Tatuador acusado de morte de Flávia Bezerra é julgado em Marabá
Tatuador Willian Araújo Souza é acusado pelo homicídio da ex-colega Flávia Alves Bezerra

O plenário do júri iniciou nesta manhã de quinta-feira (07) o julgamento do tatuador Willian Araújo Souza, acusado do feminicídio da tatuadora Flávia Alves Bezerra. O crime aconteceu em abril do ano passado, em Marabá. Após 11 dias desaparecida, o corpo da tatuadora foi encontrado em uma cova rasa na zona rural da cidade de Jacundá, no sudeste paraense. Willian havia trabalhado anteriormente com a vítima.
De acordo com as investigações da polícia, o casal Deidyele de Oliveira Alves e Willian Araújo Sousa foram os responsáveis pelo crime. O homicídio teria sido cometido por William. Deidyele confessou ter ajudado na ocultação do cadáver. Ela foi presa em Tucuruí.
Familiares e amigos de Flávia acompanham o julgamento. A mãe da vítima Paula Alves Carneiro contou que não descansou em busca de justiça, desde quando o corpo da filha foi encontrado.
"A família espera justiça. Muitos falam assim: 'a mãe da Flávia está na rede social porque ela quer vingança', não! A justiça não é baseada em vingança. O cara matou, ele tem que ser preso, tem que pagar. Se não tiver justiça hoje, e ele for solto, amanhã ou depois, ele pode pegar a filha de outra", afirma.
A mãe diz que o acusado ligou conversou com ela dizendo que a Flávia iria aparecer, porque estava viva. "Esse cara ligou para mim e disse 'eu deixei tua filha na Liberdade, ela vai aparecer logo'", relembra.
Flávia deixou um filho de oito anos. A avó contou que o menino era muito apegado à Flávia. Ele também estava muito ansioso com o julgamento do acusado. Após o julgamento, Paula espera poder viver o luto de uma mãe.
"Eu nunca vivi o luto. Só vou viver o luto, a partir de agora, a partir de hoje, quando ele for julgado e condenado. Aí eu vou viver o luto. Aí eu vou ter tempo de chorar pela minha filha. Todo o meu tempo foi lutando na rede social, pedindo justiça para mobilizar a população, porque quando a população chega aí enrola o meio de campo, porque fica mais difícil [para ele]", destaca.
O advogado da família de Flávia, assistente da acusação, Diego Souza, contou que espera a condenação do acusado. "Hoje o julgamento está sendo bastante esperado, principalmente pela família, porque há um pouco mais de um ano aguarda esse momento. A expectativa da família é que a justiça seja feita hoje em nome da Flávia", disse.
Souza espera apresentar os fatos para os jurados que decidirão pela condenação do réu. "A acusação espera que os fatos sejam demonstrados em plenário para os jurados, e acreditamos que a justiça será feita e que os jurados irão se convencer que o jurado cometeu esse crime bárbaro contra a Flávia", assegura.
DEFESA - A defesa de Willian, advogada Cristina Longo, espera demonstrar que não ocorreu feminicídio. "Estamos preparados. É um ano e meio em relação a esse júri. A defesa técnica está extremamente preparada. Viemos estudadas, com técnica, humildade, humanidade, para fazer uma excelente defesa técnica", destacou.
"Nós vamos poder colocar todas as situações. Tirar essa ideia de feminicídio, não há feminicídio, a defesa técnica vai esclarecer tudo certinho para que a sociedade tenha a resposta tão esperada", complementou.
CASO - Desde o desaparecimento de Flávia, a polícia empregou técnicas avançadas de investigação com o apoio de unidades especializadas, como o Núcleo de Apoio à Investigação de Marabá e Tucuruí. A investigação ganhou outros desdobramentos, após buscas em Marabá, Tucuruí e Jacundá.
A polícia aponta que, no dia do homicídio, a vítima havia encontrado com Willian casualmente no bar e ao final da festa o ex-colega teria dado carona para ela. Willian foi a última pessoa com quem Flávia foi vista com vida. As investigações apontaram que o homem foi o executor do homicídio, e posteriormente a companheira colaborou na ocultação do corpo.
Quando foi presa, Deidyele confessou a ocultação, porém não soube dizer a motivação do homicídio. Ela alega ter sido pressionada pelo companheiro para ocultar o cadáver. Já William não se pronunciou e ficou calado durante depoimento.
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