Temperaturas extremas: Hot Yoga e Crioterapia causam riscos à saúde?
Entenda como o choque térmico extremo afeta seu coração (arritmia, pressão) e por que o check-up médico é fundamental antes de aderir a esses extremos
Práticas de bem-estar que envolvem temperaturas extremas, como a intensa Hot Yoga (em salas a até 38ºC ou 40°C) e a popular Crioterapia ou imersão em água fria (cold plunge), estão em alta no mundo fitness e de práticas alternativas. No entanto, submeter o corpo a esse choque térmico pode ser perigoso. Cardiologistas alertam que, para muitas pessoas, especialmente aquelas com condições preexistentes, esses hábitos podem representar sérios riscos à saúde.
Enquanto a sensação de bem-estar imediato atrai praticantes, a ciência ainda debate os benefícios concretos e destaca os perigos de adotar modismos sem a devida cautela.
O alerta do gelo: vasoconstrição e arritmia
A prática de mergulhar em água gelada após uma sauna, ou o uso de banheiras de gelo (ice baths), submete o organismo a um estresse imediato.
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A cardiologista Luciana Janot, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica o mecanismo de defesa do corpo: “Esse susto da água gelada vai causar uma constrição imediata dos vasos, porque a gente tenta fazer com que o corpo perca menos calor, então ocorre o estreitamento dos vasos e um aumento da pressão arterial"
Para o coração, essa reação é um sinal de perigo:
- Risco Imediato: O estresse no coração pode levar a uma arritmia.
- Perigo Cardiovascular: "Para quem já tem algum problema cardiovascular prévio, isso não é nada indicado”, alerta Janot.
Crioterapia Comprovada: O frio, contudo, tem seu lugar na medicina do esporte. A médica do esporte Karina Hatano, também do Albert Einstein, confirma que a crioterapia tópica (uso de gelo por até 20 minutos) é eficaz por seu poder analgésico e anti-inflamatório no tratamento de lesões.
Hot Yoga: desidratação e queda de pressão
Se o frio aperta os vasos, o calor extremo faz o oposto. A Hot Yoga, praticada em ambientes quentes e úmidos, exige que o coração trabalhe sob condições estressantes.
A combinação de exercício físico e alta temperatura traz riscos combinados, principalmente:
- Desidratação e Desmaios: O calor excessivo leva à vasodilatação e à perda de líquidos. A desidratação severa pode causar desmaios.
- Queda de Pressão: "Em um ambiente quente e úmido... a gente tem aumento de frequência cardíaca e queda da pressão arterial," explica Janot. Pessoas hipotensas (com pressão baixa) têm grande chance de sentir mal-estar.
- Lesões Musculares: O calor pode dar uma sensação de "soltura" muscular, permitindo alongamentos exagerados e aumentando a chance de lesões por excesso.
Check-up médico e adaptação: o caminho seguro
Antes de aderir a essas tendências extremas, os especialistas são unânimes: a orientação médica é fundamental.
- Priorize a Avaliação Prévia: "É importante sempre ter uma orientação médica e fazer um check-up antes de adotar atividades físicas mais intensas ou estratégias de recuperação," aconselha a médica Karina Hatano.
- Adaptação Lenta: O corpo precisa de tempo. Comece com períodos curtos e aumente a exposição gradualmente, seja no calor ou no frio.
- Limite de Tempo: Em água gelada, não ultrapasse 10 minutos. Segundo Tipton, os benefícios não aumentam, mas o risco de hipotermia sim.
- Evite o Contraste Brusco: Combinar sauna e mergulho gelado dobra o estresse cardiovascular. "Se você combina as duas práticas, você está dobrando suas chances de ter um problema," alerta Tipton.
Para a maioria das pessoas saudáveis, essas atividades podem ser toleradas com moderação e preparo. No entanto, o cuidado com a saúde cardiovascular deve ser sempre a prioridade ao buscar novos estímulos no fitness extremo.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de oliberal.com)
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