Vereadores de Belém divergem sobre compra de vacina cubana

Assunto foi debatido na Câmara Municipal, após anúncio de abertura de negociação entre Prefeitura de Belém e Cuba

Keila Ferreira

O início das negociações entre a prefeitura de Belém e a embaixada de Cuba para aquisição de vacina contra a covid-19 produzida naquele país gerou críticas e elogios, durante debates na Câmara Municipal sobre o assunto, na sessão desta terça-feira (11). Vereadores da oposição reclamaram da busca por vacinas não aprovadas pelos órgãos competentes, enquanto os da base defenderam a procura por novas alternativas, considerando a demora para envio de imunizantes à cidade.

Atualmente, Cuba conta com duas vacinas em fase avançada de estudos: a Soberana 2 e a Abdala, que estão na fase 3 de testes clínicos e, nos próximos dias, serão aplicadas em 1,8 milhões de pessoas em Havana como parte de um procedimento de testagem massiva. O prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) se reuniu, em Brasília, com o embaixador de Cuba, Rolando Antonio Gómes Gonzáles, na semana passada, para tratar sobre a aquisição direta de vacinas contra o novo coronavírus para a população do município.

Durante a sessão desta terça-feira, o assunto foi levantado pelo vereador Mauro Freitas (PSDB). “É  de estranhar uma coisa dessa. Tantas vacinas sendo fabricadas no mundo, já homologadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e outros órgãos competentes, o prefeito Edmilson quer ir em Cuba só porque a esquerda é ligada à Cuba e à Venezuela, para comprar uma vacina que ninguém tomou”, declarou. “Isso é um absurdo, nós  temos que nos atentar aqui na Câmara. Compra de vacina é coisa séria, esse dinheiro é meu, é nosso, é do povo de Belém. Se é pra comprar vacina, nós estamos juntos, inclusive nós vereadores vamos doar para compra de vacina, mas não vacina da Venezuela e nem de Cuba, que não tem nada pra oferecer”, completou.

Pablo Farah (PL), pediu cautela, defendendo a imunização, desde que a vacina tenha passado por todos os controles e agências de fiscalização, seja no Brasil ou em outros lugares do mundo, e tenha eficácia. “Não vamos aqui também discutir e fugir da ciência”, disse. Para Igor Andrade (Solidariedade), a atitude do prefeito Edmilson Rodrigues, de ir atrás de outra vacina, deve ser elogiada. “Assim como o governador do Estado e outros governadores já foram atrás da vacina da Rússia. Não dá pra ficar esperando somente pelo plano nacional de imunização, porque desse jeito vai custar muito a vacina chegar, tanto é que a CoronaVac que vem da China, os insumos estão parados, porque algumas posturas do Governo Federal têm dificultado a chegada desses insumos. Eu espero que tenhamos êxito, seja na Venezuela, seja em Cuba, Rússia, mas que chegue vacina para a população brasileira, em especial os munícipes de Belém”.

O vereador Fernando Carneiro (PSOL) também defendeu a iniciativa do prefeito Edmilson Rodrigues e afirmou que Belém é a melhor capital em termos de vacinação. “Isso não sou eu que estou dizendo, a gente já começou a vacinar as pessoas com comorbidades até 53 anos. Não tem outra capital no Brasil que tenha chegado a essa faixa etária”, afirma. Segundo ele, agora, a cidade está buscando outras alternativas para o avanço da imunização, uma vez que o presidente da república deixou de comprar 70 milhões de doses que poderiam estar salvando vidas. “Ser contra isso (ir atrás de outras vacinas) é torcer contra a vida da população. Não é contra o prefeito, porque o prefeito já foi vacinado. A questão toda é que eu ainda não fui e gostaria muito de ser (vacinado), quando chegar a minha faixa etária. Vou esperar e espero que venha o mais rápido possível, já perdi pessoas da família pra covid. Se tivesse vacina, fosse de Cuba, fosse da China, fosse da Rússia, eu receberia com maior gosto”.

Por outro lado, Fabrício Gama (DEM) questionou as negociações para compra de imunizante de Cuba. “O que não se pode inventar a roda, se a roda já está pronta. Se os Estados Unidos já tem, se a Rússia já tem, se a França já tem, bora buscar a vacina e resolver o problema da população, que quer ser vacinada. Ninguém está contra vacina. É tentar ir para um lugar que não tem nenhum teste ainda de vacinação. Aí vem com discurso que a pessoa está contra, odeia. O que a gente quer dizer é: se já existe, vai buscar onde tem a roda pronta e bora vacinar. É uma vergonha Belém estar atrasada e Ananindeua já estar nos 40 e poucos anos. Parabéns ao prefeito Daniel (Santos, prefeito de Ananindeua), que está avançado”.

Líder do governo na Câmara Municipal de Belém, Allan Pombo também defendeu a atitude da atual gestão. “Não existe ideologia de vacina. Todo o povo brasileiro viu o presidente Bolsonaro atacando a China, atacando a Rússia, e está aí a vacina salvando a vida de brasileiros. Tem vereador nessa casa, repetindo o discurso de Bolsonaro, negando a ciência, contra mais uma vez a vacina. Isso é inadmissível! O governo de São Paulo, do seu partido, o PSDB, já está também em contato com Cuba para comprar vacina. Nós precisamos de vacina e é isso que o prefeito Edmilson está fazendo e lembre-se que o prefeito entrou num consórcio nacional para compra de vacinas, pensando no povo de Belém”, declarou.

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