Saiba o que precisa acontecer para impeachment contra Bolsonaro ser aceito
Até o momento, apenas um terço dos parlamentares necessários declaram abertamente apoio

É prerrogativa de aceitar a denúncia e instalar uma comissão para dar prosseguimento ao processo do presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL). A má notícia para os que subscrevem o pedido de afastamento do presidente é que Lira representa o chamado Centrão, grupo de partidos que apoia o presidente em troca de espaço no governo e verbas para suas bases eleitorais, tem dito frequentemente que descarta autorizar a abertura de impeachment contra Bolsonaro, pois não haveria clima político para isso. As informações foram divulgadas pelo DW.
Uma contagem realizada pelo movimento Vem Pra Rua, que apoiou o impeachment de Dilma e hoje defende o impeachment de Bolsonaro, contabilizava nessa terça, 29, 105 deputados abertamente a favor da causa – 237 a menos do que os 342 necessários.
Brasil Raimundo Bonfim, coordenador-geral da CMP e membro da coordenação nacional da campanha Fora Bolsonaro, reconhece que hoje não há votos suficientes para aprovar um impeachment e que os partidos que não assinam o pedido "têm acordo com a política econômica de Bolsonaro". Para ele, a pressão das ruas pode fazer diferença mais à frente. "Esse bloco que apoiou a candidatura do Rodrigo Maia [à presidência da Câmara em 2021] poderia ter um papel mais importante", afirma.
Outro empecilho é a falta de apoio da parte mais rica do país ao processo. "Para aprovar o impeachment, é preciso que uma parte do 'andar de cima', federações industriais, associações que representam o empresariado, abandone Bolsonaro. Isso até agora não está acontecendo", diz.
A presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann, destaca a necessidade ampliação da base de apoio ao processo. Para ela, a identidade com a agenda econômica do governo Bolsonaro afasta partidos como o MDB, o PSDB e o PSD de pedidos de impeachment, enquanto o Centrão segue fechado com Lira.
"Vamos continuar tentando obter o apoio deles. Bolsonaro caminha para um desgaste maior, há mais manifestações que tendem a ser grandes, e isso vai ajudar na pressão sobre o Centrão e o próprio Lira", diz Hoffmann. Ela considera difícil, porém, obter o apoio dos grandes empresários ao impeachment neste momento.
"Eles tomam posição se os negócios estiverem indo mal, e os grandes empresários não estão passando por dificuldades. Quem está passando são os menores, os mais pobres. À medida que for havendo problema para esses setores, eles podem aderir, mas demora mais", afirma.
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