Abundância de caravelas-portuguesas alerta banhistas; saiba os cuidados
Casos registrados no litoral de São Paulo e Rio Grande do Sul são comuns nessa época do ano. Bióloga afirma que o aumento da quantidade entre agosto e outubro é devido ao período reprodutivo desses animais
Caravelas-portuguesas foram vistas no litoral de São Paulo, em Caraguatatuba e Bertioga, na última semana. Cerca de mil animais foram notados por Rafael Mesquita, fotógrafo de natureza e vida selvagem que navegava pela região. A grande quantidade da espécie no local assustou banhistas.
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O fotógrafo estava a 3,7 quilômetros de distância da costa de Bertioga, aproximadamente, quando registrou a presença das caravelas-portuguesas. Ele estima mais de mil animais em toda a área que navegou. Rafael diz que alertou a prefeitura sobre o caso para que banhistas fossem informados.
Em Caraguatatuba (SP), as caravelas-portuguesas foram flagradas por um homem em um barco. Os animais também foram avistados no litoral do Rio Grande do Sul, em Capão da Canoa.
A bióloga Gleyce Aquino orienta sair da água imediatamente após avistar uma caravela-portuguesa, devido à grande extensão do tentáculo do animal. “Se o animal estiver na areia da praia, o ideal é não tocar, pois, mesmo que ele pareça morto, ainda é possível ser envenenado por ele”, explica.
Gleyce afirma que é possível encontrar as caravelas-portuguesas em todo o litoral brasileiro, inclusive em praias de água salgada do Pará: “Possuímos muitos relatos durante os meses de dezembro, janeiro e julho, devido às férias de veraneio, com uma maior incidência de banhistas nas praias ocorre mais acidentes.”
O que é uma caravela-portuguesa?
A caravela-portuguesa não é um único animal. Na verdade, é uma colônia de zooides/pólipos, indivíduos especializados com várias formas e funções que dependem uns dos outros para sobreviver. Esse cnidário é comumente confundido com águas-vivas.
Em sua formação, está: um pneumatóforo, vesícula que garante a flutuação e pode chegar até 30 centímetros; os dactilozoóides, tentáculos que podem ter até 50 metros de comprimento usados para capturar presas; os gastrozoóides/gonóforos, aparato digestório; e os gonozoóides, responsáveis pela reprodução.
Por que a caravela-portuguesa faz mal?
Em seus tentáculos (dactilzoóides), a caravela-portuguesa possui cápsulas microscópicas chamadas nematocistos. Nesse local, a colônia é carregada com tubos farpados em espiral que liberam substâncias tóxicas que podem paralisar ou matar pequenos peixes. Em humanos, o contato pode causa vermelhidão, coceira e "queimadura", mesmo se a caravela-portuguesa já estiver morta.
A bióloga Gleyce Aquino afirma que os cnidários (seres do filo Cnidaria, como a caravela-portuguesa) possuem cnidócitos, o que causa o envenenamento - normalmente chamado de “queimadura” - em humanos. “Esses cnidócitos injetam o veneno na presa para capturá-la ou no humano como forma de defesa”, explica.
O que fazer se entrar em contato com uma caravela-portuguesa?
Gleyce Aquino, bióloga, diz que se deve procurar um posto de bombeiros imediatamente após o contato para serem feitos os primeiros socorros. “Caso não haja um posto de bombeiros próximo, o ideal é aplicar no local atingido vinagre, para impedir que os tentáculos que ainda não soltaram seu veneno, não sejam ativados, e banhar a região atingida com água do mar, que possui um efeito anestésico”, orienta.
A bióloga afirma que é necessário buscar um posto de saúde para verificar o grau da lesão causada. Gleyce também alerta que não pode jogar água doce (água mineral, água do chuveiro etc.) no local atingido, pois ativa os tentáculos e aumenta o envenenamento.
Quais os sintomas de contato com caravela-portuguesa?
Após o contato com caravela-portuguesa, é comum sentir dor intensa e surgir vermelhidão e bolhas no local afetado. Entretanto, a bióloga Gleyce Aquino alerta que também podem surgir problemas respiratórios em “pessoas que possuem algum grau de alergia”
Onde são encontradas as caravelas-portuguesas?
As caravelas-portuguesas podem ser encontradas em mares tropicais e subtropicais, como em águas dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico.
“Não existe uma praia específica com a maior incidência desses animais. Porém, como eles buscam sempre águas mais quentes para se reproduzir, temos um aumento na quantidade nos mares durante os meses de agosto a outubro”, alerta Gleyce.
(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão da coordenadora de Oliberal.com, Heloá Canali)