Relembre trajetória de Sergio Moro, ex-ministro e ex-juiz e agora pré-candidato à presidência

Em 10 de novembro, Moro filiou-se ao Podemos e se lançou como pré-candidato para as eleições de 2022

O Liberal
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Sergio Moro é natural de Maringá, no Paraná. Ele é formado em direito pela Universidade Estadual de Maringá e é mestre e doutor em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde também exerceu carreira acadêmica até 2012. No entanto, foi como juiz de primeira instância da 13ª Vara Federal em Curitiba que tornou Moro mais conhecido no Brasil. Como juiz, esteve à frente de julgamentos de acusados pela operação Lava Jato e, posteriormente, como ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Neste ano, filiou-se pela primeira vez a um partido político. As informações são do portal CNN Brasil.

Relembre alguns momentos da carreira do ex-ministro:

Carreira como juiz e a Lava Jato

Especializado em crimes financeiros, Moro foi juiz do caso Banestado no início dos anos 2000, participando da operação Farol da Colina, que investigou suspeitos de crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ele também homologou, durante a investigação, um acordo de delação premiada do doleiro Alberto Youssef – que também apareceria na Lava Jato.

Em 2008, Moro proferiu a sentença que condenou a 29 anos de prisão Fernandinho Beira-Mar, codinome do traficante Luiz Fernando da Costa.

Em 2012, Moro também foi juiz-auxiliar da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento do caso conhecido como Mensalão, em uma época em que Weber havia acabado de chegar ao Supremo oriunda da Justiça do Trabalho.

Estudioso da operação Mãos Limpas, que combateu a corrupção na Itália na década de 1990, Moro fez comparações entre a operação italiana e a Lava Jato ao longo de sua titularidade como juiz na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Durante a Lava Jato, ele foi responsável por condenações como as de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, e de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Também foi ele quem condenou primeiramente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por corrupção no caso do triplex do Guarujá, em 2017.

O então juiz teve embates frequentes durante audiências com a defesa de Lula, que questionou juridicamente a imparcialidade do juiz em analisar casos relacionados ao petista.

Ele também foi alvo de críticas por conta do episódio em que divulgou, nos autos do processo, interceptações telefônicas de Lula com a então presidente Dilma Rousseff (PT).

Em 5 de abril de 2018, após a condenação em 2ª instância de Lula, Sergio Moro determinou a prisão do petista.

No fim daquele ano, o juiz também seria acusado de tomar um viés político novamente quando tornou públicos trechos da delação premiada do ex-ministro petista Antonio Palocci a poucos dias do primeiro turno da eleição presidencial.

Moro aceitou deixar a carreira de 22 anos como juiz federal para comandar o Ministério da Justiça logo após as eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito em segundo turno e convidou-o para integrar o governo. Na época, o futuro ministro teria recebido “carta branca” para atuar contra a corrupção e o crime organizado, alegou.

Moro ministro

Como ministro, um dos destaques de Moro esteve com o chamado “pacote anticrimes”, focado no endurecimento da legislação penal. No entanto, ele só foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 2019 após perder alguns de seus principais pontos, entre eles, a mudança nos critérios do “excludente de ilicitude”, que isentaria de punição abusos policiais que decorressem de “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

No primeiro ano como ministro, Moro também voltou a encarar acusações de parcialidade em seus julgamentos como juiz após vazamentos revelados pelo portal The Intercept Brasil indicarem que ele e procuradores da Lava Jato trocavam mensagens sobre o processo.

Sergio Moro sempre negou irregularidades nos contatos e afirmou ter sido vítima de um ataque hacker, que passou a ser investigado pela Polícia Federal.

Saída do governo Bolsonaro

Em abril de 2020, Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública horas após a publicação da exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Em anúncio de despedida, Moro afirmou que a troca do comando da corporação foi ocasionada por interferência política de Bolsonaro. O caso é investigado atualmente no Supremo.

Após deixar o governo, Moro atuou como palestrante e, em novembro de 2020, ingressou como diretor no setor de disputas e investigações na consultoria Alvarez & Marsal.

O movimento de carreira foi alvo de apuração no Tribunal de Contas da União (TCU), já que a Alvarez & Marsal era a administradora da recuperação judicial da Odebrecht desde junho de 2019. Por isso, houve suspeita de conflito de interesses e a indicação de possível irregularidade.

STF anula condenações

Fora do governo e afastado do cenário político, Moro voltou a ter questionamentos associados a seu tempo de juiz.

Em março de 2021, o ministro do STF Edson Fachin anulou todas as condenações definidas pela Justiça Federal no Paraná relacionadas à Operação Lava Jato. Com essa determinação, Lula se tornaria elegível novamente – o ex-presidente já estava em liberdade desde 8 de novembro de 2019, quando o STF considerou ilegal a prisão em segunda instância.

Em abril, o STF referendaria que Moro era considerado parcial na análise do caso do triplex do Guarujá. Em junho, o ministro Gilmar Mendes estendeu a suspeição a todos os processos de Lula em que o ex-magistrado atuou. Processos do sítio de Atibaia e sobre o Instituto Lula voltaram, portanto, à estaca zero.

Afastado do cenário político desde então, em 31 de outubro de 2021, Moro adiantou o fim de seu contrato com a Alvarez & Marsal para poder negociar sua filiação ao Podemos, que aconteceu.

Futuro

Em 10 de novembro, Moro filiou-se ao Podemos e colocou-se como pré-candidato ao Planalto para as eleições de 2022. O evento de filiação reuniu cerca de 400 pessoas no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

A Pesquisa Genial/Quaest, divulgado no dia em que moro se filiou ao Podemos, mostra o agora pré-candidato pelo partido com 8% das intenções de voto, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 48% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022, e 21% do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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