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Usuários defendem investigação contra empresas de ônibus

Câmara dos vereadores já garantiu um total de 23 assinaturas para instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito

Sérgio Chêne / O Liberal
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A abertura da “caixa-preta” sobre as operações, inclusive financeiras, das empresas de ônibus que atuam no transporte público da Grande Belém está prestes a iniciar. Usuários que sofrem para chegar e sair de casa defendem as investigações por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela Câmara Municipal de Belém (CMB).

No último dia 19, o presidente da CMB, vereador Zeca Pirão (MDB) começou a recolher assinaturas para abertura da CPI. Um total de 23 já foram garantidas, quase o dobro das 12 assinaturas necessárias.

Uma equipe de O Liberal foi às ruas para ouvir a população que depende dos ônibus para se locomover e cumprir com suas obrigações diárias. Inúmeros foram os relatos de sofrimento e angústia, o que confirma a lacuna no cumprimento da Emenda Constitucional 90/15, promulgada em 2015, dando garantia de transporte como um direito social. Ao final, a unanimidade: todos os usuários foram favoráveis à instalação da CPI.

A falta de garantia do direito constitucional pelo transporte não livra ninguém. Da criança de colo ao idoso, o descontrole, a desorganização, a falta de estrutura e as péssimas condições dificultam ainda mais a vida de quem precisa se movimentar na capital paraense, tendo que entrar em um coletivo de transporte urbano.

Três horas no trânsito

Sexta-feira, pouco mais de 19 horas, no intenso movimento da parada de ônibus próximo ao conjunto IAPI, no bairro de São Brás, estava Andreia da Silva, 42. Ela, que trabalha na atividade doméstica no Jurunas e sai de casa às 5h30, diariamente, estava sentada há 40 minutos ao lado de uma banca de venda de bombons, onde aguardava um ônibus para chegar na localidade de Itaiteua, no distrito de Outeiro.

image Andreia da Silva reclama de perder horas no deslocamento (Cristino Martin / O Liberal)

“Quando não tem engarrafamento, levo três horas (para chegar em casa), mas se tiver, umas quatro horas. Sou a favor dessa investigação, lógico. Olha as condições que a gente fica”, assegurou. “Tem que ter CPI para que todos sejam fiscalizados. Querem aumentar o valor do ônibus, vem gente pendurada, uma por cima da outra”, reforçou.

Mais adiante estava André Campelo, 44. O office boy aguardava há duas horas um transporte para Benevides. “Às vezes demora até quatro horas para passar. Sou a favor (da CPI) porque não sei o que acontece com esse transporte precário. Todo dia a gente espera bastante e não consegue ver solução. O que se observa é ônibus dando ‘prego’ constantemente”, afirmou.

“Passou da hora”

image Glaucia Cardoso: "Tem que investigar" (Cristino Martins / O Liberal)

Na avenida Almirante Barroso, em frente à praça da Leitura, ainda em São Brás, com um semblante cansado estava Glaucia Cardoso, 34, técnica de enfermagem. Ao lado do esposo, ela aguardava um coletivo para a cidade de Marituba, mas não poupou críticas ao serviço oferecido pelas empresas de transporte público da Grande Belém. “Tem que investigar, isso já passou da hora, é muito sofrimento e uma vergonha que a população é submetida. Tem que acabar essa precariedade e passagem cara, nada condizente às condições oferecidas”, frisou. Ela lembra de um dos fatos mais críticos que passou. “Estava na entrada da estrada da Pireli e não passava nada, tive que ligar para o meu marido”, conta.

image Dilson Sanches: "ônibus esculhambado" (Cristino Martins / O Liberal)

Também favorável à CPI, Dilson Sanches, 59, diz que “tem ônibus totalmente esculhabado, tem linhas de ônibus que não têm condições de tráfego. É precária a situação do transporte público em Belém”, opinou o morador do bairro do Coqueiro. “A gente passa tantas horas aqui e ainda vem ônibus de má qualidade. Um dia desses eu peguei um de Outeiro, e as cadeiras corriam de um lado para o outro, já passei por ônibus que deu ‘problema’. Acho que tem que ser investigado sim”, disse Maria do Socorro, 39, diarista.

image Alice Barros: "No final de semana, os ônibus somem" (Cristino Martin / O Liberal)

“Não lembro quando Belém teve realmente uma frota digna para atender a população. As condições precárias não podem continuar assim, no meu bairro é complicado. Final de semana os ônibus somem, tem que pegar Uber, mototaxi, é uma situação crítica. É triste”, alegou Alice Barros, 57, cuidadora, moradora do Sideral e que aguardava na parada de ônibus na avenida Almirante Barroso próximo à travessa Humaitá. 

Na mesma parada, com uma venda, Eloy Santos, 52 já testemunhou a ansiedade dos usuários com o avanço da noite. “Depois da meia-noite, até às 6 horas, muitas pessoas que param aqui como abrigo, compram café e até jogam carta, já vi muita coisa aqui na beirada”, disse.

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