Cuidado! Veja a lista de remédios que não devem ser tomados antes de dirigir e quais os riscos
OMS e médicos do trânsito reforçam riscos de uso de antidepressivos, ansiolíticos e antialérgicos na condução de veículos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem emitido alertas sobre o aumento global dos transtornos mentais, como ansiedade e depressão, e o consequente avanço da automedicação, uma prática cada vez mais comum, inclusive no Brasil. O que muitos motoristas desconhecem é que o uso de certos medicamentos pode comprometer seriamente a capacidade de dirigir com segurança, aumentando o risco de acidentes.
O tema foi debatido durante o 16º Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, realizado em Salvador (BA), de 25 a 28 de setembro deste ano. Segundo o diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Adriano Isabella, a entidade lançou uma diretriz listando e classificando os medicamentos que afetam o desempenho ao volante.
“O ato de dirigir é um ato complexo e envolve exatamente a coordenação dos sentidos humanos", disse, ao citar a capacidade de cognição e a função motora do condutor. O uso de determinados medicamentos aumenta e muito o risco de sinistros indesejáveis no trânsito”, alertou Isabella.
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Fatores que agravam o risco
De acordo com o especialista, os efeitos variam conforme idade, peso, dose, horário de ingestão, metabolismo individual e até o consumo simultâneo de álcool. Esses fatores podem potencializar reações como sonolência, perda de reflexos, lentidão e prejuízos cognitivos — condições que tornam o motorista mais propenso a acidentes.
Medicamentos que comprometem a direção
Analgésicos
- Ácido acetilsalicílico e paracetamol: não apresentaram efeitos relevantes sobre a capacidade de condução.
- Opióides: aumentam até oito vezes o risco de ferimentos graves e cinco vezes o risco de morte em sinistros de trânsito.
Relaxantes musculares
- Carisoprodol: causa sedação, lentidão de raciocínio e falha de atenção, principalmente na primeira semana de uso.
- Ciclobenzaprina: provoca sonolência, visão turva, desequilíbrio e confusão mental, comprometendo a segurança ao volante.
Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos
- Benzodiazepínicos: aumentam significativamente o risco de acidentes; cerca de 2% dos adultos brasileiros usam esse tipo de medicação.
- Buspirona: não altera o desempenho do motorista.
- Hipnóticos Z (como zolpidem): há evidências consistentes de prejuízo à condução segura.
Antidepressivos
- Tricíclicos: especialmente em idosos, elevam o risco de sinistros; doses noturnas podem causar efeitos semelhantes aos do álcool.
- Inibidores seletivos de serotonina (ISRS): geralmente bem tolerados.
- Trazodona: causa sonolência, sedação, perda de memória e lentidão cognitiva, afetando a direção.
Antialérgicos
- Primeira geração (difenidramina, triprolidina, clemastina): reduzem significativamente o desempenho ao dirigir.
- Segunda geração (cetirizina, loratadina): podem afetar a condução de forma variável.
- Terceira geração (fexofenadina, desloratadina): não comprometem a habilidade de dirigir.
Antipsicóticos
A maioria possui efeito sedativo, afetando diretamente as habilidades cognitivas e motoras necessárias para dirigir.
Canabinóides medicinais
Produtos à base de cannabis com THC têm efeitos psicoativos que prejudicam coordenação motora, cognição e visão, podendo persistir por várias horas após o uso.
Automedicação e direção: uma combinação perigosa
A Abramet reforça que a automedicação é um risco para a segurança no trânsito. Mesmo medicamentos de uso cotidiano, como antialérgicos ou relaxantes musculares, podem causar efeitos colaterais capazes de comprometer reflexos e atenção.
Antes de dirigir, o ideal é consultar um médico ou farmacêutico e ler atentamente a bula, verificando se o medicamento afeta a capacidade de condução.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de oliberal.com)
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