Diálogos Amazônicos: evento tem abertura oficial com lideranças indígenas de etnias do Pará

Cerimônia reuniu povos Gavião, Caiapó, Surini ao lado de ministros e representantes de Estado

Valéria Nascimento
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O evento Diálogos Amazônicos foi aberto oficialmente, na noite desta sexta-feira (4), em Belém, com a atriz paraense Dira Paes conduzindo a apresentação de danças e música de etnias indígenas do território paraense. Um momento marcante também pelos discursos fortes das lideranças indígenas reivindicando respeito e participação na construção de políticas públicas que consolidem a sustentabilidade das florestas.

Dira chamou ao palco líderes indígenas dos povos Gavião, Uaiuais, Surini, Tupinambá, Caiapó, entre outros. Da etnia Gavião Kyikatejê, Concita Guaxipiguara Sompré fez uma fala contundente, abrindo com a afirmação “Parem de nos Matar” e silenciando o grande salão lotado do Hangar, no bairro do Marco, em Belém.

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"Não somos invisíveis, mas a sociedade não olha para nós. Estamos resistindo, mas é hora do governo construir com a gente um projeto de vida, políticas públicas que nos ajudem a sobreviver. Os povos indígenas sofrem os ataques do agronegócio, da grilagem, do garimpo ilegal, dos desmatamentos. A Amazônia, que é tão cantada por vocês, não está olhando para os filhos originários desta terra”, disse Concita Sompré, que tem graduação em licenciatura intercultural, pela Universidade do Pará (Uepa).

Cacique Raoni pediu compromisso com os recursos naturais

Aos 93 anos, o cacique Raoni Metuktire, líder indígena brasileiro da etnia caiapó, conhecido internacionalmente por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas, também participou da abertura oficial.

Raoni disse que nunca se envolveu com predadores da floresta, citando atuação predatória de garimpos ilegais. Ele afirmou que tem um bom relacionamento com o presidente Lula e quer dele a demarcação das terras que são dos indígenas que aqui sempre estiveram.

image Dira Paes na abertura do evento (Thiago Gomes / O Liberal)

Ministros e representantes dos oito países pan-amazônicos

 

Após as falas dos grupos indígenas do Pará, o evento seguiu com a composição do dispositivo de honra (mesa). Nesse segundo momento, Raoni foi convidado a permanecer no palco, onde ficou ao lado das autoridades públicas, até o fim da cerimônia.

Foram chamados o governador do Pará, Helder Barbalho; o prefeito Edmilson Rodrigues; os ministros Márcio Macedo (Secretaria geral da Presidência da República), Marina Silva (Meio Ambiente).

Também participaram os embaixadores Guillermo Rivera (Colômbia), Carlos Alberto Velastegui (Equador); Romulo Acurio (Peru), além dos senadores Randolfe Rodrigues e Beto Faro, e os ministros Jader Filho (Cidades); Anielle Franco (Igualdade Racial); Celso Sabino (Turismo) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), entre outras autoridades públicas.

O governador Helder Barbalho defendeu o olhar dos amazônidas na construção das políticas públicas. “A partir deste momento, chamamos a todos aqueles que debatem a Amazônia, que falam sobre nós, para que possam com os pés no chão nos ouvir. Ouvir as vozes do nosso povo, conhecer um povo lutador que deseja ser ouvido na construção de uma sociedade melhor e de uma região sustentável e próspera. E isso a partir da integração do maior bioma tropical do planeta, com 30 milhões de brasileiros amazônidas que aqui vivem".

Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrou ao público que há 14 anos os países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) não se reuniam para discutir questões socioambientais de seus territórios. Ela destacou a oportunidade dos debates proporcionados pelo Diálogos Amazônicos.

"É uma convocação feita pelo presidente Lula, após termos enfrentado tempos difíceis aqui no Brasil, de ameaças à nossa democracia, de ameaças às políticas públicas e a tudo aquilo que faz com que a gente possa avançar na defesa da Justiça social, na proteção do meio ambiente e dos direitos humanos” , observou.

A ministra disse que o Diálogos Amazônicos tem um quórum qualificado também, com a participação de diversos setores da sociedade brasileira para que esses segmentos possam dialogar e apresentar aos presidentes dos países pan-americanos, as reais expectativas da sociedade brasileira para os debates que eles (os presidentes) terão na Cúpula da Amazônia, nos próximos dias 8 e 9, deste mês, em Belém.

A OTCA é composta por representantes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, e é o único bloco socioambiental de países dedicados à Amazônia.

Os Diálogos Amazônicos abertos nesta sexta-feira, na capital paraense, têm representantes das comunidades tradicionais, de movimentos sociais, academias, ambientalistas, ativistas e o setor empresarial.

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