PT vê ofensiva para sabotar governo, critica Tarcísio e quer criação de Ministério da Segurança
O PT menciona como as atribuições de Lula vêm sendo pouco a pouco desidratadas
A cúpula do PT avalia que o Centrão se aliou à extrema direita no Congresso para sabotar o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido vê o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como principal interlocutor de um projeto "privatista".
Para a sigla, Tarcísio está "transformando São Paulo em laboratório da redução radical do papel do Estado, da entrega de bens públicos e de enfrentamento ideológico ao governo federal". Este diagnóstico faz parte de uma proposta de resolução política.
O documento começará a ser discutido pela Executiva petista nesta sexta-feira, 5, e passará pelo Diretório Nacional no sábado, em Brasília. O texto preliminar, obtido pelo Estadão, foi produzido pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), ligada a Lula, e pode sofrer alterações.
Crise entre Executivo e Legislativo
Mesmo sem citar nominalmente o "Centrão", a proposta de resolução política se refere ao grupo ao abordar a crise recente entre o Palácio do Planalto e o Congresso. O texto afirma que "A relação entre o Executivo e o Legislativo vive momentos tensos, marcada por contradições profundas e por uma instabilidade produzida deliberadamente pelos setores da extrema direita e conservadores que controlam o Congresso".
Uma emenda sugerida complementa esse trecho, dizendo que tais setores "se apropriam do orçamento do Executivo com extorsão e esvaziam o presidencialismo". O PT menciona a desidratação das atribuições de Lula, citando a sanção da isenção do Imposto de Renda e, no dia seguinte, a derrubada de vetos presidenciais no "PL da Devastação".
O embate entre o Palácio do Planalto e o Congresso intensificou-se após Lula indicar Jorge Messias para o STF. A decisão irritou Davi Alcolumbre, presidente do Senado, que desejava a nomeação de Rodrigo Pacheco.
Foco em 2026 e o Papel de Tarcísio
O documento petista assinala que a disputa por cadeiras do Senado, em 2026, deve ser tratada como prioridade. A composição da Casa será "determinante para a aprovação de reformas estratégicas". Para superar a correlação de forças desfavorável no Congresso, o partido sustenta que todos devem atuar, "particularmente o presidente Lula e seus ministros", para conquistar votos e aumentar a bancada petista.
Embora não afirme diretamente que Tarcísio será o principal adversário de Lula em 2026, o texto do PT sugere isso. A versão inicial o descreve como "principal interlocutor do projeto neoliberal e privatista, de inspiração fascista". O documento adiciona que Tarcísio está entre os governadores que "vêm atuando para sabotar políticas do governo Lula, criando obstáculos à ação federativa em áreas estratégicas".
Segurança Pública e Cenário Pós-Bolsonaro
Diante de um cenário eleitoral que prevê "tentativas de desestabilização e manipulação digital de larga escala", além do avanço do crime organizado, a defesa de um ministério exclusivo para a segurança pública retorna. Um trecho da proposta de resolução afirma: "O Brasil precisa de um Ministério da Segurança Pública e de uma política nacional articulada".
Desde 2023, o Ministério da Justiça engloba a segurança pública. Pesquisas indicam que o tema é a principal preocupação dos eleitores, e o PT admite que o assunto se tornou "uma questão nacional incontornável". Em audiência na Câmara, Tarcísio classificou a PEC da Segurança de Lula como "cosmética" e defendeu a redução da maioridade penal.
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na avaliação do PT, "recoloca a direita em xeque" e "abre disputas internas por hegemonia". O partido observa, contudo, que apesar da crise, o bolsonarismo "segue articulado", mobilizando "setores importantes da política nacional".
Futuro do PT e Pós-Lula
Nesta sexta-feira, o PT promoverá o lançamento de seu 8º Congresso Nacional. O evento ocorrerá de 23 a 26 de abril de 2026 e terá a tarefa de discutir as diretrizes do partido e a tática eleitoral para os próximos anos.
Conforme noticiado pelo Estadão, o ex-ministro José Dirceu coordenará o novo programa do PT, que abordará também o período pós-Lula. O documento servirá de base para a plataforma eleitoral do presidente, incluindo bandeiras como justiça tributária, fim da jornada de trabalho 6 por 1 e tarifa zero.
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