MBL rompe com Tarcísio e deixa vice-liderança na Alesp
O rompimento do MBL com Tarcísio era esperado, já que o movimento pretende lançar candidatos a governador e à Presidência em 2026 pelo partido Missão em criação
O Movimento Brasil Livre (MBL) anunciou seu rompimento com o governo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Guto Zacarias (União) anunciou nesta quarta-feira, 20, sua saída da vice-liderança do governo, criticando o apoio do Executivo a projetos que ampliam privilégios do funcionalismo público.
O estopim, segundo Guto, foi o apoio ao Projeto de Lei Complementar nº 20/2025, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPESP), que abre brecha para compensações adicionais a defensores públicos por acúmulo de função. Procurado, o governo estadual não se manifestou.
“É com muita tristeza que subo ao plenário para discutir mais um projeto que vai aumentar privilégios da elite do funcionalismo público, sobretudo do Judiciário paulista. Este é o estopim para que eu deixe a vice-liderança do governo”, afirmou o deputado.
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Guto destacou que esta foi a terceira vez que levou sua insatisfação ao governador. Apesar das promessas de que medidas desse tipo não chegariam à Alesp, Tarcísio voltou a apoiar projetos que ampliam benefícios a servidores públicos.
O PLC cria 300 cargos na Defensoria Pública, com custo estimado de R$ 305 milhões até 2027. “Hoje, o principal projeto enviado pós-recesso à Casa é este, que aumenta ainda mais privilégios da elite do Judiciário. Até o PSOL teve a pachorra de apoiar”, criticou o deputado.
O rompimento do MBL com Tarcísio já era esperado, já que o movimento pretende lançar candidatos a governador e à Presidência em 2026 pelo partido Missão, em processo de criação. No início de agosto, o coordenador nacional do grupo, Renan Santos, disse ao Estadão que a aliança com o governador não fazia mais sentido, mas que o rompimento não seria imediato.
“Havia uma sinergia em prol do Estado de São Paulo, pela economia e segurança pública. Mas, desde que Tarcísio sinalizou candidatura à Presidência, ele passou a fazer acenos e melhorar as condições salariais de uma elite do Judiciário, e eu não posso fazer parte disso”, afirmou Guto na tribuna.
O MBL, crítico de Tarcísio durante o governo Bolsonaro (PL), aproximou-se do governador após a vitória dele. A indicação de Guto como vice-líder gerou desconforto no bolsonarismo, especialmente após ele criticar Bolsonaro em vídeo sobre indicações ao Supremo Tribunal Federal (STF) e veto a projeto que suspendia superpoderes do tribunal.
O vídeo, gravado durante o aumento das tarifas de importação impostas por Donald Trump ao Brasil, provocou questionamentos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre a manutenção de Guto como vice-líder: “Por que Tarcísio mantém uma pessoa do MBL, grupo que defende prisões de jornalistas e familiares?”, disse.
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