Fruta regional, jambo faz bem para o coração, apontam estudos
Em Belém, consumidores elogiam a fruta, mas desconhecem as suas propriedades medicinais
Com efeitos positivos na saúde do coração, o jambo, que é uma fruta regional e típica do belenense, tem ganhado destaque em portais nacionais por ajudar a proteger os vasos sanguíneos e contribuir para a prevenção de doenças cardiovasculares. Especialistas, inclusive, confirmam esses benefícios. Rico em antioxidantes e nutrientes essenciais, o consumo regular da fruta pode ter impacto direto na redução de inflamações internas e no controle do colesterol, que são dois fatores decisivos para manter o coração saudável.
Com a ingestão frequente da fruta, o organismo passa a se beneficiar de uma barreira natural contra o desgaste progressivo das artérias, o que resulta em melhor circulação, menor pressão sobre o coração e mais vitalidade. A nutricionista Samara Queiroz, de Belém, explica que o efeito cardioprotetor associado ao jambu se deve ao fato de que é uma fruta rica em antioxidantes, como os flavonoides e as antocianinas, além de também possuir vitamina C.
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Segundo a nutricionista, pesquisas científicas comprovam esses benefícios. “Tem estudos da Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, que avaliou os aspectos fitoquímicos, atividades antioxidantes, hipoglicemiantes e anti-hiperlipidêmicas de frutos do gênero Syzygium, que, no caso, é da família do jambo. E também, estudos da Universidade Federal do Paraná, que avaliou a atividade antioxidante do jambo e seus efeitos na saúde cardiovascular”, relata
“Esses compostos ajudam a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo que estão ligados a problemas cardíacos. A fruta também tem boas quantidades de potássio que ajudam no controle da pressão arterial, ou seja, com a ingestão do jambo, o organismo desenvolve uma barreira natural contra esse desgaste progressivo das artérias, resultando na melhora da circulação, na melhora dessa pressão sobre o coração e diminuindo o risco de doenças cardíacas”, explica Samara.
Benefícios vão além
De acordo com a nutricionista, o jambo ainda possui ação diurética natural, o que ajuda muito para o controle da retenção de líquidos. “Além de toda essa ação cardioprotetora, a fruta possui fibras que auxiliam também no funcionamento do intestino e no controle da glicemia. O consumo pode ser ótimo para quem possui diabetes, além de ter baixa caloria e baixa quantidade de carboidratos, sendo muito interessante para pessoas que buscam o controle do peso corporal”, pontua.
“Com relação à quantidade, o recomendado é consumir de 1 a 2 unidades médias da fruta por dia. Assim, já vai ser o suficiente para poder aproveitar dos seus benefícios dentro de uma alimentação equilibrada, é claro. E sempre é importante variar o consumo de outras frutas para poder garantir um bom aporte de outros nutrientes que estão presentes em outras frutas”, acrescenta a nutricionista.
Consumidores de Belém falam sobre a ingestão da fruta no dia a dia
Consumidores da fruta, em Belém, destacam o sabor e o valor cultural do jambo, e se surpreenderam ao descobrir os benefícios à saúde. Vendedora de castanha do Pará, Socorro Dias, de 57 anos, contou que é consumidora do jambo e se declara fã da fruta. “Eu gosto de jambo. Tudo de bom que você possa imaginar, ele tem. É doce, é saudável, além de ser uma fruta da nossa região”, afirma.
No entanto, Socorro ficou surpresa ao saber dos benefícios da fruta à saúde. “Essa parte eu já não sabia. Sou consumidora, mas não sabia disso. Agora, com certeza, vou consumir mais, pois é uma fruta saborosa e que faz bem para a saúde”, completa.
O feirante Afonso Costa, também de 57 anos, é outro consumidor fiel do jambo. Segundo ele, o consumo é diário durante a safra. “Na época do jambo eu me delicio”, brinca. “O jambo é doce, uma fruta muito gostosa mesmo. Eu acho que é só do Pará que tem”. Afonso também desconhecia os benefícios cardiovasculares da fruta: “Não sabia, mas, se é bom, agora já vou consumir mais ainda. Com certeza, consumir mais e me cuidar. Isso é bom para a saúde. A gente tem que se cuidar, né”, afirmou. Sobre a frequência de consumo, Afonso é direto: “Na época da safra, que é o período em que estamos agora, eu consumo quase todo dia. Hoje já consumi uns 2 ou 3”, afirma.
Sobre a origem da fruta
O jambo tem origem asiática. De nome científico Syzygium jambos, essa fruta também é abundante na Índia e na Malásia, de onde são originários. Porém, com as diversas colonizações que ocorreram ao redor do mundo, também se encontra o Jambo em diversos continentes. No Brasil, por não se adaptar ao clima frio, a fruta se ajustou facilmente nos estados do Norte e Nordeste.
Os jambeiros podem atingir cerca de 15 metros de altura e apresentam um longo tronco reto com folhas grandes e verde-escura. Por conta dessas características que podem oferecer grandes sombreamentos, essa espécie está muito presente nas residências. Cada jambeiro é capaz de produzir mais de 1000 frutos, o que resulta em cerca de 85 quilos de jambo por árvore.
Os benefícios da fruta roxa segundo a ciência
O cardiologista Antônio Monteiro explica que a fruta contém antocianinas, flavonoides e ácidos fenólicos, substâncias que combatem o estresse oxidativo, um processo diretamente associado ao envelhecimento das artérias, à inflamação crônica dos vasos sanguíneos e à formação de placas de gordura.
“Esses fatores aumentam o risco de infarto e AVC. Já os antioxidantes presentes no jambo ajudam a proteger os vasos, impedindo que esse processo se instale”, afirmou o médico.
Estudos com extratos de sementes e folhas da planta também apontam propriedades anti-inflamatórias, vasodilatadoras e redutoras de colesterol, o que reforça o potencial da fruta na promoção da saúde do coração. “Em modelos animais e testes laboratoriais com células humanas, observamos queda da pressão arterial, melhora do perfil lipídico, proteção contra inflamação dos vasos e redução da agregação plaquetária”, destacou Monteiro. No entanto, ele ressalta que ainda faltam estudos clínicos robustos com humanos. “São achados promissores, mas ainda em fase de validação científica”, explicou.
Os antioxidantes do jambo também atuam contra os radicais livres, moléculas instáveis que, em excesso, causam danos às células dos vasos. “Isso previne a disfunção endotelial, que é um dos primeiros passos para a formação da aterosclerose”, afirmou. Com o endotélio preservado, as artérias permanecem mais flexíveis e menos propensas à inflamação e ao acúmulo de gordura.
Segundo o especialista, a inclusão do jambo na alimentação pode ajudar na prevenção de diversas doenças cardiovasculares. “Ele pode contribuir para reduzir o risco de hipertensão, colesterol alto, aterosclerose e até auxiliar no controle do diabetes tipo 2, que é um fator importante de risco para o coração”, explicou Monteiro. Indiretamente, isso se traduz em menor risco de infarto e acidente vascular cerebral.
Mas o médico faz um alerta: “Nenhum alimento isolado é capaz de garantir um coração saudável”. Para ele, o jambo pode ser um aliado, mas deve estar inserido em um conjunto de atitudes saudáveis.
Entre elas, estão:
- Praticar atividade física regular;
- Manter controle médico da pressão arterial, colesterol e glicemia;
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
- Dormir bem e cuidar da saúde mental.
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