a mesma coisa do caso da Ana Luisa, a filha do jornalista Tiago Leifert foi diagnosticada com retinoblastoma, uma espécie rara da doença, aos 11 meses de vida. O câncer atinge a retina do paciente e deixa a pupila com uma cor branca. Segundo o Ministério da Saúde, é o tumor ocular representa cerca de 3% dos cânceres infantis, chegando a uma média de 400 casos por ano.

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