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Ciro Gomes defende alternativa de desenvolvimento com produção e preservação ambiental

Ciro Gomes buscou reafirmar seu nome entre as candidaturas da chamada terceira via em entrevista a O Liberal

Fabrício Queiroz
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O candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT) à Presidência da República, Ciro Gomes, criticou seus adversários diretos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Inácio (PT), prometeu revogar medidas que facilitam acesso a armamentos e apresentou propostas para a região amazônica, caso seja eleito. Ciro Gomes foi o segundo sabatinado na série “Propostas para a Amazônia - Rodada de Entrevistas com os candidatos à Presidência da República”, realizada ontem pelo Grupo Liberal.

O candidato iniciou o programa respondendo à pergunta do jornalista Daniel Nardin, diretor de conteúdo de O Liberal, que questionou sobre a conciliação entre produção econômica e conservação ambiental. “Não podemos escolher entre produzir e preservar’, afirmou o presidenciável que considera que o país vive uma contradição, pois durante várias décadas incentivou a ocupação da região de forma intensiva e nos últimos anos implementou políticas ambientais mais restritivas que afetaram diretamente os migrantes e representantes dos setores produtivos locais.

Por isso que o Bolsonaro, sendo uma tragédia, acaba tendo uma prevalência porque ele é uma resposta tosca a essa grave contradição. Eu pretendo reconciliar o Brasil. Como é que eu quero fazer isso? Primeiro, estabelecer um zoneamento econômico-ecológico, que seja decidido junto com inteligência cientifica, acadêmica e com a liderança comunitária, política e dos povos da Amazônia”, disse Ciro Gomes, esclarecendo que pretende essa abordagem com base no conhecimento dos potenciais produtivos e vocações de cada região. "Eu quero descer no território e entender o território junto com o povo brasileiro", acrescentou.

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Em outro trecho da entrevista, o candidato comentou a proposta anunciada em Belém pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um Ministério dos Povos Originários, com a indicação de um representante das populações tradicionais para ocupar o cargo. "O Lula tem procurado compensar com discurso demagógico as grandes contradições do período do seu governo”, criticou Ciro Gomes que, em seguida reforçou a defesa do projeto de zoneamento econômico-ecológico. “Seria a base a partir da qual a gente poderia pacificar essa gravíssima contradição entre o que pode e o que não pode, entre produzir e preservar, em empoderar as unidades... Hoje, os principais focos de desmatamento ilegal são em unidades de conservação. Os principais conflitos que deterioram a imagem do Brasil são, por exemplo, a notícia devastadora de que duas crianças yanomami foram engolidas por uma draga ilegal de mineração ilegal", declarou ele, revelando preocupação com vulnerabilidade a que a região está exposta.

Nesse sentido, Ciro Gomes avaliou que hoje parte importante da Amazônia é território controlado por uma “holding do crime", que envolve atividades de narcotráfico, garimpo ilegal e contrabando de madeira. "É isso que nós precisamos resolver no Brasil", frisou. Por outro lado, o candidato se posicionou de forma contrária às medidas adotadas no atual governo no sentido de flexibilizar a aquisição e o porte de armas. "Claro que eu preciso entender o Brasil como ele é, vasta extensões. Um cidadão que não pode ligar pro 190 e a polícia chegar com urgência, deve ter direito de ter uma arma em casa para sua autoproteção, isso eu compreendo, isso é normal. Evidentemente, o Estado precisa fazer um esforço para garantir um ambiente de paz, de repressão ao crime, de proteção às famílias”, complementou Ciro que, no entanto, disse que quer revogar medidas que facilitaram acesso a armamentos.

“A ilusão é grave de que você, cidadão armado, vai se defender. O bandido tem o fator surpresa, então, é completamente mentiroso achar que você liberar arma vai melhorar a paz pública. Nunca aconteceu isso na história do mundo. Os americanos, por exemplo, estão discutindo isso. Eu vou revogar, vou rever todo esse estatuto. O cidadão que está distante do atendimento da polícia, na sua casa, tem direito de portar uma arma, isso não tem nenhum problema”, reforçou.

Candidato destacou estratégias de desenvolvimento sustentável para a região

Ao longo da sabatina, jornalistas de todos os oito veículos de comunicação integrantes do pool coordenado pelo Grupo Liberal puderam fazer questionamentos ao presidenciável. Participam da transmissão, profissionais do Imirante (MA); A Crítica (AM); Diário da Amazônia (RO); Gazeta do Cerrado (TO); Gazeta Digital (MT); Roraima em Tempo (RR); Gazeta do Acre (AC); e Diário do Amapá (AP).

Um dos pontos de destaque nas falas do candidato do PDT foi a necessidade aproveitar a biodiversidade em atividades produtivas para geração de emprego e renda. “A grande riqueza da Amazônia é a biodiversidade. Esse é um potencial extraordinário. E a biodiversidade só será transformada em evento econômico, em renda enriquecedora se nós fizermos o domínio biotecnológico e a extensão e difusão desse domínio na capacitação do nosso povo. Além de crédito, acesso ao mercado, marketing”, afirmou o presidenciável que também ressaltou a importância do acesso aos conhecimentos científicos produzidos pelas instituições amazônidas.

“Isso (saberes tradicionais) só vai virar um vetor econômico se houver uma parceria pesada, central de um governo que atraia grandes empresas de biotecnologia do mundo para nos dar canais de comercialização, mas precisamos nós próprios desenvolver a nossa própria biotecnologia. O essencial nós temos. O saber tradicional ou o fundão da floresta está disponível para uma inteligência bem adestrada, pesquisadores bem remunerados, bem estimulados, com os tempos necessários para que esses domínios tecnológicos possam ser estendidos a produtos, a serviços”, disse que o candidato que vislumbrou o potencial da região se diferenciar em campos como a produção de fármacos, cosméticos, alimentos e biomassa.

Outro aspecto evidenciado pelo pedetista foi a necessidade de revisão do teto de gastos como forma de ampliar os investimentos em áreas sociais, como a saúde e a educação.  “Ninguém faz almoço de graça. Eu vou ter que diminuir os impostos sobre o povo trabalhador e a classe média, os empreendedores, mas eu vou ter que dizer de onde vem o dinheiro para melhorar a saúde, a educação, a infraestrutura e fazer os investimento. Da onde? Dos supericos. Eu vou cortar 20% das renúncias fiscais, naturalmente preservar absolutamente o polo industrial de Manaus”, disse Ciro Gomes.

De acordo com o candidato, seu plano de governo inclui medidas de tributação de grandes fortunas superiores a R$ 20 milhões a uma alíquota de 0,5% e atualizar a tabela de cobrança do imposto de renda. “Eu vou radicalizar uma mudança na educação. A meta aqui planejada no orçamento, com metas é transformar a educação brasileira numa das melhores do mundo em 15 anos”, afirmou Ciro Gomes, que também estendeu a proposta à área da saúde.

As sabatinas do projeto “Propostas para a Amazônia” ocorrem até 14 de setembro. O próximo participante será Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta-feira, 8 de setembro, às 12h30, com transmissão do portal OLiberal.com, da Rádio Liberal FM e das redes sociais do Grupo Liberal. A agenda de entrevistas com os presidenciáveis segue ainda na seguinte ordem: Soraya Thronicke (União Brasil), no dia 9/9 (sexta); Jair Bolsonaro (PL), no dia 12/9 (segunda); Pablo Marçal (Pros), no dia 13/9 (terça); e Simone Tebet (MDB), no dia 14/9 (quarta).

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