Ex-diretor do Ministério da Saúde nega problemas com Elcio Franco
Dias afirmou que tinha pouco contato com o coronel Elcio. Afirmou não saber o motivo da exoneração de seus subordinados
Os senadores na CPI da Covid, nesta quarta-feira (7), insistiram em uma possível animosidade entre Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, e Elcio Franco, que exonerou dois subordinados do depoente e chegara a pedir ao ministro Pazuello, sem êxito, a saída da Dias, supostamente por irregularidades na compra de testes contra a covid. O relator da CPI, Renan Calheiros, acrescentou que em despacho ao Tribunal de Contas da União o Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde atribuiu erroneamente ao departamento de Dias (Logística) a responsabilidade por levantar os preços de vacinas contra a covid no exterior.
Dias afirmou que tinha pouco contato com o coronel Elcio. Afirmou não saber o motivo da exoneração de seus subordinados. "Cometeram uma injustiça. Trabalhavam muito bem e de fato fizeram muita falta", disse o depoente. Dias informou que, na gestão de Mandetta no ministério, ele tinha autonomia para escolher seus subordinados. Mas a situação mudou a partir da chegada do general Pazuello. As exonerações e nomeações, entre elas as dos coordenadores Marcelo Costa e Alex Lial, ambos militares, passaram a vir diretamente da secretaria-executiva ou do próprio ministro.
Ricardo Barros
Os senadores pediram a Dias esclarecimentos sobre a influência do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde (governo Michel Temer) e atual líder do governo na Câmara, em sua ascensão na carreira. Servidor concursado do estado do Paraná, Dias exerceu cargo de confiança no governo estadual em 2018, na gestão de Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros. No ano seguinte, quando Luiz Henrique Mandetta assumiu o Ministério da Saúde, Dias foi nomeado para o Departamento de Logística, segundo ele não por indicação de Barros, e sim do deputado Abelardo Lupion.
Depois da saída de Mandetta, Dias permaneceu no cargo sob os ministros Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga. Segundo o depoente, "cada ministro que chegava me manteve em função das ações que estavam em andamento num momento crítico".
Dias defendeu-se ainda da acusação de ter feito "pressão atípica" sobre o servidor Luis Ricardo Miranda para acelerar a compra da vacina indiana Covaxin. A compra estava sendo intermediada pela Precisa Medicamentos junto à empresa Bharat Biotech. Foi suspensa em 29 de junho, após a divulgação da denúncia de pressão. "Se houvesse quinze, vinte ligações seguidas, demonstrações de hostilidade... da minha parte, respondo por mim, nunca houve pressão ao servidor Luís [Ricardo] Miranda", defendeu.
Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a Precisa é "laranja" da Global, empresa que durante a gestão de Ricardo Barros no Ministério da Saúde ficou devendo R$ 20 milhões à pasta. Dias respondeu que quando assumiu o Departamento de Logística, em janeiro de 2019, a questão estava em aberto e ele pediu uma tomada de contas especial contra a Global para que o dano fosse ressarcido. "Eu, enquanto gestor, tomei todas as ações que eu poderia. A Global foi sancionada por impedimento de licitar por três meses na gestão anterior. O que tem que ser questionado é se essa sanção foi proporcional, se foi válida ou não. Isso não me diz respeito", afirmou o ex-diretor.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA