CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Amazônidas: Bruna BG é símbolo de luta e força da voz feminina em Belém

A artista usa o Rap como instrumento de inclusão social e empoderamento feminino

O Liberal
fonte

Ser mulher, muitas vezes, é enfrentar a repressão e o preconceito, diariamente. Na música, o cenário não é diferente. O machismo ainda segue presente na vida e nos palcos, onde milhares de artistas paraenses lutam, diariamente, para conquistar o seu espaço na música. Um exemplo disso é a Rapper Bruna Guedes, ou Bruna BG, como é conhecida, que encontrou na música a chance de ser quem realmente é.

VEJA MAIS

image 'Amazônidas': Grupo Liberal lança projeto de valorização à música feita por mulheres paraenses
Iniciativa dará oportunidade para as artistas mostrarem o talento.

image Cantora paraense Kataryna Ávila divide sua paixão pela música entre os palcos e as ruas de Belém
Ela abriu mão da carreira em Educação Física para se dedicar ao canto e atua como motorista de aplicativo de transporte

image Amazônidas: Layse Rodrigues carrega talento musical na voz e no sangue
"Meu avô me influenciou na música", recorda Layse Rodrigues

"O Rap me ensinou a ser quem eu sou, a me entender e me aceitar como mulher preta, periférica e sapatão. Eu uso o Rap como ferramenta de luta, é minha arma, onde eu posso falar, denunciar, contar a minha história, superações, minhas batalhas e perdas. Isso me fez escolher cantar Rap, poder colocar em prática as minhas inquietações", afirma a cantora que nasceu no município de Breves, na Ilha do Marajó.

A artista paraense, de 33 anos, é uma mulher preta, lésbica, que vive no bairro da Condor, periferia de Belém, e que sente na pele o que é correr em busca de reconhecimento no mercado musical. A cantora é exemplo de empoderamento e de sobrevivência em um cenário dominado por homens. E apesar das dificuldades, desistir nunca foi uma opção para a artista.

"Ainda estamos em uma luta por nosso espaço. É notável o grande consumo de artistas homens com relação às mulheres no cenário Rap brasileiro, então temos que correr três vezes mais pelas nossas conquistas, temos que ter um grande diferencial para conseguirmos ao menos igualar esses números. Arrombamos as portas que nunca foram abertas para nós e estamos aos poucos fazendo história no Rap feminino com grandes nomes Brasil a fora", ressalta.

Busca por aceitação

A paixão pela música sempre esteve presente na vida da artista. Quando criança, Bruna ganhou o primeiro violão de seus pais. Mesmo com esse apoio inicial, a carreira artística era algo impensável para a família da cantora, que luta todos os dias por aceitação.

“Meus pais nunca entenderam onde isso poderia me levar. Então, nunca segui o caminho de estudar a música quando eu podia. Hoje, pela dificuldade de ser artista aqui no Norte, ainda existe uma insistência em não acreditar no que eu faço. Acho que muitos da família nem escutam ou nunca ouviram minhas músicas. É bem difícil de lidar, porém já estou acostumada com a forma que eles levam isso na brincadeira. É difícil de lidar, mas não abala mais o meu trabalho. Como disse antes, não é uma opção desistir”, desabafa Bruna.

Além da aceitação dentro da própria casa, a rapper precisa encarar as dificuldades enfrentadas na vida e nos palcos.

“Como mulher preta, periférica e LBGT, eu tenho que matar, todo dia, um leão pra estar onde estou. Preciso lutar três, quatro e até cinco vezes mais que muitos caras que estão por aí pra tá ocupando o meu espaço. Tenho que fazer meu trampo fora de casa e, ao mesmo tempo, fazer a minha música. Não é fácil. Desde que eu me entendo por gente, estou nessa luta pela música, pela arte, e eu não vou desistir e não vou deixar ninguém me apagar, ninguém me calar. Vou continuar lutando”, ressalta a artista.

Escolha pelo Rap

A artista está na cena musical belenense desde 2007. A cantora já passeou por diversos ritmos como rock, reggae, samba raiz e soul. Mas foi no Rap onde Bruna BG realmente se encontrou. Tudo iniciou em 2016, quando a artista começou a compor e produzir suas músicas de forma independente.

“O Rap salva vidas, muda pensamentos, ensina muito. Foi o que aconteceu comigo: eu aprendi muito com o Rap. Aprendi a respeitar muitas diferenças. É como se fosse uma escola”, conta a cantora, que também trava uma luta para colocar um fim na marginalização do ritmo.

“Assim como tantos outros estilos musicais que também foram marginalizados, a gente luta para que esse pensamento, essa ideia de que o Rap transforma pessoas em criminosas mude. A gente tenta mudar isso através das nossas letras, dos nossos vídeos clipes, projetos sociais”, complementa a rapper.

Além de trazer letras com temáticas que abordam as dificuldades enfrentadas na periferia, Bruna BG carrega em suas músicas muitos sentimentos, como a canção “Fogo e Mar”, inspirada em sua relação amorosa vivida com sua companheira. “Eu fiz a música pra ela. Inclusive, isso me ajudou a conquista-la. As minhas músicas jorram todo o tipo de sentimento. “Fogo e Mar” é a que representa o meu coração”, destaca a artista.

Amazônidas

A predominância masculina sob os holofotes da rima pode dar a impressão de que mulheres são minoria. Mas a verdade é que a presença delas no cenário musical é cada vez mais crescente. Além de garantir oportunidades para essas vozes femininas, é importante mostrar que elas existem e merecem respeito, diminuindo a invisibilidade dessas mulheres que dividem a vida entre os palcos e sua rotina diária.

O “Amazônidas”, projeto criado pelo Grupo O Liberal, com o apoio da Vale, é uma iniciativa que tem a finalidade de dar voz a novos talentos femininos no cenário da música paraense. Para Bruna, ter um espaço no projeto é ter a chance de levar o seu trabalho para todos os cantos do Estado.

“O projeto é um grande aliado na luta para o avanço de espaço para mulheres musicistas, cantoras, autoras. Abre espaço para que nossa voz seja ouvida em outros lugares. Eu fiquei muito feliz em fazer parte desse leque de mulheres sensacionais da nossa cena e agradeço demais aos envolvidos no projeto por essa iniciativa tão importante”, afirma a rapper.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Amazônidas
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!