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TDAH: saiba o que é o transtorno, como identificar os sintomas e o tratamento

Neste Dia Mundial do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), saiba mais sobre a condição, que não é exclusiva apenas em crianças; 11,3% das pessoas acima de 18 anos possuem o diagnóstico

Camila Azevedo

O dia 13 de julho é marcado como o Dia Mundial do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), data utilizada para conscientizar sobre a condição que afeta 18,9% da população do Brasil, entre crianças, jovens e adultos. Os dados são da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e revelam a necessidade de maior sensibilidade quanto ao tema, que atinge as áreas de atenção e funções executivas da pessoa, sendo preciso o desenvolvimento de métodos para diminuir os efeitos, como atividades físicas.

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O TDAH passou a ser considerado um transtorno em 1992, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). As causas são genéticas e é caracterizado com uma tríade de sintomas envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade, interferindo na qualidade de vida. Estes fatores têm ligação direta com as áreas sociais, dificuldades em controlar as emoções, problemas nos relacionamentos e no âmbito profissional. 

Quando identificar o TDAH?

O transtorno é, geralmente, identificado na primeira infância. A Conitec relata que 7,6% das crianças de 6 a 17 anos do país e 11,3% das pessoas acima de 18 anos sejam diagnosticadas com TDAH. Por se tratar de um problema de neurodesenvolvimento, os primeiros sinais surgem quando as responsabilidades e independência vão se tornando maiores. É no meio escolar e através de profissionais capacitados que os sintomas acendem um alerta para a família investigar a falta constante de foco ou com o comprometimento, além da agitação motora e, muitas vezes, ansiedade.

A família deve estar envolvida durante o processo de reabilitação, junto com uma equipe multidisciplinar. A psicóloga comportamental Jacqueline Guimarães explica que o tratamento inclui estratégias comportamentais e ocupacionais. “A pessoa deve ter acompanhamento psicoterápico feito por um psicólogo especializado, por um médico neurologista ou psiquiatra, e de acordo com as necessidades encontradas em cada caso, pode envolver o acompanhamento de pedagogo, terapeuta ocupacional, educador físico e outros profissionais”, afirma a especialista.

Adultos podem ter TDAH?

O TDAH não é específico apenas para crianças. No geral, a associação é feita devido a falta de estudos e serviços preparados para entender as pessoas há um tempo atrás, resultando em uma subnotificação. Jacqueline aponta que, junto a isso, a conscientização e leis vigentes no país ajudam a potencializar o amparo a quem é atingido. ”Muitas pessoas chegavam à vida adulta sem saber que tinham o transtorno, porém haviam passado muitas dificuldades na infância, como bullying, reprovação, evasão escolar, depressão e ansiedade”, destaca.

O estudante Livio Torres descobriu o TDAH aos 30 anos. Ele estranhou a agitação constante que vinha sentindo e procurou ajuda com uma terapeuta. Após vários testes, veio a confirmação. Desde a infância, porém, já era possível observar algo diferente, principalmente no aprendizado. Com a deficiência de conhecimento sobre o assunto, ele passou a ser taxado durante as atividades que fazia, gerando situações desagradáveis. “Eu mudava de escola porque eu era desatento, o professor não sabia lidar, minha família não sabia lidar. Até hoje tem algumas situações assim, pessoas falando, vez ou outra, que preciso me esforçar mais. Só que é uma coisa totalmente inerente à minha vontade”, diz. 

Com o passar do tempo e um entendimento mais amplo sobre o que era o TDAH e os efeitos na rotina, Livio começou a aprender técnicas que o ajudam a se concentrar. Atividades físicas, exercícios ao ar livre e a academia foram as táticas encontradas. “Tinham algumas coisas que, mesmo eu não sabendo, já entendia que conseguia prestar atenção melhor, como quando to agitado ou caminhando. Para que eu possa aprender algo com alguém, essa pessoa precisa estar falando comigo. É o melhor método. Se eu sentar para ler alguma coisa, é um tormento”, conta. 

Primeiros sintomas

Os primeiros sintomas podem ser observados quando a criança começa a interagir com pares, período que geralmente coincide com o início da vida escolar. Sintomas evidenciados: desatenção, atividade motora aumentada, pouca persistência em atividades lúdicas e sociais, inquietude e impulsividade (como dificuldade de esperar sua vez, não esperar o outro terminar a pergunta é já responder).

Consequências da falta de tratamento adequado

A psicóloga lista que os efeitos para a falta de tratamento são variados e dependem da fase em que se encontra a pessoa. “Existem associações a desempenho acadêmico reduzido, rejeição social e possibilidade de desenvolvimento de transtorno de conduta na adolescência, transtorno da personalidade antissocial na idade adulta e alto risco de transtorno por uso de substâncias. Nos adultos, observa-se desempenhos bem inferiores no campo profissional, altos níveis de conflitos interpessoais. Em sua forma grave o transtorno não tratado é marcadamente prejudicial, afetando a adaptação social, familiar e escolar/ profissional”, finaliza. 

Pará