Lula bate de frente com Trump, promete taxar big techs e diz que 'gringo não dá ordem aqui'
Durante congresso estudantil, presidente critica política tarifária dos EUA, defende taxação de empresas digitais e reforça discurso de soberania nacional

Durante discurso no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), nesta quinta-feira (17), em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que o Brasil irá reagir ao aumento de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros. Entre as medidas anunciadas, Lula mencionou a intenção de taxar grandes empresas de tecnologia dos EUA que atuam no país. Com informações do UOL e g1.
"Não é um gringo que vai dar ordem ao presidente da República", afirmou Lula ao público presente, formado majoritariamente por estudantes. Ele completou dizendo: "Eu sei quem manda nesse país: o nome só tem quatro letras — povo".
O posicionamento ocorre em meio a tensões diplomáticas entre os dois países, agravadas após a imposição de novas tarifas por parte do governo norte-americano. Enquanto o Brasil considera a decisão injustificada e de cunho político, Washington alega que as novas taxas respondem a práticas comerciais desleais.
VEJA MAIS
Críticas à comunicação com os EUA
Lula também demonstrou insatisfação com a forma como o governo norte-americano tem tratado as propostas brasileiras de diálogo, afirmando que não houve resposta oficial por parte dos Estados Unidos. Em tom irônico, comentou: “A resposta que nós recebemos foi no jornal, no e-mail dele, no Zap dele...”, referindo-se a Donald Trump.
Ainda durante o evento, o presidente mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu alinhamento com os Estados Unidos. Em alusão a declarações recentes de Trump, que teria citado Bolsonaro como um dos motivos para a nova política tarifária, Lula declarou: “Quem abraça a bandeira americana, que transfira seu título pra lá”.
O presidente também comentou, de forma indireta, sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente licenciado do mandato e residindo nos EUA. Durante a fala, ironizou supostas articulações políticas em defesa do pai no exterior.
Regulação das plataformas digitais
Lula aproveitou o espaço para reforçar a proposta de taxação das big techs e o avanço na regulação das plataformas digitais. Segundo ele, empresas digitais devem contribuir com impostos no Brasil, e a atuação dessas companhias precisa ser acompanhada de responsabilidade quanto ao conteúdo que circula em suas redes.
“Vamos cobrar imposto das empresas digitais americanas. A gente não aceita que, em nome da liberdade de expressão, se espalhem mentiras, discurso de ódio e violência contra mulheres, negros, LGBTQIA+”, afirmou.
A fala difere do tom adotado por outros membros do governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, que em encontros com empresários norte-americanos nesta semana defendeu a redução da carga tributária como meio de estimular investimentos.
Evento marcado por discursos nacionalistas
O congresso da UNE contou com manifestações que exaltavam símbolos nacionais. Camisetas da seleção brasileira, bandeiras do Brasil e gritos de “o Brasil é nosso” foram frequentes durante o evento. O governo federal também reforçou mensagens de defesa da soberania brasileira, com destaque para o painel principal do palco, que exibia o lema: “O Brasil se une pela soberania”.
Citações a Bolsonaro e manifestações estudantis
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi citado por Lula e também pelos estudantes, que entoaram coro pedindo sua responsabilização judicial. A manifestação ocorre na mesma semana em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou pedido de condenação de Bolsonaro por cinco crimes ligados à tentativa de golpe de Estado.
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Hamilton Braga, coordenador do núcleo de Política e Economia
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA