Reciclagem e sustentabilidade: adoção de práticas ambientais garantem futuro mais verde

Educação e conscientização social são ações necessárias para reduzir o descarte de resíduos e incentivar a coleta seletiva nas cidades

Elisa Vaz
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A preservação do meio ambiente e a construção de um futuro mais sustentável passam por diversas práticas que podem ser adotadas no dia a dia. Compreender a importância da reciclagem e seu impacto na preservação do planeta é uma necessidade premente em qualquer sociedade que queira adotar uma jornada para a sustentabilidade. Envolvendo a reutilização dos resíduos sólidos, a ação é capaz de transformar itens considerados “descartáveis” em produtos valiosos para a sociedade.

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Pensar de forma mais ecológica inclui três palavras-chaves: reduzir, reutilizar e reciclar, os “três Rs”, conforme explica a engenheira sanitária Miroslawa Luczynski. Ela lembra que o ato de reciclar vem por último e, antes disso, é preciso primeiro conscientizar sobre os resíduos gerados e pensar em novas funções para itens já usados.

“A reciclagem nada mais é do que a reutilização de materiais que a gente conhece como lixo. Nos termos técnicos, a gente chama de resíduos sólidos. O objetivo da reciclagem é reduzir aquela quantidade de resíduos sólidos, você vê o que pode reutilizar e, a partir da reutilização, reciclar. Dentro da reciclagem, há dois tipos de materiais que podem ser utilizados: o ‘lixo seco’ e o ‘lixo úmido’. O primeiro é aquele que não teve a sua estrutura modificada, como o plástico. Já o segundo é aquele que teve a sua estrutura modificada, como papel toalha e papel higiênico”, explica a especialista.

image "O aterro sanitário é o último passo, o início é a conscientização”, defende a engenheira sanitária Miroslawa Luczynski (Thiago Gomes / O Liberal)

Embora a reciclagem seja parte importante para garantir um futuro mais sustentável, para que ela dê certo, segundo Miroslawa, cada um deve fazer a sua parte. Por isso o R que remete à “redução” vem primeiro. Se cada residência tiver um sistema de coleta seletiva, é possível ver mais claramente a quantidade de desperdício e de resíduos gerados por família. Além disso, essa redução pode contribuir para o bom funcionamento da gestão municipal, aliviando a sobrecarga de trabalho de equipes de limpeza e evitando a destinação incorreta do que foi descartado.

“A maior dificuldade é ter políticas públicas que possam, de fato, fazer com que a população entenda. Ela tem que estar inserida, porque é responsável por 50% desse trabalho, mas, para a população fazer sua parte, precisa de informação. Mesmo que tenhamos cooperativas, a população sabe disso?”, questiona a professora. “Temos que ter pontos de coleta acessíveis, de preferência em cada bairro. O aterro sanitário é o último passo, o início é a conscientização”, enfatiza.

Recicla Ananin

Homens e mulheres, com ou sem formação acadêmica, experientes ou não - todos são bem-vindos na Associação de Recicladores e Recicladoras de Ananindeua, ou Recicla Ananin, que foi fundada recentemente para atender à demanda de coleta seletiva e reciclagem da Região Metropolitana de Belém. O grupo atua por meio da economia solidária, proporcionando uma oportunidade de trabalho e renda para os residentes de Ananindeua e gerando aprendizado sobre gestão e educação ambiental.

image Segundo a doutora em meio ambiente e secretária de meio ambiente do Recicla Ananin, Nayara Torres, projeto atua com reutilização e reciclagem (Thiago Gomes / O Liberal)

“Muitas dessas pessoas não sabem ler nem escrever, mas entendem que a mudança começa por nós, então elas escolheram essa profissão para ajudar tanto suas famílias como o meio ambiente. A maioria já trabalhava com resíduos sólidos e elas utilizam essa ferramenta para angariar recursos para sua alimentação. A associação também é composta pela nossa diretoria, por professores, assistentes sociais, engenheiros e assim a gente pode ajudar essa comunidade que fica no Aurá para que toda Ananindeua tenha essa iniciativa de coleta seletiva e de reciclagem”, comenta a doutora em meio ambiente e secretária de meio ambiente do Recicla Ananin, Nayara Torres.

A pesquisadora afirma que a entidade atua pelos dois meios: reutilização e reciclagem. No primeiro caso, os trabalhadores não mudam o material, ou seja, ele fica no mesmo estado para ser utilizado como outro objeto. Um exemplo são as garrafas PETs, que podem ser reutilizadas para colocar suco ou água depois da lavagem. No caso da reciclagem, o material sofre alteração - as garrafas podem virar vassouras, por exemplo. “Muitos coletores fazem esse serviço de transformação, até por meio do artesanato, que tira diversos materiais do meio ambiente e os transforma em itens com mais vida útil.

Economia solidária

Em parceria com a Unama, um dos braços do Recicla Ananin é um ecoponto para que qualquer pessoa deposite resíduos sólidos em troca de benefícios. Funciona assim: o projeto tem um ponto de coleta; para lá as pessoas interessadas levam plásticos, papéis, vidros e metais para os trabalhadores; o material é pesado e o usuário cadastrado; ao ser vendido, aquele resíduo gera um valor, que é dividido na metade entre a associação e a pessoa que deixou o material; esse recurso pode ser usado em diversos serviços do campus, desde que por meio da moeda social criada para o projeto Andorinha, que reúne o ecoponto, lojas de roupas e acessórios, lanchonetes e outros estabelecimentos.

O professor João Arroyo, que é coordenador do mestrado profissional em gestão de conhecimentos para o desenvolvimento socioambiental, explica que o único fator econômico que gera riqueza é o trabalho, portanto, é preciso organizar o trabalho para produzir riqueza. As associações são formas mais livres de organizar o trabalho, segundo ele, e por isso fazem parte da chamada “economia solidária”.

image Recicla Ananin tem um ecoponto em parceria com a Unama. Na foto, Nayara Torres, Cláudio Barros, Edna Santa Brígida - membros do projeto - e o professor João Arroyo. (Thiago Gomes / O Liberal)

“A partir daí, esses trabalhadores e empreendedores populares começam a dominar aspectos de gestão e aspectos econômicos. A gente vem trabalhando isso desde 2015, agora estamos em uma fase de diversificação, porque o ponto de partida foi o artesanato, depois a agricultura familiar e hoje nós estamos aqui com o ecoponto, avançando com a reciclagem, e outros. A alternativa que a gente está demonstrando na prática é que é possível o fim da pobreza, com relativamente pouco investimento”, argumenta.

A reciclagem, a educação ambiental e a responsabilidade social são conceitos interligados, e a conscientização da população, o apoio a iniciativas como a Recicla Ananin e a promoção da economia solidária são passos importantes em direção a um futuro mais sustentável.

Saiba como fazer o descarte correto de resíduos:

  • Resíduos orgânicos: separe restos de comida, cascas de frutas e vegetais, utilize uma composteira para transformá-los em adubo e reduza o desperdício de alimentos.
  • Resíduos recicláveis: separe plástico, papel, vidro e metal, lave e seque os recipientes, coloque-os na lixeira de reciclagem ou em um ponto de coleta.
  • Resíduos eletrônicos: leve aparelhos eletrônicos antigos a um ponto de coleta específico, evite descartá-los no lixo comum, pois contêm substâncias tóxicas.
  • Óleo de cozinha: não jogue óleo usado na pia; armazene e leve a um ponto de coleta de óleo.

Confira os pontos de coleta seletiva em Belém:

  • Feira Bandeira Branca, na Almirante Barroso com Dr Freitas
  • Praça da República, no bairro Campina
  • Praça Batista Campos, no bairro Batista Campos
  • Caramanchão, em Mosqueiro

Fonte: Semma

 

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