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Polícia investiga sequência de mortes de cachorros em Ananindeua

Animais morrem após vômitos e convulsões. Pelo menos quatro casos já aconteceram na mesma rua

Camila Guimarães

Uma série de mortes de cachorros tem assustado e mobilizado moradores da Cidade Nova V, em Ananindeua. Pelo menos quatro animais vieram a óbito de forma semelhante em um intervalo de tempo de aproximadamente um mês. Todos os casos aconteceram na mesma rua, a travessa We 61. As mortes foram denunciadas à Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa) do município.

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O caso mais recente aconteceu na última quarta-feira, 14, com as duas cadelas da estudante Thalita Noronha, de 29 anos, moradora do conjunto. Thalita relata o que aconteceu na noite de véspera da morte dos pets - as vira-latas Capitã, de 2 anos, e a Jade, de 10 meses:

"Na terça-feira à noite, eu abri o portão para entrar com o carro, elas fugiram por uns cinco ou dez minutos. Foi só o tempo de tirar as compras do carro. Quando eu chamei, elas voltaram. Mas, quando foi umas 2h da manhã, na quarta-feira, a Jade, mais nova, começou a uivar bem alto e a gente ouviu um estrondo no portão", relatou Thalita Noronha.

A tutora conta que, ao verificar o barulho, encontrou o animal rodando e batendo a cabeça contra o muro da residência. Ela já havia vomitado e defecado no pátio da casa: "No vômito dela era tipo comida - frango com macarrão. Bastante frango. Mas em casa ela não comia comida, era ração. Ela rodava pela casa e dava de cabeça no muro. Ela fez isso várias vezes", descreve Thalita.

Thalita diz que tentou, mas não conseguiu pegar o animal para socorrê-lo, pois a cachorra rosnava e fugia. Cerca de 20 minutos depois, a cadela morreu. Quando à cachorra mais velha, a Capitã, a situação foi semelhante, porém, mais rápida: "Por volta das 4h a Capitã também morreu, depois de vomitar e defecar. Ela começou a convulsionar, se jogando, tentando bater a cabeça no chão".

Casos semelhantes já vinham acontecendo

A primeira morte de animal na área aconteceu no dia 7 de agosto, conforme relata uma vizinha e amiga das tutoras que perderam os pets, a empresária Bruna Melo, de 31 anos:

"A moça para quem eu doei um filhote me ligou, no mês passado, desesperada, pedindo ajuda. O cachorro dela estava convulsionando e defecando. Corremos com ele para a emergência, mas, em menos de uma hora, ele veio a óbito. Depois de 15 dias, recebi a ligação da filha de um amigo, pois o cachorro dela estava convulsionando, vomitando e defecando. Ele morreu uma hora depois de darmos entrada na emergência".

Bruna relata que os dois casos aconteceram na mesma rua, também na We 61, na Cidade Nova V. As casas ficam a poucos metros umas das outras. "Gostaria de acrescentar que nem todos os animais tinham acesso à rua. Desconfiamos que o veneno seja jogado dentro da residência", comenta Bruna.

Thalita, a tutora dos animais que morreram mais recentemente, compartilha da mesma suspeita: "No caso da minha vizinha ao lado, o cachorro dela nem tinha ido para a rua. Outra vizinha que eu soube que o cachorro morreu, ele também nem saía. A gente acha que alguém jogou comida envenenada para dentro das casas e por aqui, por essas passarelas, porque até cachorro de rua já foi encontrado morto", conta Thalita.

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Mortes são investigadas

Thalita e Bruna, junto com outra moradora do local, chegaram a registrar um Boletim de Ocorrência na última quarta-feira, 14, junto à Demapa. Elas contam que uma equipe da Polícia Civil (PC) esteve na rua na quinta-feira, 15, coletando informações e materiais de análise.

"Uma das minhas cachorras foi desenterrada. A delegada da Demapa levou para fazer uma análise e, como aqui em casa tinha muito vômito, e tava com falta de água há dias, ela conseguiu levar o vômito também", conta Thalita.

Em nota, a PC informa que o caso é investigado: "Perícias foram solicitadas e diligências estão sendo feitas a fim de levantar maiores informações sobre a causa das mortes".

Como denunciar maus tratos contra animais

Ferir, deixar sem comida e sem água, abandonar, além de outras agressões, são alguns dos atos que configuram crime de maus tratos aos animais, seja cachorro, gato, pássaro, cavalos e etc, conforme a Lei 9.605/98, artigo 32.

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Atualmente, a legislação prevê pena de três meses a um ano de detenção para quem pratica os atos contra animais. A pena é aumentada de um sexto a um terço se o crime causa a morte do animal.

É importante denunciar para que os responsáveis pelos atos sejam identificados e detidos. A denúncia pode ser feita:

  • De forma presencial, indo à delegacia de polícia mais próxima para registrar a denúncia;
  • Pelo celular, ligando para o disque-denúncia 181, da Demapa (Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal);
  • Pela internet, no endereço delegaciavirtual.pa.gov.br
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