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Empresas paraenses podem desenvolver novos modelos de negócio com o reaproveitamento de resíduos

Startup usa nanotecnologia para desenvolver bioplástico capaz de prolongar o tempo de vida dos alimentos a partir de cascas de frutas

Emilly Melo / Especial para O Liberal
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O reaproveitamento de recursos é uma prática que está crescendo entre as empresas por conta das discussões sobre a agenda climática mundial, que propõe mudanças de comportamentos em vários setores sociais para enfrentar os danos causados à natureza. Neste cenário, empresas que aderem à economia circular incorporam metodologias e ferramentas para dar uma nova utilidade aos resíduos. 

Nélio Bordalo, economista e presidente do Conselho Regional Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), explica que esse modelo econômico consiste em utilizar a matéria-prima até o esgotamento, ao ponto em que ela não puder ser mais transformada, reutilizada ou reciclada.

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De acordo com Waldilene Garcia, doutoranda em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia, a economia circular reinsere os resíduos ao ciclo produtivo e contribui com a redução da extração de recursos naturais e possibilita o desenvolvimento local à medida que esse modelo se expande. 

Startup incorpora tecnologias para combater as perdas de alimentos

Em busca de otimizar o uso dos recursos de forma sustentável, uma startup incorpora tecnologias para combater as perdas de alimentos. A empresa desenvolveu um bioplástico líquido feito de resíduos do agronegócio que, ao ser despejado sobre a superfície dos alimentos, solidifica-se instantaneamente e forma uma película ultrafina,
capaz de prolongar o tempo de vida dos alimentos nas prateleiras. 

“O projeto surgiu durante a minha graduação na Universidade Federal do Pará, enquanto eu ainda era estudante de Engenharia de Bioprocessos. Estava estudando sobre a propriedade e as possibilidades de uso de biomateriais, apresentei aos meus amigos a ideia de criar um spray que formasse uma barreira para proteger alimentos. Alguns deles na época estudavam sobre a extração de componentes de frutas da Amazônia e decidimos unir as duas ideias”, afirma Jonas Cunha, representante da empresa. 

Processo tem nanotecnologia embarcada

A startup criou um conjunto de técnicas para extrair, aquecer e usar os componentes orgânicos de cascas de frutas, legumes, talos e sobras de hortaliças, para purificar e obter os componentes de interesse para a fabricação do bioplástico, que também é comestível, e possui nanotecnologia embarcada.

“Nós aproveitamos cascas de qualquer fruta, mas durante as nossas pesquisas descobrimos que as frutas da Amazônia possuem um desempenho significativamente maior do que outras frutas. Acreditamos que esse melhor desempenho está atrelado à origem dessas frutas, que são obtidas por meio de sistemas agroflorestais que mantêm a biodiversidade e a floresta em pé, garantindo uma maior diversidade de nutrientes e contribuindo para um metabolismo mais rico e forte da planta e de seus frutos”, destaca Jonas.

De acordo com Jonas, a matéria-prima do produto desenvolvido pela startup é adquirida por meio de doações de cooperativas de reciclagem. Jonas enfatiza que esse tipo de ideia é resultado da valorização da floresta amazônica e afirma que o objetivo é fazer com que o bioplástico também chegue aos pequenos empreendedores da região. 

“Dependemos fortemente de uma floresta diversa para garantir que o nosso produto tenha o melhor desempenho. Além disso, esse tipo de oportunidade abre portas para que inúmeras comunidades possam ganhar cada vez mais renda e que diversas cadeias que dependem do comércio de frutas possam enviar frutos para locais mais distantes, pois, com frutos durando mais e com maior qualidade nutricional, a oportunidade de mercado aumenta”, salienta o representante.

Bordalo ressalta que o aproveitamento de materiais recicláveis pode ser benéfico para várias corporações e para a sociedade, principalmente devido a preservação de recursos naturais, que reduz a necessidade de extrair e utilizar novos elementos finitos, como minerais, petróleo ou água. 

Reaproveitamento também impacta psoitivamente os aterros sanitários

Além disso, o economista aponta que esses fatores colaboram para diminuir a quantidade de resíduos para aterros sanitários ou descartados de maneira inadequada, e assim, evita a contaminação do solo, água, ar, e a emissão de gases de efeito estufa associados à decomposição dos materiais. O reuso de resíduos também contribui para a redução do consumo energético relacionado à produção de matérias-primas virgens, estimula a inovação e desenvolvimento tecnológico, pois desafia as empresas a elaborar soluções inovadoras para o melhor aproveitamento dos recursos. 

“O uso eficiente de recursos e o aproveitamento de materiais podem reduzir os custos de produção e logística para as empresas, tornando-as mais competitivas no mercado. Em muitos países, a legislação ambiental exige a implementação de práticas sustentáveis de gestão de resíduos, incentivando as empresas a adotarem a economia circular. Empresas que adotam práticas sustentáveis são frequentemente bem vistas pelos consumidores e investidores, o que pode resultar em maior fidelidade do cliente e valorização da marca. Em um contexto global de escassez de recursos, a economia circular oferece uma abordagem mais resiliente ao garantir que os materiais sejam utilizados de forma eficiente e sustentável”, indica Nélio Bordalo.

Já Waldilene Garcia afirma que existem muitas formas de reutilizar os materiais que seriam destinados ao lixo. “Reaproveitamento do óleo de cozinha para a fabricação de sabão caseiro; tratamento dos resíduos orgânicos com a técnica da compostagem para a produção de adubo e biofertilizante; reaproveitamento de papel para confecção de bijuterias; de tecidos para a confecção de bolsas; do caroço de açaí para a produção de café”, exemplifica a pesquisadora. 

Nélio Bordalo acentua que os três setores da economia podem inserir novas tecnologias e se apropriar do modelo de produção da economia circular, como no setor primário por meio da agricultura sustentável, com a implementação de práticas de rotação de culturas, cultivo mínimo; pela pecuária sustentável, com adoção de sistemas agroflorestais, manejo adequado de pastagens e técnicas de bem-estar animal. 

No setor industrial, há a possibilidade de implementar processos produtivos mais limpos e eficientes que promovam a redução de consumo; adoção de práticas que promovam o uso de materiais reciclados na produção e a reutilização de subprodutos. 

Já o setor de terciário pode investir na promoção de plataformas que incentivam o compartilhamento de recursos e adotar soluções tecnológicas que promovam a eficiência energética.

 

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