Existe cachorro e gato gay? Especialistas divergem sobre o assunto polêmico entre tutores de pets

Você já parou para pensar se existem animais gays ou se a orientação sexual diversa só pertence ao mundo humano? Nos últimos tempos, o comportamento dos animais têm chamado atenção de seus tutores no que diz respeito a relação com outros iguais. Muitos questionam se é possível uma forte afinidade afetiva entre eles ou se podem, de fato, viver relações homossexuais assim como os humanos. O fato é que este comportamento é motivo de diversas pesquisas e reflexões.

Animais homossexuais existem? Cachorros e gatos podem ser gays? 

Para a médica veterinária Marcela Bernal, a explicação está relacionada a questões hormonais e que a homossexualidade não existe.

“Os animais não entendem o que é homossexualidade. Eles podem se dar carinho por questão de afinidade, mas não entendem, não sabem distinguir gênero. Para eles, a relação é reprodutiva, é entrar ou não no cio, é copular pela presença de hormônios em seus organismos, nada além disso”, explica a veterinária.    

Diferente do que pensa Bernal, o pesquisador Bruce Bagemihl, um biólogo canadense divulgou uma pesquisa em 1999 que já defendia a tese da homossexualidade no reino animal. Em sua pesquisa, o biólogo relata que este tipo de relação foi identificada em mais de 1500 espécies diferentes. 

Em seu trabalho, o biólogo defende que não é só a homossexualidade que se faz presente no reino animal, mas a bissexualidade.  Ele relata que há fêmeas que se relacionam com fêmeas, e machos que escolhem se relacionar com machos, não só apenas pela questão reprodutiva das espécies, mas por puro prazer.

Histórias inusitadas de pets gays

Para a estudante Laura Silva, esta afinidade entre os animais é mais do que uma simples dose de hormônio. “Eu acredito que esta relação exista. Tenho dois gatos que vivem grudados. Eles são machos e não se desgrudam. Eu já tinha me questionado e conversado com amigos se eles poderiam ser homossexuais, se poderiam gostar de fato um do outro. Eles vivem juntos, comem, dormem, vivem se lambendo e às vezes sobem um no outro como se fossem copular. Acho até engraçado, pois tenho uma fêmea e eles não fazem a mesma coisa com ela”, conta. 

A tutora de uma cadela, que preferiu não se identificar, contou uma história inusitada e um tanto triste. Há três meses, ela adotou a cachorrinha que foi doada por sua ex-tutora porque esta possuía um comportamento taxado como "estranho" e não aceitava que cães machos se aproximassem. 

A chihuahua não se adaptou a convivência e cruza com os machos do canil (Oliberal.com)

“A cachorrinha não atendeu a expectativa pois não gostava de cruzar, não gostava de machos. Quando ela chegou na minha casa, o carinho e o cio dela foram destinados para minha outra cadela). Ela sempre subia em outras fêmeas. Sempre teve chamego com outras cadelas. Essa atitude sempre chamou a atenção”, contou.     

Comportamento em outras espécies. O quê eles têm para nos ensinar?      

Em 2017, funcionários de um zoológico de Amsterdã, na Holanda, abriram uma discussão sobre a homossexualidade entre os animais quando um casal de abutres machos que estavam convivendo juntos há muito tempo construíram um ninho para o acasalamento. Como eram machos, não puderam gerar e botar ovos, então, eles chocaram um ovo abandonado e cuidaram do filhote após o nascimento. 

Na ocasião, a adoção gerou comoção e curiosidade quanto a relação entre as aves.  Estudos observam que a existência de animais homossexuais nos ajudam a aceitar que tal comportamento, também é natural dos seres humanos. Diante disso podemos nos questionar: se os animais vivem sem preconceito e não julgam um ao outro, por que motivo os seres humanos são tão preconceituosos  a ponto de se tornarem irracionais?