Amazônia deve investir na cadeia de fertilizantes para diminuir dependência externa, afirma Zequinha Marinho

Brasil aumentou em 11,9% a importação dos produtos em 2020, o que pode causar falta

Abilio Dantas
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A ameaça da falta de insumos para produtores agrícolas começa a mobilizar a classe política. Nesta quinta-feira (28), a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal debateu pela segunda vez a questão, que tem como causa a dependência do setor agrícola nacional dos fertilizantes estrangeiros.

Em 2020, o Brasil importou 40,6 milhões de fertilizantes, 11,9% acima de 2019, segundo dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). Por outro lado, a fabricação nacional caiu 10% e fechou em 6,4 milhões de toneladas, sendo que desse total 584 mil toneladas foram exportadas. Para o senador Zequinha Marinho, do PSC do Pará, que é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), está ocorrendo uma alta desmedida do preço dos fertilizantes em razão da dependência internacional, o que pode causar escassez.

“O glifosato, por exemplo, que é o herbicida mais utilizado nas lavouras brasileiras, acumula uma alta de 233% no preço e isso ocorre, em grande parte, pelas dificuldades logísticas impostas pela pandemia. Ainda não está faltando, mas o setor aponta que os fornecedores estrangeiros já alertam para a dificuldade de manter os contratos de exportação. Temos que evitar que isso ocorra”, declara Zequinha Marinho.

Além das audiências no Senado, o senador relata que está sendo montado um Grupo de Trabalho com a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República para fortalecer a produção local e reduzir a situação de dependência. “O país é rico nos minerais essenciais para a agricultura, a questão é que ainda investimos muito pouco nessa cadeia nacional. Além de reduzir a dependência do país, estaríamos incentivando um setor que apresenta alto potencial para a criação de empregos e renda. A região amazônica, por exemplo, pode ser um importante polo produtor desses insumos”, destaca.

O presidente da CRA, Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia, disse que os senadores estão atentos às necessidades do setor e afirmou que há uma crise global dos fertilizantes, que não será passageira. No entanto, o senador considerou também que há condições de amenizar as consequências, ao menos, para o Brasil. “É fundamental ampliar a exploração das jazidas de minérios usados nas indústrias de fertilizantes. Mais que isso, incentivar nossos empreendimentos a aumentar sua produção”, enfatizou.

Na opinião de Acir Gurgacz é necessário definir uma série de estratégias para deter o aumento dos custos de produção e o preço do alimento nos supermercados. O senador ainda salientou a dependência brasileira em relação aos fertilizantes produzidos no exterior. “O aumento é drástico a cada dia e o maior prejudicado é o povo brasileiro. Enquanto nós dependermos quase exclusivamente de outros países, esse será um grande problema para o nosso progresso”, concluiu.

O senador Espiridião Amin, que é também da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), como Zequinha Marinho, afirmou que o setor produtivo não pode ficar à mercê de soluções externas. “É o setor que carrega a parte boa dos nossos resultados comerciais, por isso, precisamos dar a ele esse suporte. Nós temos o produto natural que pode nos dar autossuficiência, mas precisamos criar condições para que o plano aconteça de fato”, defendeu.

O Ministério de Minas e Energia foi representado na audiência por Esteves Pedro Colnago, que demarcou os aspectos particulares do momento que o Brasil passa.  “A intensa e crescente dependência do país na importação de matérias primas e produtos da indústria de fertilizantes evidencia uma ameaça que poderá constranger a posição competitiva do agronegócio brasileiro”, alertou.

O presidente de uma associação de empresas do setor agrícola industrial, Christian Lohbauer, também trouxe para o debate a questão dos defensivos agrícolas. Para ele, o mundo está diante de um problema estrutural, pois “é uma agenda internacional complexa, com desafio para vários outros setores da economia. Tem a questão energética que tem efeitos sobre a produção e a transformação das matérias primas”, atentou.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) também esteve presente, representada pelo diretor técnico Reginaldo Minaré, que fez uma reflexão histórica sobre a área de insumos. Segundo ele, nos últimos 30 anos não foram registrados episódios de falta de fornecimento do produto, e reconheceu a importância dos insumos para o segmento produtivo.  “Eles representam não apenas uma peça fundamental da produção agrícola, como uma relevante planilha de custos dos agricultores”, afirmou.

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