Mensagens apontam que PMs tinham conhecimento da escalada dos atos em dia 8 de janeiro, diz PGR
Além disso, conversas recuperadas e divulgadas no relatório da PGR indicam que parte da alta cúpula da PMDF fez críticas aos resultados das eleições de 2022

Nesta sexta-feira (18), a Polícia Federal cumpriu sete mandados de prisão preventiva contra integrantes e ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por suposta omissão nos atos extremistas de 8 de Janeiro, em Brasília.
A operação atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). Os alvos da operação foram os seguintes militares: coronel Klepter Rosa Gonçalves: comandante-geral da PMDF (indicado por Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça); coronel Fábio Augusto Vieira (ex-comandante-geral da PMDF); coronel Jorge Eduardo Naime Barreto (ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF); coronel Paulo José Ferreira de Sousa (ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF); coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos (ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF); major Flávio Silvestre de Alencar (trabalhou no 8 de Janeiro); e tenente Rafael Pereira Martins (também trabalhou no 8 de Janeiro).
Segundo as duas instituições, os policiais militares tinham conhecimento da escalada dos atos extremistas dias antes do dia 8 de janeiro. Além disso, conversas recuperadas e divulgadas no relatório da PGR indicam que parte da alta cúpula da PMDF fez críticas aos resultados das eleições de 2022, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito, e alimentaram narrativas favoráveis a um golpe para anular o resultado do pleito. Veja as conversas:
Em trechos de diversas conversas trocadas por mensagens os dias 4 a 8 de janeiro, os militares que fizeram o monitoramento na região dos acampamentos falam a chegada de ônibus de outros Estados. Em uma das mensagens, enviada por Wesley Eufrásio em 7 de janeiro, o policial afirmou que os extremistas afirmavam que o ato do dia seguinte seria “divisor de águas” e que grupos mais radicais mencionavam os locais de fácil acesso aos prédios dos Três Poderes.
VEJA MAIS
Em outra mensagem de Eufrásio, há uma lista de 37 placas de ônibus que desembarcaram no Setor Militar Urbano até o dia 7 de janeiro. Horas depois, o número subiu para 52 veículos, com aproximadamente 1.700 pessoas. O militar também indicou que já havia 2.500 pessoas em frente ao quartel do Exército. A PGR aponta ainda que o grupo intitulado “ADI/DOP” dedicava à identificação de vulnerabilidades de acesso à Praça dos Três Poderes confirmando as previsões de confronto, invasão e depredação.
Segundo a Procuradoria, a troca de mensagens mostra que não houve “apagão de inteligência” na PMDF como sustentado anteriormente e que todos os investigados tinham pleno conhecimento do risco de ataque em 8 de Janeiro. “As mensagens a seguir demonstram que não houve “apagão de inteligência” ou falta de informações à Polícia Militar do Distrito Federal. Ao contrário, os denunciados receberam informes que tornavam evidente o perigo concreto e o risco de dano iminente aos bens jurídicos pelos quais deveriam zelar, com antecedência suficiente para que mobilizassem suas tropas e obstassem os resultados danosos”, diz a petição. O órgão também assegura que a corporação tinha “possibilidade de efetiva interrupção de curso causal” e “tempo hábil” para evitar os atos extremistas.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA