‘Tupinambá’: filhote fêmea de peixe-boi é resgatada em Melgaço, no Marajó

A fêmea foi encontrada orfã por um casal. A espécie é um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados do Brasil

Gabriel Pires
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Uma fêmea de filhote de peixe-boi, batizada de “Tupinambá”, foi encontrada no último dia 1º de janeiro por uma família de ribeirinhos do município de Melgaço, no arquipélago do Marajó. O animal foi resgatado por uma força-tarefa convocada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). A fêmea foi encontrada orfã e a espécie é um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados do Brasil, segundo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A filhote de mamífero foi encontrada pelo casal Adanilton Silva, 28 anos, pintor, e Patrícia Silveira, 28 anos, agente comunitária de saúde. Eles salvaram o animal na Baía de Melgaço. O mamífero ficou alimentado e protegido dentro da propriedade particular do casal. Também participaram da operação a Prefeitura, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a organização não governamental (ONG) Instituto Bicho D´água (IBD).

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Quem de logo avistou a filhote sozinha, ferida e enfrentando dificuldades foi o pai de Patrícia e sogro de Adanilton, o caseiro Edilson Silveira, 47 anos. “O que a gente sabe é que, na região, é comum matarem peixe-boi pra comer, daí nós deduzimos que a mãe tenha sido capturada e o bebê tenha ficado perdido”, disse Patrícia. 

Acompanhamento

A situação do filhote vem sendo acompanhada por especialistas das entidades envolvidas, de forma presencial e remota. A equipe avalia condições de cativeiro, como qualidade da água e estado clínico — características de comportamento e fezes. A dieta também vem sendo prescrita com formulação especial, com leite de soja, suplementos e medicamentos manejados a partir de uma mamadeira com bico adaptado. 

Cuidados

A engenheira de pesca do escritório regional da Emater no Marajó, Cleide Marques, mestra em Biologia Ambiental, acompanhará a comitiva de transporte da Tupinambá da moradia da família Silveira-Silva até a estação científica que o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) mantém na Floresta Nacional de Caxiuanã, entre os rios Anapu e Xingu. A proposta é que o animal permaneça lá sob os cuidados parceiros do ICMBio e mais apoio do IBD. 

Nesta sexta-feira (6), a peixe-boi será transportada para a base federal de Caxiuanã, no mesmo município, o animal será transportado de voadeira, em um percurso aproximado de três horas, supervisionado por Marques e mais sete profissionais do ICMBio e do Instituto Bicho D’Água, incluindo biólogos e veterinários. O animal contará com hidratação, nutrição e monitoramento dos sinais vitais, além de treinamento e observação contínua da filhote, ao longo do fim de semana. 

Por que a filhote foi batizada de “Tupinambá”?

O nome “Tubinambá” (em tupi tubub-aba, “descendente”) foi escolhido pelos ribeirinhos por ocasião de uma lenda local. Pela oralidade ancestral, nas noites de luar uma cobra grande chamada “Tupinambá” aparece em um igarapé adjacente ao Balneário do Prefeito, nas imediações da Estrada do Moconha, em Melgaço. O objetivo é proteger a natureza. A distância até a sede de Melgaço consiste em torno de um quilômetro. 

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