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Amazônidas: Thais Badu traz a voz e a força da mulher negra para os palcos de Belém

"Eu acho que a música me escolheu", declara a artista

Paloma Lobato
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A luta por representatividade feminina na música é constante para muitas mulheres artistas. Apesar do crescimento do destaque feminino no universo musical, elas ainda não têm ocupado os mesmos espaços de protagonismo que os artistas masculinos. E quando se fala em mulheres pretas, as dificuldades são ainda maiores.

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A cantora belenense Thais Badu, de 33 anos, leva no canto a luta diária para ter seu espaço garantido no cenário musical paraense, e em sua pele a necessidade de se reafirmar como mulher e artista negra.

A artista iniciou no mundo da música quando ainda era criança. Criada em uma casa marcada por música, a cantora dividia os cômodos da residência com discos, hacks de som e fitas VHS com clipes de artistas que o pai, que trabalhava como DJ, admirava. "Eu cresci consumindo música dentro de casa. Na verdade, eu acho que a música me escolheu", declara a artista.

Com um repertório versátil, mas com forte influência do pop e do reggae, a artista traz músicas com letras que falam de suas vivências diárias, as dificuldades de ser mulher e sobre os preconceitos presentes em diversas áreas de sua vida.

“Eu sou muito versátil, principalmente por conta da minha infância. As minhas músicas falam sobre as minhas vivências. Quanto artista, eu escrevo sobre as minhas verdades, coisas que eu vivo. Eu sou muito verdadeira quanto a isso. Até mesmo quando escrevo músicas pop, elas têm temas, elas falam sobre algum término, algum amor ou sobre viver a vida positivamente. É como eu vejo o meu mundo e eu me expresso através daquilo. Isso cria uma identificação com o público. E tudo o que é de verdade, tende a ser muito melhor. Eu sou muito feliz em relação a isso, em falar sobre tudo o que sinto”, explica Thais.

Desafios nos palcos e na pele

Além da luta contra o machismo, artistas pretas precisam enfrentar o racismo dentro e fora dos palcos. Discutir sobre representatividade na indústria da música é fundamental para garantir o protagonismo, visibilidade e sucesso das mulheres negras.

“Ser uma artista preta no meio musical é uma constante luta, uma constante afirmação. Você tem que ser melhor, melhor e melhor. A gente sente isso, essa pressão maior em relação ao nosso trabalho, às nossas entregas. Infelizmente, a gente ainda tem muito a percorrer, a mostrar. A maioria da população do Brasil é negra e, ainda assim, a gente ainda não vê tantos artistas negros em evidência, nem na TV e nem em outros meios. A gente precisa muito mais afirmar, se reafirmar e se representar nesses meios todos”, ressalta Thais.

E uma forte referência de artista negra que Thais Badu leva para a vida tanto pessoal quanto profissional é a cantora americana Tina Turner. “Ela não só representou uma artista pop que dança e canta, mas eu sei que eu me vi naquela mulher, me vi como uma mulher preta e eu me vi como poderia ser através da figura dela, da representatividade dela. Ela é uma referência importante até hoje”, conta a artista. 

E os desafios não param por aí. O assédio ainda é algo latente em diversos setores da sociedade. Na música, infelizmente, isso não é diferente. Para a jovem artista, o mundo pop é marcado por episódios de sexismo, o que pode gerar diversos traumas.

“Essa coisa do assédio é dificultoso, principalmente quando a gente fala de música pop, onde temos aquela preparação de diva, de estar o tempo todo como ‘sexy simbol’, pode-se dizer assim, para alguns. Isso é difícil, porque você fica o tempo todo de resguarde. Eu pelo menos, parece que o tempo todo tenho que tá armada para combater algo que possa acontecer. Isso é um trauma, na verdade. O que a gente luta é para ter liberdade de expressão”, ressalta a cantora.

Oportunidade

O estado do Pará é conhecido pela sua diversidade musical. Apesar disso, o cenário musical nem sempre garante às artistas da terra a valorização e oportunidade necessárias para tornar o trabalho dessas cantoras visível.

O “Amazônidas”, projeto criado pelo Grupo O Liberal, com o apoio da Vale, foi pensado com a finalidade de garantir espaços para novos talentos femininos no cenário musical paraense. A iniciativa reforça a importância de dar voz a essas mulheres que lutam diariamente em busca de espaços no meio artístico.

“Iniciativas como essa são importantes para reafirmar a potência dessas artistas que muitas vezes não têm essa visibilidade necessária. Nós somos uma terra musical e diversa de artistas talentosas. É necessário que a gente abra cada vez mais espaços para que a gente consiga abraçar todas essas artistas que precisam ser notadas”, explica Thais.

Sobre o convite que a cantora recebeu para participar do projeto “Amazônidas”, Thais reforça que iniciativas como essa ajudam artistas locais a alcançarem novos públicos e a expandirem a sua música.

“Com certeza, eu vou ter mais visibilidade no meu trabalho, porque eu vou alcançar pessoas que, talvez, eu não consiga só no meu ciclo de pessoas que gostam do meu som, os meus fãs. Então, ter a possibilidade de estar em uma rádio diversa, que toca músicas paraenses de diversas vertentes, tenho certeza que essa vai ser a visibilidade que pode ajudar a dar continuidade a esse projeto chamado Thais Badu”, finaliza.

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