Ciro propõe 'trégua de Natal' com o PT após ser agredido em protesto

'Quando o assunto for Bolsonaro e impeachment, a gente tem que esquecer tudo e convergir para esse rasíssimo consenso', disse o pré-candidato à presidência da república

Eduardo Laviano
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Após ser xingado e agredido por militantes de esquerda e do Partido dos Trabalhadores (PT) ao discursar durante o protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, que ocorreu em São Paulo no último sábado (3), Ciro Gomes defendeu que não era hora para "temas laterais" e que ele e o PT precisam dar uma "trégua de Natal".

O termo é uma referência a um armistício informal da Primeira Guerra Mundial, em 1914, quando soldados britânicos e alemães saíram das trincheiras e em vez de tiros trocaram saudações, abraços e presentes durante a semana do Natal. Veja partes da confusão:

"Minhas diferenças com o PT são cada vez mais profundas e insuperáveis, mas o que estou propondo é para a nossa militância não dar valor a esses incidentes que são desagradáveis mas são irrelevantes na gravíssima hora para que o Brasil está pedindo de todos nós serenidade, equilíbrio e foco. Quando o assunto for Bolsonaro e impeachment, a gente tem que esquecer tudo e convergir para esse rasíssimo consenso que já não é fácil. É muito difícil. Mas a crença que é difícil ou fácil não é o que nos motiva. As manifestações foram grandes apesar de toda a descrença do nosso povo na política. Não dou a menor bola a uma bobagemzinha que aconteceu lá", disse ele sobre o ocorrido, que culminou em objetos atirados contra Ciro.

Pré-candidato do Partido Democrático Trabalhista para a eleição presidencial de 2022, Gomes tem trocado farpas com o PT desde a eleição presidencial de 2018, na qual ele terminou em terceiro lugar.

Ciro ofereceu o que chamou de "apoio crítico" ao candidato derrotado no segundo turno, o petista Fernando Haddad. Na ocasião, Gomes optou por não entrar na campanha pela eleição de Haddad e viajou para a Europa. Voltou apenas na véspera da eleição para poder, no dia seguinte, votar no petista. 

Gomes acredita que a conjuntura política não permite que a oposição ao presidente Bolsonaro se enfraqueça diante de críticas ou provocações e que, por agora, a prioridade é planejar os próximos passos. Um novo protesto já foi convocado em diversas cidades brasileira para o dia 15 de novembro, quando é comemorada a proclamação da república.

Ele disse que está feliz com as movimentações nas ruas e que contou pelo menos 21 entidades no protesto que participou, na Avenida Paulista, mas que sentiu falta dos artistas e que é importante sensibilizá-los para aderir às manifestações. 

"Nas manifestações das Diretas [Já], tinha muita confusão mas nós nunca demos bolas para as confusões porque o foco era a redemocratização do país. E acabamos possibilitando a eleição do Tancredo Neves. É com essa experiência que eu peço tranquilidade. O evento tem sua gravidade mas eu já estava prevenido e sabia que ia acontecer. Fui de peito aberto", afirmou ele.

Ciro também disse, durante entrevista coletiva no domingo (3), que o presidente Bolsonaro é uma "víbora venenosa que vai esperar a hora de dar o bote", em alusão ao discurso reiterado de Bolsonaro de que qualquer resultado diferente da vitória dele em 2022 será a prova de que o sistema eleitoral brasileiro é "fraudado". 

Ciro Gomes aproveitou ainda para agradecer a todos os apoios e manifestações de solidariedade que recebeu, inclusive da deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Ele também disse que a "terceira via" que tem sido propagada como alternativa entre o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o ano que vem, e o próprio presidente Bolsonaro, é uma realidade "impossível para o Brasil". 

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