MP denuncia médico que arrastou namorada com carro por mais de um quarteirão em Belém
Segundo o Ministério Público do Pará, o automóvel empurrou a mulher por aproximadamente 244 metros
O Ministério Público do Pará (MPPA) ofereceu denúncia contra o médico Felipe Almeida Nunes, 30, na última segunda-feira (17/11), pela prática do crime de feminicídio qualificado tentado e injúria real contra a namorada, de 27 anos. O caso em questão ocorreu no dia 26 de outubro, no bairro Umarizal, em Belém, quando ele arrastou a vítima com um carro por mais de um quarteirão. Segundo o MPPA, o automóvel empurrou a mulher por aproximadamente 244 metros.
Em nota, o Ministério Público disse que, após a queda da mulher do carro, Felipe fugiu do local sem prestar qualquer socorro para ela, “deixando-a gravemente lesionada jogada no asfalto”. Para a 1ª Promotoria de Justiça de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Belém, isso demonstrou que o médico “agiu com clara intenção de ceifar a sua vida, mediante recurso que impossibilitou a defesa da ofendida”.
Sobre a formação do homem, o MP afirmou também que ele tinha plena consciência de que a conduta praticada poderia matar a vítima, ou ao menos “causar lesões gravíssimas, estando devidamente caracterizado o dolo do agressor”.
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“Somado a isso, destacou-se que a autoria e materialidade do crime em questão estão devidamente comprovadas através dos elementos colhidos no Inquérito Policial, sobretudo o depoimento da vítima, de testemunhas oculares, o laudo de exame de corpo de delito e as imagens de câmeras de monitoramento, as quais revelaram inequivocamente que a vítima foi arrastada em alta velocidade pelo acusado”, disse o Ministério Público na nota enviada à Redação Integrada de O Liberal.
O MPPA destacou que as lesões causadas na companheira de Felipe foram gravíssimas, incluindo deformidades permanentes, diversas escoriações, múltiplas fraturas dentárias e, inclusive, perda de dentes, lesões que se revelam absolutamente compatíveis com o delito de feminicídio tentado.
“Na peça acusatória, a Promotora de Justiça destacou que as imagens de monitoramento flagraram as lesões autoinflingidas pelo acusado, o qual tentou atribuir à vítima a autoria de ‘múltiplos socos’, em uma clara tentativa de furtar-se da lei”, concluiu o MP.
A reportagem tenta contato com a defesa do médico para obter um posicionamento sobre o caso. O espaço segue aberto.
Posicionamento do CRM-PA
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) divulgou uma nota à imprensa para esclarecer que não realiza a investigação sobre o caso por ter ocorrido fora do ambiente de atendimento médico. Além disso, nas redes sociais foi compartilhado que o suspeito seria psiquiatra. Porém, o CRM esclareceu que o médico não tem registro na área.
“O médico em questão praticou crime comum e não se encontrava, no momento do fato, realizando qualquer ato médico. Ressaltamos que a atuação do CRM-PA restringe-se à análise e julgamento de condutas médicas praticadas no exercício da profissão, ou seja, durante o ato médico. Todo e qualquer ato que não envolva ato médico deve ser apurado pelas esferas competentes para tanto, seja a criminal ou a cível. Por fim, informamos que o referido médico não possui registro como psiquiatra, conforme pode ser verificado no site deste Regional”, diz a nota completa.
O caso
As imagens mostram o casal discutindo no meio da rua. Antes de irem para o automóvel, é possível ver a vítima, de vestido vermelho, sendo perseguida pelo suspeito até que ele a empurra, fazendo com que ela caia no chão. Nesse momento, um outro veículo passa pelo local, durante a confusão, mas o condutor não intervém. De outros ângulos, já às 4h46 do dia 26 do mês passado, é possível ver o carro arrastando a vítima pela via.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito desferiu golpes contra a vítima, que, em determinado momento, retornou ao veículo para buscar seus pertences. As autoridades disseram que o homem arrancou com o carro, arrastando-a por cerca de 250 metros de distância.
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