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Museu Goeldi estreia duas novas exposições em novembro dentro da programação da COP 30

Com acervo de 2,4 mil peças, as exposições “Diversidades Amazônicas” e “Brasil Terra Indígena” serão abertas ao público nos primeiros dias de novembro

Andréia Santana | Especial para O Liberal

O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) vai inaugurar duas novas exposições a partir de novembro, integrando a programação da instituição e de seus parceiros para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30). As mostras “Diversidades Amazônicas”, que será permanente, e “Brasil Terra Indígena”, iniciativa do Centro Cultural Vale Maranhão, reúnem um acervo com mais de 2,4 mil peças e estarão abertas ao público nos primeiros dias do mês.

A exposição “Diversidades Amazônicas”, exclusiva do museu, retrata a origem da Amazônia e reforça o posicionamento da instituição sobre mudanças climáticas e preservação da biodiversidade. A mostra reúne trabalhos de pesquisadores de diversas áreas, contribuições de povos indígenas e tradicionais e obras de artistas, com o objetivo de apresentar a sociobiodiversidade característica do bioma a partir de uma perspectiva de longa duração. O espaço permanente ocupa 486 metros quadrados na galeria do térreo do Centro de Exposições Eduardo Galvão, no MPEG.

“É um incremento da exposição que já estava montada aqui. A gente está acrescentando alguns elementos importantes para valorizar o acervo, para contar uma nova história e também para marcar um posicionamento político da instituição com relação aos debates a respeito das mudanças climáticas, da preservação da biodiversidade”, explicou o coordenador de museologia, Emanoel de Oliveira Júnior.

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Além do acervo, a mostra contará com instalações interativas que oferecem uma experiência imersiva no tempo. Os visitantes poderão conhecer as origens do bioma, há milhares de anos, percorrer a expansão de sua diversidade e chegar ao presente, marcado pelos desafios climáticos, de ocupação e de preservação da Amazônia.

Brasil: Terra Indígena
A segunda exposição a ser inaugurada no Museu Goeldi será “Brasil: Terra Indígena”, iniciativa do Instituto Cultural Vale e do Centro Cultural Vale Maranhão. A curadoria é compartilhada entre representantes das instituições e artistas e pensadores indígenas de todo o país. A mostra ocupa 286 metros quadrados no mezanino do museu e reúne um acervo de diversos povos indígenas das 27 unidades da Federação, com mais de 2 mil peças, incluindo trabalhos de mais de 45 fotógrafos indígenas.

“É uma exposição muito didática que trata da presença dos povos indígenas em todo o território nacional. Em um primeiro momento, ela mostra ao visitante que a permanência desses povos vem de há muito tempo, ou seja, que é uma permanência milenar e que resiste ao crime e à guerra, que os indígenas continuam, permanecem, vivem ainda nos seus territórios, às vezes deslocados, mas com muita resistência, mantendo sua cultura e seus modos de vida. A gente escolheu aspectos da cultura material e imaterial, com peças e fotografias que materializam e presentificam a ancestralidade indígena viva em cada território”, conta o diretor da exposição, Gabriel Gutierrez.

As instalações da exposição se organizam em eixos temáticos e por localidades, apresentando acervos como indumentária, cerâmicas, máscaras, bancos, miçangas e outros elementos que atravessam a cultura de diversos povos indígenas. A mostra também inclui uma representação da roça indígena, com mais de 400 peças artesanais que retratam plantas como pupunha, abacaxi, milho, jenipapo, mandioca, banana e taioba.

Para o coordenador de museologia do Museu Goeldi, Emanoel de Oliveira Júnior, a apresentação da exposição no museu representa um desdobramento da declaração simbólica do Parque Zoobotânico como “terra indígena”, feita em 2023. “A intenção é retomar esse simbolismo para falar de comunidades indígenas no momento da COP30. É uma exposição para falar sobre o protagonismo político, sobre essa ocupação pretérita do território brasileiro, para falar de aspectos da cultura, como música e rituais, trazer um panorama geral de como esses povos chegaram ao que chamamos Brasil, se fixaram e foram desenvolvendo estratégias de adaptação, de sobrevivência e, sobretudo, de enfrentamento dos últimos 500 anos de colonização”, destacou.

Outras exposições

Além das duas novas exposições, o Museu Goeldi reúne intervenções que combinam arte e ciência durante a COP30, conectadas às questões ambientais do evento. Entre elas estão a galeria de 19 painéis muralistas do Arte Urbana de Belém (Maub), espalhados pelo Parque Zoobotânico e pelo Campus de Pesquisa; a exposição “Um rio não existe sozinho”, com nove artistas e um escritório de arquitetura, distribuída em 10 espaços; “Ahetxiê: um tesouro da costa amazônica”, no Aquário Jacques Huber, que alerta para a ameaça de extinção do peixe-serra e resgata a simbologia da entidade Ahetxiê para os karipuna; e a arte muralista Mahku, com dois painéis do Movimento dos Artistas Huni Kuin, inspirados em cantos tradicionais da etnia do Acre.